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Última Página | A heroína salva a si mesma nesta crônica

A heroína salva a si mesma nesta crônica
Thais Menezes/@thamenezes.s

crônica por Yasmin Morais (@yasminescritora)
ilustrações por Thais Menezes (@thamenezes.s)

 

A vida nos confins de uma mítica floresta, onde as borboletas planam delicadas ao ponto de podermos sonhar tocá-las e os pássaros voam perenes, assobiando as mais doces canções de liberdade, instiga os sonhos de uma heroína que repousa confinada entre as densas paredes de um longínquo Castelo. Mas, ela ainda não sabe quem é. A princesa jovial não percebe, que sob os seus encaracolados cabelos, reside a força de mil exércitos e a destemida coragem que salteia — no coração das meninas.

Um longo vestido esconde os tornozelos enérgicos daquela que consegue escalar as paredes de sua própria torre. Mas, ela ainda não sabe quem é. Ao longo dos anos, oculta em seus próprios aposentos, a princesa heroína deixou-se adormecer. Pois, o mundo dos sonhos exibia a liberdade que ela, sob os domínios dos “reis do Mundo”, cogitava jamais deixar de ser somente uma fantasia. Esta princesa destemida, que colhia os mais belos frutos da estação e ornava os cabelos com as pequenas flores — aquelas que passam despercebidas pela singeleza de seu tamanho —, imprimia um olhar profundo e apaixonado em tudo o que fazia.

Porém, seu enorme coração encontrava-se cerceado e embebido nas mentiras que eles lhe diziam… “Não podes sair desse Castelo”, “o mundo não aceitará alguém como tu”, “a vida é completamente diferente lá fora” — A última palavra, sempre ressoava em sua consciência. Uma garota em busca da própria liberdade, que temia esgueirar-se pelas frestas da porta e observar o Mundo, imenso e desconhecido, que estava para além dos domínios do Castelo. Afinal, ela ainda não sabe quem é.

Mas, naquele impreterível dia, a princesa heroína resolveu questionar todas aquelas mentiras. O seu coração saltava nos átrios do peito, os seus ombros atônitos desejavam a grandeza que ali, em seu espírito, residia. E de repente, todas as vezes nas quais ela sentira-se fraca, inadequada e impotente, dissiparam-se como as areias da praia em uma ensolarada tarde de domingo. O vestido já não mais lhe cabia, ela havia encontrado a coragem dos mil exércitos sob os seus cabelos. O brilho em seus olhos trepidava em chamas incandescentes. Altas, cada vez mais altas — profundas. E ela ousou sair. Atravessou as portas, retirou-se da torre de seu próprio Castelo. Pois, ela sou eu e você. Agora, ela sabe quem é.

A heroína salva a si mesma nesta crônica

Thais Menezes/@thamenezes.s


Yasmin Morais

Yasmin Morais é uma ninfa baiana apaixonada por mitologia grego-romana, escritora em tempo integral, estudante de Jornalismo (UFBA), atriz e ativista social. Foi publicada nas coletâneas, “Tributo aos Orixás”, “Profundanças 03” e “Narrativas Negras e Insubmissas”. Atualmente, trabalha em seu primeiro livro. Foi finalista do Prêmio Malê de Literatura 2019 na categoria Conto/Crônica. Sua estreia no teatro ocorreu com o espetáculo “De Ponta Cabeça, Baobá”. Como jornalista, foi uma das vencedoras do 1ª Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Fundadora do primeiro projeto feminista raiz e antirracista, @vulvanegra. Traz conteúdo literário em seu instagram @yasminescritora.

Thais Menezes

Preta, baiana, ilustradora e designer.

Instagram: instagram.com/thamenezes.s
Behance: www.behance.net/thaismenezes

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