Tem nova ondulada na área!
Se você acompanha a Foquinha nas redes sociais já deve ter visto que ela assumiu os cabelos naturais, né? Aproveitando esse período de isolamento social e autoconhecimento, consequentes da pandemia do Coronavírus, a influencer conseguiu – aos pouquinhos – ir deixando de lado os procedimentos dos quais esteve refém durante anos.
E, para quem já passou por isso, sabe que esse processo leva tempo, paciência, respeito e carinho. Com mais 800 mil seguidores só no Instagram, ela vem dividindo dicas, técnicas (até aquelas dão bem errado), compartilhando experiências e principalmente desmistificando a velha e errada ideia de que cabelo bonito tem que ser liso.
Em um bate-papo super legal, a Foquinha conta à TodaTeen os motivos para deixar os fios naturais, os perrengues do processo, mitos sobre beleza, aparência e muito mais. Confira:
Na infância, como era a sua relação com os fios?
Eu não lembro muito do meu cabelo quando eu era bem pequena, mas sei que ele mudou bastante. Já na adolescência, eu tive aquela fase em que os fios ganham formas que a gente nem conhece, sabe? Eu tenho essas lembranças bem nítidas. Com uns 12, 13 anos, quando comecei a ficar mais vaidosa, passei a usar o secador e desde lá não parei mais. Fiz progressiva e, de um tempo para cá, comecei a diminuir a frequência da química. Acho que o que sempre me incomodou eram aqueles cabelinhos bem na frente, na raiz, o baby hair. Então basicamente nessa fase me tornei refém dos procedimentos.
E como foi essa decisão de reconhecer os seus fios? A pandemia teve influência nessa etapa?
O start para me jogar nesse processo foi bem durante a pandemia mesmo, nesse momento em que estamos tendo que olhar cada vez mais para dentro. Acho que todas as meninas que falam sobre isso e que produzem conteúdos expondo suas transições capilares, também me incentivaram demais. As pessoas estão compartilhando esse momento, o que deixa esse momento ainda mais natural. Ver outras meninas passando por isso sempre me deixavam com aquela ideia de ‘nossa, que incrível, queria ter essa coragem’. Como a minha rotina é muito corrida, eu nunca conseguia parar e testar. Eu estava muito acostumada a usar o secador, porque é muito prático. Mas sabia que precisava desse tempo para me conhecer, me enxergar. Eu já nem sabia mais como era o meu cabelo. Há esse medo de saber como vai ser, se vai gostar ou não, de se olhar no espelho e de se enfrentar.
Com a pandemia, rolou de eu me querer me ver livre disso. E, junto com esse momento, me veio a vontade de parar de tomar a pílula anticoncepcional. Eu queria o meu corpo longe dos hormônios. Era algo que eu tomava desde a adolescência e quando passei a me inteirar sobre o assunto, a entender o que aquilo significava, o processo foi natural.
No final das contas, eu acho que tudo surge dessa ideia de autoconhecimento, de autoconfiança. E esse é um processo eterno! Eu nunca me coloquei como prioridade na minha vida, sempre foi trabalho, trabalho e trabalho e nesse momento eu me priorizei. Foi uma vontade de me conectar comigo.
Qual foi o momento mais caótico?
São dias de luta, dias de glória (risos). Mesmo recente, o mais difícil foi o comecinho, quando eu deixei para ver o que acontecia. O meu cabelo tinha corte corte, que combina com o cabelo liso, mas não funcionava para o ondulado. Na real, o meu cabelo é misto. Tem as partes mais onduladinhas, outras onde forma cacho e alguns resquício de progressiva. Então a primeira vez que eu deixei secar natural, foi um caos e eu fiquei desesperada. A gente fica um pouco frustrada. Eu não sabia como finalizar, nem nada assim. Aí comecei a acompanhar profundamente os conteúdos sobre transição, entendi que aquilo fazia parte e que talvez a primeira coisa seria fazer outro corte em camadas. Fiz, fiquei toda ansiosa, comecei a finalizar e fui ficando mais feliz.
Sei que eu ainda vou usar o secador e o baby liss, mas acho que por trás de tudo isso, o que era mais importante para mim, foi me ver livre e podendo fazer escolhas. Se eu quiser deixar secar natural, tudo bem. Se eu quiser deixar liso, tudo bem também.
Para você, o que significa a transição, o abandono do procedimento químico, para assumir de vez a sua própria naturalidade?
Passar por esse processo de não saber o que vai acontecer é muito desafiador. Eu estava com medo, mas vi o quanto me fez bem. O meu cabelo natural combina mais do que antes. Me deu um alívio de me entender, de me gostar e, naturalmente mexeu com a minha autoestima. Me senti mais bonita, mais eu mesma, mais sexy. Eu acho que vieram somente pontos positivos. Ah, e hoje eu amo meu baby hair porque eles fazem muito sentido para mim, e era óbvio que eu não gostava dele antes, eu simplesmente deixava ele liso (risos).
Por fim, o que você diria para as meninas que compartilham desse mesmo processo?
Eu diria para irem no tempo delas, não se pressionem. Não adiante ficar forçando, acelerando. O processo é muito natural. O lance é ter paciência, não é da noite para o dia que você vai gostar e talvez você demore muito para se acostumar, e eu acho que isso talvez seja eterno. Há dias que você vai amar e outros nem tanto. Mas aos poucos você vai aprender a conviver e a ver quando gosta e não gosta. E se você quiser usar o secador, tá tudo bem. É ver esse processo como uma liberdade mesmo. E se vocês tiverem dicas, me mandem!
A troca é muito boa e eu acho que a parte mais legal desse processo. Muitas se identificam, mandam textão, eu tiro print, respondo e o retorno e bem positivo. A gente cresce sendo ensinada que o cabelo ‘bom’ é o liso, sendo que não existe isso. Essa ideia é muito errada. Todo cabelo é lindo. Cada pessoa tem o seu cabelo, a sua personalidade e isso faz parte de quem a gente é. Quanto mais a gente falar, quanto mais a gente passar ideia ideia para frente, para que outras meninas percebam isso, mais maravilhoso fica.