Neste domingo (17) duas vacinas contra o coronavírus foram aprovadas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), incluindo a vacina produzida em solo brasileiro, no Instituto Butantã, em parceria com a companhia biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a Coronavac. Com o atraso na entrega do segundo imunizante, criado pela universidade de Oxford em parceria com multinacional farmacêutica AstraZeneca, o Plano Nacional de Imunização se inicia com apenas uma vacina. Enquanto em São Paulo a vacinação começou poucos minutos após o comunicado da ANVISA, o restante do país pode começar nesta segunda-feira (18).
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, oficializou nesta manhã a entrega da Coronavac aos governadores que viajaram para São Paulo durante um ato simbólico. Pazuello, que havia confirmado o início da vacinação para quarta-feira em todo o país, disse na coletiva de imprensa com presença de governadores que a imunização pode iniciar neste mesmo dia, após distribuição da vacina em todo o Brasil.
O evento se deu no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, no estado de São Paulo. “Depois de de ouvir os governadores, chegamos a decisão de que hoje ainda distribuiremos todas as vacinas aos estados, todas (…) A gente pode colocar a ideia de hoje ao final do expediente os estados começarem no município principal a começar a vacinar, com isso a gente adianta um dia. Acho que a gente pode começar hoje ao final do expediente”, afirmou o ministro.
Nesta manhã, a cidade de São Paulo deu continuidade à vacinação, que começou no domingo (17), quando foram imunizadas cerca de 100 pessoas. No estado paulista, o público-alvo desta primeira fase inclui profissionais de saúde e indígenas de terras demarcadas como aldeadas, já no restante do Brasil, o foco deste primeiro momento também inclui pessoas de 75 anos ou mais; pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas; bem como povos e comunidades tradicionais ribeirinhas.
Primeira pessoa vacinada no Brasil
“Falo com segurança e propriedade, não tenham medo”, diz a enfermeira Mônica Calazans. Aos 54 anos, ela foi a primeira pessoa a ser vacinada no Brasil. A enfermeira foi imunizada neste domingo (17) em ato simbólico, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Mônica atua na linha de frente, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Com diabetes, hipertensão e sobrepeso, a auxiliar de enfermagem se formou em enfermagem aos 47 anos e se voluntariou para atuar na linha de frente da pandemia. Viúva, ela mora com o filho de 30 anos em Itaquera, zona leste, e cuida da mãe de 72 anos, a qual vive sozinha em outra casa.
“Que a população acredite na vacina. Estou falando agora como mulher, brasileira, mulher negra, que acreditem na vacina. Vamos pensar no monte de vidas que nós perdemos, quantas famílias nós perdemos, quantos pais, mães, irmãos. Eu quase perdi um irmão também com Covid. E diante disso é que eu tomei coragem e participei da campanha da vacina”, completa.
A enfermeira foi uma das voluntárias na terceira fase dos testes clínicos da CoronaVac, Mônica tinha recebido placebo e foi alvo de piadas. “Fui muito criticada. Eu recebia piadinhas, memes, mas não dei sequer importância. Me falaram que eu era cobaia de uma pesquisa de vacina”.
