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Uma entrevista exclusiva com William Razzy da banda Razzy

Uma entrevista exclusiva com William Razzy da banda Razzy

A banda Razzy surgiu em 2008 quando o vocalista William Razzy voltou ao Brasil após morar dois anos na Inglaterra tocando e aprimorando seus conhecimentos sobre música. Juntam-se a ele o baterista Diogo, o guitarrista Lucas Macedo e o baixista Luiz Melo. Agora a banda prepara-se para lançar o álbum Universo. Willian conversou com a todateen e contou as novidades do cd e da banda. Ele ainda falou de vida pessoal e contou um mico superdivertido! Confira:

tt: O CD Universo foi produzido parte no Brasil e parte nos EUA. Você também morou um tempo na Inglaterra. O que vocês trouxeram de influência dessa experiência lá fora para a banda?
William: Foi total. Acho que a gente não teria conseguido desenvolver esse CD como a gente fez, mais voltado para o indie rock, com as influências de The Killers, The Muse, Snow Patrol, U2, se eu não tivesse tido essa experiência de ter morado lá fora, ter tocado e tido banda lá fora. Quando eu mudei pra Inglaterra, eu mergulhei mesmo nesse cenário do indie rock britânico e do underground do rock nesta cena e, quando eu voltei ao Brasil, eu voltei com toda essa vanguarda do rock que é feito lá na cabeça, já com toda essa influência pra montar uma banda nessa linha, neste segmento, de uma parada mais diferente. Então este disco não existiria se eu não tivesse morado na Inglaterra. Não teria recebido essa influência do período que eu fiquei morando lá.

tt: E a opção de cantar também músicas em inglês, como foi isso?
William: Foi justamente disso. Quando eu componho, eu não componho pensando assim “ah, essa música eu vou fazer em português”. Eu sou muito honesto e sincero com tudo o que eu canto e o que eu digo. São experiências que eu realmente vivo. Geralmente eu componho no violão, em casa, sempre pensando em coisas que aconteceram comigo, em fatos que aconteceram. E como eu morei um tempo na Inglaterra, peguei fluência em inglês e já estava compondo em inglês lá também. Quando a gente foi chegar pra seleção das músicas do disco, não teve aquela coisa “não, vamos gravar essa música em português e esta em inglês”. Foi uma seleção em que a gente gravou as melhores músicas, independente de elas serem em português ou em inglês. A coisa da língua não foi diferencial e sim se a música era boa ou não pra estar no disco. E acabou que a gente teve a oportunidade de gravar lá fora, que foi uma experiência incrível, muito acima das nossas expectativas, gravar no Platinum Studios, que é o mesmo estúdio onde o U2 gravou o último disco, Justin Bieber gravou, Christina Aguilera… Então foi uma experiência incrível pra gente, fantástica!

tt: Você é o compositor das músicas do CD Universo. Você procura se inspirar em quê na hora de compor?
William: É muito em experiência pessoal mesmo, que acontece comigo nos relacionamentos, em festas, em baladas. Eu procuro sempre retratar o meu tempo e a minha geração. Eu acho que é meio uma geração perdida, a gente tem meio que um vácuo nesta década, se você parar pra pensar. Eu tenho 20 e poucos anos e acho que as pessoas que têm a minha idade não consomem essas bandas novas, Restart, NX Zero. Eles têm um público bem mais novo. E também não são contemporâneas ao Capital Inicial, ao Rappa, então eu procuro refletir o meu tempo e a minha geração que é meio uma geração que pulou, meio sem pai sem mãe. Eu acho que até essa identificação das pessoas que estão escutando o disco e estão tendo contato com o nosso trabalho é porque estão começando a perceber isso e, enfim, se identificar justamente porque eu sou muito sincero e verdadeiro com as experiências que eu tenho. De relacionamentos, festas, mudanças, de coisas ruins e de sempre acreditar no que você ama e seguir em frente.

tt: Você sente que o público se identifica mais com alguma das músicas, alguma das letras do álbum, na hora dos shows?
William: É impressionante porque, o que acontece com esse fenômeno da internet, hoje em dia, é diferente. Antigamente, você divulgava uma música, ela tocava no rádio e se tornava conhecida. Aí você lançava uma segunda música e ela se tornava conhecida. Hoje em dia, o disco tá lá na internet. No meu site você escuta todas as músicas. Então é impressionante, porque tem gente que gosta da Circo, o outro gosta da Especial, gosta da Universo, da Novo Final. Universo é meio unânime, todo mundo gosta dessa música, os fãs, né. Então, não sei nem te dizer, porque é muito misturado. A gente faz algumas enquetes – pra nossa alegria porque isso é uma coisa bacana – é um bom problema. Porque a gente fala “qual você quer que seja a próxima música de trabalho?”. Cara, meio que fica empate! Aí a gente fica: “pô, galera, em vez de ajudar, né!”.

tt: No release de vocês, vocês falam que é difícil encontrar algo diferente na cena do rock e a Razzy busca fazer algo novo. Pra você, o que o som da banda traz de novidade?
William: Na verdade, eu acho que é a primeira banda que está alcançando o main stream que não tem essa influência do hardcore melódico, emo rock ou desse happy rock, porque a gente já não tem 16 anos mais. As nossas influências vêm dessas bandas, The Killers, Coldplay, U2, Snow Patrol, todas essas bandas do cenário indie e principalmente do cenário britânico que até agora não chegou aqui, pelo menos eu não ouvi ninguém fazendo um som inspirado em The Killers, em The Muse. Essa galera vem de bandas tipo Blink 182, de bandas mais americanizadas, então nossas influências não são as mesmas do que as dessas outras bandas que tão hoje aí. E a gente teve um preconceito pra ser lançado, porque as gravadoras não acreditavam nesse segmento de rock que a gente queria lançar. Então, a gente sofreu muito até achar uma gravadora que olhasse isso com bons olhos. Porque o que a gente mais escutava era: “vem cá, vocês não tocam hardcore melódico, vocês também não são coloridos, então como vocês querem fazer sucesso no rock?”. A gente falava, “porra, justamente por isso, porque a gente não é uma coisa nem outra, a gente é diferente!”. O diferente é que é legal. O Rock in Rio foi uma prova disso, o dia mais bombado foi o do Coldplay, que esse rock tem uma demanda de consumo. Lá fora, o indie rock já está estourado há anos e você não tem isso aqui. E eu, por ter morado lá fora e tocado esse tipo de música lá, vim maluco pra fazer uma banda com essas influências, que é o que eu curto e minha banda curte. Aí a gente falou que não ia vender nossa alma ao diabo. Ou a gente virava fazendo esse som que a gente queria fazer ou, então, foda-se. A gente foi meio turrão e graças a Deus todo esse esforço tá valendo a pena, porque o que a gente mais escuta, depois de ter quebrado essa barreira e ter conseguido uma gravadora, que foi a Seven Music, através do Gilberto Cardoso, que também abriu essa oportunidade pra gente, o que a gente mais escuta é “caramba, finalmente uma coisa diferente, aleluia”, sabe? Uma coisa nova.

tt: E vocês também se preocupam com o visual, com a imagem da banda passando alguma mensagem, como acontece com outras bandas?
William: Muito, totalmente! Acho que nosso visual condiz um pouco com o nosso som. Tem muito a ver com o visual dessas bandas que a gente se inspira. Esse negócio de visual, normalmente você olha para um cara, um ídolo, um artista que você gosta e meio que você se inspira visualmente, meio que a galera daquela tribo começa a consumir aquele visual. Então, acho que é meio automático isso. A gente se preocupa em ficar atento ao visual. Principalmente porque eu acho que moda e música são coisas que sempre andaram juntas, diria até que o rock influenciou mais a moda
do que a moda o rock, então não tem como ficarem separados. Tudo o que você tem aí de moda, de revoluções culturais, vieram da música. O grunge nos anos 90, os anos 80… São coisas que tão ligadas.

tt: Você se lembra da primeira vez que ouviu alguma música da Razzy tocando na rádio, de surpresa?
William: Foi fantástico! A primeira vez que eu escutei, eu tava com a minha mãe no carro e ela falou: “vamos escutar o rádio no rádio” e pum, ela ligou e Razzy! Só que eu falei, “pô, é CD” e não era, foi engraçado! E ela falou brincando e foi a primeira vez que eu ouvi a Razzy no rádio. E hoje, graças a Deus, é a primeira música tocada no interior de São Paulo e a segunda de rock em todo o Brasil. Um mês e meio de lançamento e a resposta do público está sendo fantástica, os fãs cada vez mais consumindo nosso trabalho. Sem palavras pra descrever como a gente tá feliz com isso.

tt: E quais são os planos da banda pra esse final de ano, pra 2012?
William: O nosso plano é levar esse Universo pra bem pertinho dos nossos fãs e começar a fazer uma turnê nacional, agora a gente vai começar, e levar nossa música pra perto dos nossos fãs, as pessoas que passam tanto carinho e energia pra gente. Pra 2012 o plano é rodar o Brasil inteiro com essa turnê.

tt: Você tem algum mico ou história engraçada pra contar pras leitoras da todateen?
William: A gente foi fazer um show numa cidade no interior do Rio de Janeiro. E já não bastava que a casa não tinha nada a ver com o perfil da banda, tocava funk, sertanejo, menos rock’n’roll. Furada total, o que a gente tá fazendo aqui, né? O palco era minúsculo, mal cabia a bateria. E quando eu comecei a cantar, o microfone começou a dar choque! Mas guerreiro é guerreiro, né? Tamo lá, então vamos fazer o show! E a casa tava lotada, mas pouca gente que tava lá estava curtindo o nosso som, porque a gente tava fazendo rock’n’roll e eles queriam ouvir sertanejo, pagode. E as poucas pessoas que gostavam desse estilo vieram pra frente do palco. E tinha uma fã que tava megaempolgada pra assistir ao show, cantando as músicas com a gente. Aí ela veio pra perto do palco e deu a mão pra mim, e eu peguei a mão dela. E quando eu fui pegar a mão dela, entrou em um puta curto circuito e ela levou um baita choque. E eu tomei um puta choque junto com ela! Foi uma coisa incrível, ela deu um berro AAAH, deu aquele grito! A banda não entendendo nada, eu joguei o microfone pro alto, e ela ainda tomou aquele choque, cara, ela não ficou muito feliz com isso. Sinceramente, eu acho que ela ficou muito brava com a gente. E a gente teve que parar o show, não teve condições.

tt: Você tinha algum defeito na adolescência ou tem ainda hoje, que acabou sendo uma coisa boa ou foi superado?
William: Bom, todo mundo tem e eu também tenho vários. Pode até parecer piada, mas quando eu era criança, eu era meio chato de querer cantar, desde pequenininho, parece que eu nasci com isso na cabeça. E eu era excluído dos meus amigos, meninos que eram mais velhos e já gostavam de música, porque eu queria tocar violão, queria cantar, e ninguém me deixava cantar. Eles começavam a cantar e se eu chegava já era “pô, lá vem o Razzy atrapalhar”. Ninguém queria que eu cantasse, meus primos não gostavam que eu cantasse junto com eles, achavam que eu ia atrapalhar, que eu cantava mal e blá blá blá. E acabou que eu me tornei um cantor profissional e eles estão cada um na sua profissão diferente, nenhum deles seguiu pra música. Pra ver como é engraçado, as pessoas nunca podem dizer. Se você tem uma vontade de fazer alguma coisa, se você acredita que tem aquele talento, tem que seguir.

Quer saber mais sobre a banda Razzy? Entre no site e siga os meninos no twitter!

Texto: Letícia Greco
Entrevista: Carolina Vieira/colaboradora
Foto: Reprodução/Facebook

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