Agosto é o mês da visibilidade lésbica e por isso, não podíamos deixar de falar sobre autoras nacionais que abordam o tema. Como já comentamos aqui, a importância da representatividade na juventude é essencial para que que os adolescentes de entendam e se enxerguem na sociedade.
Para debater o assunto, conversamos com Elayne Baeta, autora de “O amor não é óbvio“. O livro, que teve origem no Wattpad, encantou tanta gente que acabou sendo publicado e se tornando um sucesso. A história é focada em Íris, uma jovem de 17 anos que assiste a todos os episódios de sua novela favorita ao lado de sua vizinha de 68, que se tornou sua segunda melhor amiga.
A primeira é Poliana, que anda muito preocupada com a completa falta de interesse de Íris por tudo o que julga prioritário: a festa de formatura e perder a virgindade. Mas isso está prestes a mudar: Cadu Sena, o menino mais gato do colégio São Patrique e sua paixão platônica, finalmente está solteiro. Essa é a chance de Íris.
Mas antes ela precisa entender o que levou a namorada de Cadu a deixá-lo por uma garota, Édra Norr. Seria o corte de cabelo moderno? Os olhos castanho-escuros? A postura levemente torta? Os pelinhos na nuca? O talento musical?
Montada em sua bicicleta, Íris vai cruzar São Patrique na missão científica de descobrir tudo sobre Édra, e não vai demorar para se enredar também nos encantos… da garota! Realmente, o amor não é nada óbvio.
A escritora contou que a ideia do livro surgiu de tanto procurar romances lésbicos e não encontrar.
“Eu estava mais preocupada em fazer algo para garotas que (assim como eu) nunca encontravam. O livro surgiu da necessidade de ter uma representatividade. Eu ia em todas as livrarias e perguntava: ‘Tem algum romance lésbico jovem aí?’ E a resposta era sempre não“.
como entender a sexualidade…
Elayne é uma mulher lésbica e, em seu livro, ela vai retratar as confusões das personagens em entenderem a própria sexualidade. Mas, para ela mesma, esse foi um longo caminho:
“Sempre soube [que era lésbica], mas não quis aceitar e não tinha referências. Então me achava, como a minha própria protagonista, um alien perdido e estranho no meio de todas as garotas que só olhavam na direção de garotos. Foi um processo entender que eu queria olhar pra elas”, contou ela.
Além disso, ela destaca: “Se assumir é algo que a gente faz mais de uma vez na vida, em mais de um lugar. É preciso sair do armário e gritar quem se é várias e várias vezes, porque o mundo está sempre tentando nos jogar de volta pra lá.”
Já sobre a personagem, logo no começo reparamos que Íris tem muita dificuldade em se entender, e Elayne comenta que isso é completamente normal no dia-a-dia das garotas lésbicas. “Descobrir que você é uma garota que gosta de outras é bastante complexo e cada uma tem seu próprio trajeto nesse caminho”.
Segundo ela, alguns sentimentos como dúvidas, medo, negação, e se sentir sozinha são bem comuns durante o processo.
“Passamos por várias coisas até nos abraçarmos e aceitarmos. E precisamos fazer isso antes de cobrar isso do mundo. É importante se aceitar primeiro. Se abraçar primeiro. Ser seu próprio colo. E saber que tá tudo bem ser uma garota que gosta de outra“, ela explicou.
um conselho para passar por tudo isso
Como sempre, perguntamos qual é o conselho que Elayne dá para as meninas que estão se sentindo perdidas e sozinhas nesse momento. Ela respondeu:
“Existem inúmeras de nós. Várias de nós. Ocupando e lutando por espaços. E quando você se sentir pronta pra sair do armário e se juntar com a gente, você vai perceber que não está sozinha. Seja paciente com seu próprio processo, mas nunca desista de quem você é. Não tem nada de errado em gostar de garotas. E você merece o amor, os beijos de cinema, o frio na barriga, o “sim, eu aceito” dito por outra garota. E tudo mais que você quiser. Você merece amor e respeito. Estamos juntas. E somos maiores do que pensamos.”
Tá esperando o que para ler també?!