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Última Página | O dia em que quase fui ao show da Taylor Swift

Última Página | O dia em que quase fui ao show da Taylor Swift
Thais Menezes/@thamenezes.s

texto por Isabelle Costa (@avalancheliteraria)
ilustrações por Thais Menezes (@thamenezes.s)

 

Em dezoito de julho — depois de um trajeto de carro e outro, cortando o céu; depois, também, de um atraso — eu deveria estar em São Paulo. Aquela cidade gigante, cheia de luzes, onde todo mundo tem um sotaque diferente do meu, e me sinto dentro de um take sem cortes do filme que, espero, um dia terá uma de minhas histórias que escrevi e que ninguém, além de mim, leu.

Digo deveria estar, porque nunca pensei que não estaria. O plano era esse: ficar acordada até as duas — três, se preciso fosse. Conseguir os ingressos pelos quais teria morrido aos treze, mas que, há dois anos, aos vinte e dois, demorei pra ter certeza de que ainda queria. Planejar duas viagens: uma imaginária — com drama na cafeteria, coisas dando errado, e depois, certo — e outra, a verdadeira: eu carregando mais coisas do que preciso na minha mochila azul; meus fones de ouvido com a faixa quinze no repeat.

Abrir trilhas invisíveis que só eu vejo — desenhá-las onde todo o resto vê concreto, enxergar cores no meio do que é pálido e cinza — sempre foi minha coisa. Acordo, e faço. Respiro, e faço. Eu pisco, e faço. Crio esses cenários que são mais doces, mais maleáveis. E depois não faço ideia de como cheguei. Porque não foi ensaiado: eu só fui. E teria ido, mais uma vez, só ido. Se dois mil e vinte não tivesse mudado tudo. Se aqui, em volta de mim, quatro paredes não me engolissem um pouco todos os dias. Iria, certa de que sou uma peça que não se encaixa muito bem nessa cidade que não é — que nunca foi — minha.

Meses já se passaram desde o décimo oitavo do sétimo mês. O tempo — seu cronograma místico esparramado no degradê de rosa e roxo no céu desse penúltimo domingo de março — segue cada vez mais satisfeito em mostrar que somos todos bobos aqui embaixo: não dá pra medi-lo com uma régua. Julho não foi o mês em que ouvi os poemas musicados de Taylor de pertinho. Os mesmos que me viram crescer, e que agora voltaram a embalar meus dias.

De São Paulo, guardo lembranças embaçadas da última viagem: uma foto tremida na Avenida Paulista, um par de all star (agora, quase) branco, e a sensação de saber que as coisas fazem, ainda que de um jeito torto, todo sentido.

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Thais Menezes/@thamenezes.s


Isabelle Costa 

Fala de livros, escrita, criatividade e inspiração na Avalanche Literária, e desembola os fios soltos em seu blog na internet.

Instagram: instagram.com/avalancheliteraria
Blog: www.avalancheliteraria.com.br

Thais Menezes

Preta, baiana, ilustradora e designer.

Instagram: instagram.com/thamenezes.s
Behance: www.behance.net/thaismenezes

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