Em 2021, duas mulheres concorrem ao Oscar de melhor direção, Chloé Zhao, por “Nomadland”, e Emerald Fennel, diretora de filme “Bela Vingança”. Além disso, “Judas e o Messias Negro”, “A Voz Suprema do Blues”, “Minari”, “Estados Unidos x Billie Holiday” e “Uma Noite em Miami…” são algumas das produções indicadas que elevaram a representatividade presente nesta edição do evento. Trata-se de um marco para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que já organizou cerimônias sem indicações a profissionais negros ou mulheres na categoria de direção.
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Além da falta de pluralidade em sua história, o Oscar é popularmente conhecido como uma cerimônia elitista, que não costuma premiar obras fora da indústria norte-americana, sem abertura para indicações de séries ou produções lançadas exclusivamente em streamings. Entretanto, as mudanças têm se tornado obrigatórias para a permanência do evento, que nos últimos anos não só prestigiou produções sul-coreanas como também abriu brecha para streamings que obedeçam à norma mínima de tempo de exibição de filmes em cinemas selecionados. Para completar, apesar de não haver a intenção de seguir com o modelo após a pandemia, durante o atual período de isolamento social a Academia liberou a inscrição de produções que não chegaram a serem exibidas em cinemas.
Entre diversas polêmicas de retrocesso e vitórias para a pluralidade dentro da história cinematográfica, o fato é que a indicação e conquista de uma estatueta de 33 cm em meio a uma cerimônia de cerca de três horas ainda é relevante, mesmo em um período de decadência dos cinemas e alta da produção de séries on demand. Afinal, desde 1929, o Oscar eleva a popularidade de filmes e profissionais do cinema, tornando os lucros ainda mais elevados na indústria.
Para mostrar a evolução e grandes controvérsias da história do Oscar, a todateen separou uma série de marcos na história da premiação, e consequentemente, do cinema.
Primeiro protesto
Em 1936, Dudley Nichols se recusou a receber a estatueta de Melhor Roteiro por seu trabalho no filme “O Denunciante”. Na época, o o Sindicato dos Escritores estava em greve contra a indústria cinematográfica.e
1° Oscar para uma mulher negra enfrenta racismo
A primeira mulher negra a vencer um Oscar recebeu seu prêmio em 1940, mas, a cerimônia obedecia à segregação racista do período, não permitindo que a intérprete de Mammy, uma mulher escrava em “E O Vento Levou…”, pudesse sentar na frente do palco. Em seu discurso de vitória, Hattie McDaniel disse: “Espero sempre ser reconhecida pela minha raça e pela indústria do cinema”.
Sidney Poitier
Só depois de 24 anos após a vitória de McDaniel outra pessoa negra conquistou uma estatueta. Tratava-se de Sidney Poitier, pelo trabalho em “Uma Voz nas Sombras”. O Oscar de 1964 foi o primeiro com a vitória de um homem negro, que marcou a história cinematográfica no filme “A Patch of Blue”, quando beijou a atriz branca Elizabeth Hartman.
Whoopi Goldberg
E então, após 51 anos após a vitória de Hattie, Whoopi Goldberg foi a segunda mulher negra consagrada pelo Oscar, após sua atuação no popular filme “Ghost”.
Poderoso chefão recusa Oscar
“O Poderoso Chefão” recebeu 11 indicações e levou três estatuetas para casa: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Filme e Melhor Ator para Marlon Brando. Entretanto, o ator não só recusou seu prêmio como mandou em seu lugar na cerimônia a ativista dos direitos dos indígenas Sachee Littlefeather. Em seu discurso, ela explicou que o ator apoiava a luta dos povos nativos dos Estados Unidos contra a representação que lhes era dada nos cinemas.
#OscarSoWhite
A falta de diversidade no Oscar de 2016 incomodou diversos profissionais da indústria cinematográfica, e no período, a campanha #OscarSoWhite ganhou as redes. Em apoio à causa, o apresentador da edição, Chris Rock, humorista famoso pela série inspirada em sua vida, “Todo Mundo Odeia O Chris”, fez um discurso de abertura marcante: “Se eles indicassem o apresentador também, eu não teria esse emprego. Vocês todos estariam assistindo o Neil Patrick Harris agora”.
Violência sexual em pauta
Em 2017, Brie Larson ficou responsável por entregar o prêmio de Melhor Ator. A artista, popularmente conhecida pelo papel de Capitã Marvel, havia interpretado uma personagem que sofreu violência sexual no longa “O Quarto de Jack”. O prêmio deveria ser entregue para Casey Affleck pelo papel em “Manchester à beira-mar”. No período já se sabia sobre as acusações do ator como réu em dois casos de agressão sexual de duas mulheres. Brie Larson não conseguiu esconder o desconforto em anunciar o vencedor da estatueta.
O prêmio não foi de La La Land!
Warren Beatty ficou responsável por anunciar o filme vencedor na categoria de maior destaque de 2017. Entretanto, entregaram para ela o envelope de Melhor Atriz, que foi Emma Stone por “La La Land”. Em meio à celebração de todo o elenco, anunciou-se o verdadeiro vencedor, “Moonlight”. O filme chamou a atenção de todos por tratar com tanta sensibilidade a jornada de um garoto negro em sua jornada de autoconhecimento.
“Parabéns a esses homens”
Disse a atriz Issa Rae, ao anunciar os indicados na categoria de direção do Oscar de 2019. A fala da artista não foi isolada, já que em mais um ano sem indicações às mulheres diretoras, a cerimônia não levou em consideração o aumento da presença feminina na direção de filmes com maior bilheteria naquele ano. Várias pessoas demonstraram indignação, como a atriz Natalie Portman, que foi ao Oscar com uma roupa trazendo os nomes de todas as diretoras esnobadas naquele ano.
Streamings e “Roma”
Apesar de a vitória do Oscar 2019 ter sido do polêmico filme “Green Book”, os streamings marcaram presença nesta edição da premiação, principalmente a Netflix com o filme “Roma”, o qual colocou a atriz mexicana Yalitza Aparicio em destaque.
Sul-coreano leva prêmio de Melhor Filme
Apesar de também ter ganhado como Melhor Filme Estrangeiro em 2020, o longa sul coreano “Parasita” dirigido Bong Joon-ho também foi prestigiado com a estatueta de Melhor Filme. Essa foi a primeira vez que um filme não norte-americano ganhou na categoria.
2021, será que vem aí?
Depois de tantas críticas sobre representatividade, a 93ª edição do evento está repleta de indicações a profissionais negros da indústria cinematográfica. A presença de mulheres na categoria de direção também é um marco que pode ser ainda mais potente caso a estatueta seja de Chloé Zhao. Em quase um século de cerimônia, apenas sete diretoras foram indicadas nesta categoria e só uma levou a estatueta para casa. A diretora de “Nomadland” pode ser a segunda mulher da história a vencer, bem como a primeira mulher chinesa à ganhar o prêmio norte-americano.