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Bienal da Quebrada: conheça o projeto que busca levar livros para pessoas de todo o país

Você já reparou que a maioria dos eventos literários são feitos em São Paulo ou no Rio de Janeiro? A Bienal do Livro, a Flipop e a Flip, que são os mais conhecidos, ocorrem nesses lugares com frequência, mas o resto do país acaba não podendo participar tão ativamente desses momentos.

Mateus Santana, publicitário, percebeu isso e resolveu fazer algo para mudar. Ele é o idealizador do projeto “Bienal da Quebrada”, e bateu um papo com a todateen para explicar mais sobre essa ideia que busca democratizar a literatura.

Para ele, o livro é um item de necessidade básica, já que a leitura abre uma porta gigantesca de conhecimento, experiência e aprendizado. Foi através da leitura, inclusive, que ele conta que sentiu vontade de fazer faculdade e entender mais sobre questões sociais.

A gente tem uma realidade que vem desde 1964 até os dias de hoje, em que basicamente, 90% dos livros publicados são de homens brancos de classe média, do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Esse é um dado da pesquisa de Estudos Literários da UNB. Então, consequentemente, os eventos literários vão ter essa mesma lógica. A maioria das pessoas que estão na mesa são homens brancos“, contou Mateus.

E o publicitário explicou que, normalmente, quando os eventos ocorrem, são em regiões centrais da cidade, que dificultam o acesso e ainda causam uma sensação de não pertencimento a quem é da periferia.

Por esse descontentamento, sempre quis criar uma bienal nas periferias e favelas, mas com a nossa linguagem, onde a maioria dos autores também viessem desses territórios. Então, ano passado eu publiquei no Twitter minha ideia e deu muita repercussão. Aí vi que talvez fosse possível. Eu tinha esse intuito mesmo de ser um evento literário, nos moldes das bienais tradicionais, só que com nossa linguagem“, explicou.

Porém, a ideia original, que era fazer um evento tão grande quanto os tradicionais, teve que ser adiada. Para conseguir isso, é necessário muito dinheiro, além de ter que lidar com diversas questões burocráticas que acabaram dificultando o projeto. Mas isso não significa que Mateus desistiu. Ele resolveu alterar a maneira de ajudar, ainda focando nos livros e na literatura.

Tive a ideia de criar um projeto de arrecadação e doação de livros para outras iniciativas e outras pessoas que tivessem o mesmo foco que a gente, que era democratizar o acesso à leitura e à literatura nas periferias e favelas do país. Esse projeto de arrecadação deu muito certo, hoje a gente já conseguiu arrecadar bem mais de 10 mil livros e o projeto fez um ano no mês passado”, contou ele. “Acredito que a gente tenha feito a diferença, porque doamos livros pra caramba. E já ouvi relatos, por exemplo, de crianças que gostavam de ler mas não tinham nenhum livro“.

mas e o evento, ainda vai rolar?

Mateus conta que seu desejo é que a Bienal aconteça de verdade, em um grande evento. E ele já tem planos: “Quando lancei o projeto, vi muita gente comentando que nunca teve um evento literário na cidade. Então, gente queria quebrar essa lógica do eixo Rio-São Paulo e fazer o evento em outros lugares, até porque seria itinerante. Assim, cada edição aconteceria em um lugar, e o primeiro que tínhamos pensado seria no Nordeste.

e como a gente pode ajudar?

Como ainda não existe um local específico que possa ser a sede da Bienal da Quebrada, Mateus e os parceiros contam com 3 frentes de ajuda: doação de livros, ajuda financeira e o trabalho voluntário. E, apesar de algumas dessas áreas estarem paradas por conta da pandemia, quando tudo voltar ao normal, o projeto vai seguir com força total.

Esse ano a gente já estava com 3 bibliotecas para abrir, mas infelizmente por conta da pandemia tivemos que suspender. Mas isso só demonstra que, além de ter um evento literário, queremos democratizar o acesso à literatura toda, através de varias ações. Queremos ser uma ponte“, finaliza ele.

Nas redes sociais, o projeto ganhou grande visibilidade recentemente, depois de até Felipe Neto ajudar na divulgação;

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