Em outubro de 2020, Gustavo Rocha decidiu abrir o jogo com os seguidores e postou um longo vídeo em seu canal falando sobre sua sexualidade e contando que é gay. Na época, o assunto teve uma repercussão enorme e ele chegou a perder mais de 40 mil seguidores.
Agora, nesta segunda-feira (28), em que é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQIA+, Gustavo bateu um papo exclusivo com a todateen e contou o que mudou em sua vida desde o famigerado vídeo.
Mais liberdade
Gustavo explica que desde que falou sobre sua sexualidade, se sente mais livre para postar sobre sua vida pessoal. “Eu literalmente não podia postar sobre meus relacionamentos porque não era assumido publicamente, então isso acabava me privando de muita coisa. Não era 100% livre. Quando eu saía na rua, não podia dar a mão, não podia fazer carinho, porque as pessoas tentavam fotografar. Então, era uma situação meio chata e hoje não tenho mais esse peso nas minhas costas”.
Para ele, a decisão de revelar que é gay o permite viver sem medo. “Posso ser quem eu sou sem medo, sem achar que as pessoas vão ficar comentando alguma coisa em relação à minha orientação sexual porque acho que isso não tem que me definir. Eu não sou minha orientação sexual. Eu sou o Gustavo e isso é uma coisa pessoal minha, não muda quem eu sou”, argumenta ele.
Perda de seguidores
Depois que abriu o jogo com os seguidores, Gustavo chegou a perder 40 mil seguidores, o que é um número bem significativo para quem trabalha com a internet. Contudo, o influenciador analisou a situação de forma diferente.
Ele contou que ficou chocado, é claro, mas depois parou para pensar e viu que isso não era o fim do mundo. “Era necessário, porque imagina: você tem 10 mil seguidores, 10 mil pessoas que te odeiam. Qual é o sentido de você querer que elas continuem te seguindo? Não faz sentido nenhum. A gente só quer pessoas boas, que nos apoiem e que nos falem coisas boas. Essas 40 mil pessoas não vão me fazer falta nenhuma. São números que não iriam me agregar em nada”.
Ataques homofóbicos
Infelizmente, sabemos que ataques homofóbicos são frequentes e Gustavo Rocha, que trabalha com a internet, não está a salvo disso. Porém, o influenciador dá um conselho de como lidar com a situação: tentar não se machucar.
“Chega um momento em que você olha pra uma pessoa sendo homofóbica e meio que se cansa”, comenta ele. Contudo, Gustavo ressalta: “Mas isso não significa que a gente tem que parar de lutar contra [a homofobia]. A luta é necessária, tem que existir todo santo dia. Acho que a gente tem que tentar conversar com as pessoas, trazer mais informação para o outro lado. A gente não pode aceitar os comentários do tipo ‘ah mas eles são mais velhos, foram criados de outra forma’ ou ‘ah, mas tem a religião deles’. A gente não pode deixar essa intolerância afetar a vida de outra pessoa, porque são comentários como esse que ocasionam a morte de muitos LGBTQIA+”.
Gustavo ainda lembrou da polêmica que aconteceu mais cedo no mês de junho, quando Rafa Kalimann e Caio Castro compartilharam um vídeo de um pastor dizendo que não concorda com quem é LGBTQIA+, mas respeita. A declaração, é claro, rendeu inúmeras críticas ao dois, já que ninguém precisa concordar com a sexualidade de ninguém.
O influenciador contou que não concorda com a famosa frase “não precisa aceitar, mas tem que respeitar” porque, para ele, as pessoas não têm que aceitar nada. “As pessoas não têm que aceitar quem eu sou. Respeitar já é o mínimo. Eu não gosto desse tipo de comentário, acho que acaba sendo uma homofobia indireta, você acaba tratando a comunidade LGBTQIA+ como algo anormal, que precisa ser aceito.”
Como se assumir?
Gustavo diz que acha complicado tocar nesse assunto pois cada pessoa vive em um mundo diferente, com sua individualidade e sua bolha. Vale lembrar ainda que cada um tem seu próprio tempo. Em seu vídeo, Gustavo até comenta sobre isso, dizendo que quando tinha 15 anos a mãe chegou a ver conversas em seu celular. “Ela me perguntou se eu era gay, mas naquele momento eu não estava preparado. Eu não sabia muito bem o que ia acontecer, o medo de ela ficar brava comigo era muito grande”.
Mas de maneira geral, o conselho de Gustavo é manter-se original a si mesmo: “Mas uma das coisas mais importantes pra mim é você não esquecer quem você é. Não se deixar levar por comentários e acabar se reprimindo”, aconselha ele.
Relembre o vídeo de Gustavo: