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Amar amando

A autora fala sobre diferentes fases do amor. Confira!

Uma ótima notícia para quem ama as crônicas da Annie Müller na tt: agora a gente vai publicá-las por aqui! 🙂 Confira o texto que saiu na edição de JUNHO da revista:

Casal

Foto: Shutterstock / Getty Images

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Eu tinha 14 anos quando comecei um namoro pela internet. Aquela coisa: conversávamos até a noite virar dia, as afinidades escapando ligeiro, como acontece quando elas existem. Ríamos sem nos ver, nos abraçávamos sem nos tocar. O paulista lá, a gaúcha aqui, e seis meses se passaram. Um dia, recebi uma carta pelo correio. E cheirosa! O garoto me enviou seu perfume, para eu senti-lo de perto. Morri. Acreditava que o namoro virtual sobreviveria.

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A segunda experiência com o amor temperado pelo tempo longe aconteceu com o meu recém-intitulado marido. Durante seis meses, namorei virtualmente. E incontáveis ligações via Skype quase não foram suficientes. Nos alertaram: isso não vai dar certo, por que não viajarem juntos, se gostam de estar juntos?
Boa pergunta. Engatando um namoro depois do outro desde os 14 anos, eu queria um espaço pra mim, para me reconhecer enquanto pessoa. Coisa de mulher, lógico. Os homens, muitas vezes, são uns santos. O meu foi, especialmente quando voou 16 mil quilômetros e chegou antes que fosse tarde. Aquele e-mail recebido numa manhã chuvosa tinha em anexo a passagem Sidney – Londres, e foi o começo da salvação – os capítulos seguintes foram sendo escritos, bem coladinho, como nos aconselharam.

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Hoje, entendo a mudança que o passar das horas provoca em dois corações distantes. Uma semana vira saudade; alguns meses viram costume.
Uma das poucas certezas da vida é que a gente se acostuma com tudo. O hábito ruim pode levar à destruição, o saudável a mais saúde. Da mesma forma, quando nos acostumamos em não ter o amor perto, alguma coisa está errada. É mandatório sentir falta, ou a ausência do outro já não é tão importante.
A boa notícia é que faz sentido sofrer de saudade. Só precisa ser mais longa do que sete dias, tá? Senão, ninguém a aguentaria tão manhosa.

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Caetano, querido da voz doce, já cantou: “quando a gente ama, é claro que a gente cuida”.
Arrisco usar uma redundância para sugerir tudo que o amor precisa: amar amando. O gerúndio explica, o amor não é uma edificação inabalável. O amor entre dois apaixonados é um estado. Para permanecer, só cuidando, amando todo dia, surpreendendo volta e meia. É dedicação quando se está cansado, empatia nas fases às avessas, e, o principal, é doar a mais valiosa forma de amar: sua presença. Amar amando pode ser simplificado em estar presente. De corpo e de pensamento. Um mais o outro e marcamos Gol (com estreia de Copa do Mundo, não poderia usar outra metáfora).

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Cuidados com a distância à parte, o resto todo a gente encara. Basta o coração palpitar no mesmo ritmo e beeem pertinho.

Um beijo,
Annie.

Annie Müller Comunique-se com a Annie nas redes sociais: @anniepmuller.

Conheça os livros da autora e nossa colunista da revista tt acessando o site www.anniemuller.com e www.aturmadomeet.com.br.

Compre os livros online em www.livrariacultura.com.br e www.saraiva.com.br.

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