Muita gente tem um visual inspirado em você, no seu visual. A galera faz tattoo igual e tudo. O que você acha disso? Já fez fez alguma tatuagem em homenagem a algum ídolo?
“Na verdade, eu nunca fiz. Mas eu também não acho legal quem faça. Tatuagem é um negócio para o resto da vida. Tem um estúdio que o cara diz ‘tatuagem dói e é para o resto da vida’. É verdade. É linda, mas também não é um brinquedo. Eu acho isso. Se você vai fazer uma tattoo tem que ser por você e não porque alguém fez. No meu caso, a menina fala ‘eu acho legal fazer tattoo porque a Pitty tem a banda’. Ela nem sabe como vai ser a vida dela daqui a alguns anos. De repente, ela vai me odiar. Sei lá. Eu adorava Guns N’ Roses e hoje eu acho um saco. Um cara fez um rosto desse tamanho, cobrindo o lado inteiro no peito. Aí podia ser qualquer tattoo bonita. Mas eu sou a favor do livre arbítrio e da autocrítica sempre. Eu acho que tem que fazer tatuagem por você e não por causa de alguém.”
Você já se arrependeu de alguma tatuagem que você fez?
“Não. Não me arrependo de nada. Posso não gostar muito de alguma, mas me arrepender, não.”
No começo, na Bahia, como era fazer rock no lugar onde o axé e outros ritmos predominam?
“Era transitar no underground do underground do underground! Mas era maravilhoso porque a gente estava entre nossos iguais. A gente estava convivendo com pessoas que tinham o mesmo amor pela música, cada um tinha sua banda. E isso nunca impediu a gente de fazer as coisas. Por mais que isso fosse complicado, a gente não conhecia outra realidade. Só conhecia aquela. A gente não sabia se era melhor porque a gente nasceu e cresceu ali, convivendo com aquilo. Então, a nossa ideia fixa na cabeça era uma só: fazer. Não importa como, de que jeito, pagávamos os ensaios. E é o que a galera lá continua fazendo até hoje. Grava seu disco, arruma um lugar para tocar. Eu sou uma pessoa muito idealista, de batalha e tudo o mais. A gente até brincava porque alguns músicos incríveis, que gostavam de rock, acabaram tendo que tocar em bandas de axé ou pagode para conseguir viver de música. E a gente brincava com isso, que fulano tinha se corrompido.”
Para o artista, tem um gosto diferente ganhar um prêmio em que o público vota e outro que os críticos votam?
“Tem, claro. Porque o crítico é sempre mais chato, no bom sentido (risos). O público vai pela emoção, não tem tanto aquela… ele não pensa tanto nas características nem técnicas e nem de ficar fazendo a fita para outros jornalistas. O público não tem isso. Mas, às vezes, o crítico não. Ele vai ver uma série de coisas. E também pensa em seguir aquele outro crítico é da inteligência brasileira e vai lá com essa galera. O gosto popular está mais para a emoção mesmo. Na verdade, essa coisa de prêmio é festa. Não vou ficar me preocupando com isso. Ficar nessa paranoia, nesse negócio de prêmio. Se vier, veio. Se não vier, também não veio. Essas coisas são tão temporais. É tão retrato de um momento. Eu acho que não vale a pena ficar dedicando tanta energia, gastando energia com isso.”
Mas tinha algum prêmio que você gostaria de ganhar e ainda não ganhou?
“O prêmio de mais bonita! Sei lá. (risos)”
Entrevista: Clayton Gallo/colaborador
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