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Chega de Gordofobia: o corpo gordo não é doente!

Chega de Gordofobia: o corpo gordo não é doente!
Chega de Gordofobia: o corpo gordo não é doente!

De acordo a OMS, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Dessa forma, diversas coisas que escutamos por boa parte da vida – como, “os gordos não são saudáveis” – não são totalmente verdade.

Sabemos que o preconceito e a falta de inclusão não são novidades para pessoas gordas, no entanto, como sociedade, para sairmos desse ciclo e desmentirmos o senso comum, precisamos falar sobre o assunto e dar visibilidade à questão.

“A gordofobia está presente nas conversas, nas ‘piadas’, no constrangimento à que a pessoa é exposta,  e na discriminação. É evidente que a doença obesidade deve ser tratada pois pode acarretar uma série de complicações, mas cada caso é um caso, por isso a importância do olhar individual e da avaliação de cada pessoa”, explica a nutricionista Leila Fernandez

“O peso não é sinônimo de doença, da mesma forma que magreza não é sinônimo de saúde”

A especialista ainda explica que, independentemente, do peso, é necessário analisar todo um contexto, que envolve alimentação balanceada e atividades físicas, para assim entender os parâmetros bioquímicos.

“A informação, orientação, o conhecimento, são os instrumentos para esclarecer e findar com preconceito. Os veículos de comunicação, a indústria da beleza tem papel significativo neste contexto”, disse Leila, que enfatiza a necessidade de a sociedade e profissionais da área da saúde falarem mais do tema.

O moderno século XXI, com a era das redes sociais, vêm exercendo ainda mais cobranças em relação à aparência. Ao vender fotos que não são reais, os padrões de beleza se tornam inalcançáveis.

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“Os recursos tecnológicos que podem tratar a imagem, contribuem para essa “falsa realidade”, contribuindo para um cenário de pessoas infelizes e frustradas com seu corpo”, explica a nutricionista.

corpo livre

Neste cenário, na luta contra a gordofobia, entra o Movimento Corpo Livre e os perfis de body positive, isto é, aqueles que buscam conscientizar sobre atitudes gordofóbicas presentes na sociedade, enfatizando e trazendo representatividade para pessoas gordas. A jornalista Raquel Brandão é uma dessas influenciadoras.

 

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Uma publicação compartilhada por Raquel Brandão (@raquel_brandao) em

“As insatisfações com meu corpo começaram aos 10, 11 anos. Foi muito mais por comentários de familiares e até mesmo meu pais, mas sempre de forma sutil”, relembra Raquel. “Se eu falar que fui uma criança gorda, seria desleal, pois não era. Estava só fora do padrão! No início da adolescência comecei a engordar e aí comecei a me pressionar para entrar em dietas e emagrecer”.

A jornalista ainda conta que seus maiores traumas em relação ao corpo aconteceram na adolescência. “Acho que é a pior fase para mulheres gordas ou fora do padrão. Tinha a questão dos apelidos, de meninos quererem ficar escondido. Mas na minha época não existiam essas pautas que existem atualmente, né?”, questiona. Ainda assim, Raquel enfatiza todos os seus privilégios. “Sou gorda menor, branca, hetero, cisgênero, sem deficiência… Ter esses privilégios me traz menos obstáculos”, afirma.

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No entanto, com a ajuda de suas amigas e do feminismo, foi apenas na idade adulta que Raquel começou seu processo de aceitação.

“Todas nós entramos nesse processo de autoconhecimento ao mesmo tempo e uma das minhas melhores amigas é a Alexandra, do @alexandrismos. A gente trabalhava juntas e ela resolveu criar um canal no Youtube. Na época [em 2015], nunca tínhamos ouvido falar sobre gordofobia, inclusive, até um pouco antes dela investir na internet, combinávamos de fazer dieta juntas”, brinca.

“A partir daí, comecei a ampliar meu olhar e decidi que não queria mais maltratar o meu físico e minha saúde mental com dietas restritivas e outras loucuras na busca de um corpo ‘perfeito’. Que não existe, né?”, disse, contando que começou a se olhar com mais carinho.

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“Não é um processo fácil, não é rápido e cada uma tem o seu. É pessoal e intransferível! E a gnt lida com muitas dores, mas também vem mto aprendizado e é incrível poder entender que é possível se enxergar de outra maneira que não seja negativa, já que foi isso que nos ensinaram a vida toda, né?”

Raquel também analisa que a gordofobia vai além do discurso da autoestima. “É claro que incentivar o amor-próprio ajuda na saúde mental de muitas mulheres – e isso é mto bom – mas a gordofobia estrutural é cruel.”, afirma.

“A gordofobia traz a falta de acessibilidade, direitos básicos negados – como caber em roupas, acessos aos transportes públicos, oportunidades de emprego negadas, atendimento médico digno… Se amar é um processo individual e importante, mas não muda estruturas. É preciso repensar as políticas públicas para pessoas gordas”

A jornalista também argumenta que os corpos gordos ainda são associados à doenças, desleixo e falta de preocupação com a saúde, por conta de um estigma social criado para marginalizar corpos que nunca foram socialmente vistos como belos.

“Como você consegue definir se uma pessoa é saudável ou não apenas se baseando pela aparência dela? Isso é só uma desculpa para maquiar o preconceito. Pessoas magras e gordas podem ter problemas de saúde. Mas uma pessoa magra nunca é questionada, porque ela já está no padrão que é imposto pela nossa sociedade”, explica.

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“Quando me questionam sobre minha saúde sempre tento devolver com a pergunta: quantas pessoas magras você conhece que são sedentárias, que não comem alimentos saudáveis, que amam comer alimentos que não possuem uma qualidade nutricional boa? Deve conhecer um monte, né? Em algum momento você se questiona sobre a saúde daquela pessoa? Não, né? Porque na verdade não é sobre saúde, o que te incomoda é a aparência”, rebate.

Como comunicadora, a jornalista diz que as mídias tradicionais ainda estão muito atrasadas nos debates sobre luta de minorias.

“Acho que toda a evolução que tivemos foi proporcionada pela internet e acabou impactando em outros meios de comunicação que ainda insistem em reforçar estereótipos e discursos opressores.”, reflete. “Ainda há um longo caminho a ser percorrido!”.

como começar um processo de autoaceitação?

“Sempre que uma seguidora me pergunta isso, me pego sem uma resposta certeira, porque acho que não tem”, revela Raquel. “O que me ajudou foi me descobrir feminista, conhecer a luta contra a gordofobia, terapia, minhas amigas e, obviamente, buscar referências de mulheres que me inspirassem”, disse ela, que enfatizou a importância de seguir referências mais representativas e diversas. “Somos plurais e não podemos reduzir a nossa existência na nossa aparência. E com certeza, a intenet foi uma grande aliada!”, falou.

A nutricionista Leila também afirma que, o primeiro passo para encontrar um estilo de vida que seja saudável para corpo e mente, longe dos padrões inalcançáveis, é valorizando as nossas diferenças e “imperfeições”.

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“Esse processo exige autoconhecimento. Para alcançá-lo a psicoterapia, yoga e meditação são ótimos recursos, pois nos ajudam a encontrar respostas”, explica a profissional. “Se ainda é influenciado pelas redes sociais, desconecte-se delas. Cada qual terá que verificar como se sente, qual o impacto na sua vida, na sua relação consigo mesmo”.

Nossas diferenças nos validam enquanto pessoas e seres humanos, portanto exercitar a empatia é também essencial.

“Ler, estudar, conversar, desenvolver análise crítica sobre a propaganda, os produtos, os modelos que nos são colocados a todo instante. A grama do vizinho não é mais verde, às vezes é apenas a luz”, finaliza a nutricionista.

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