Fale conosco

O que vc está procurando?

Comportamento

Você sabe o que é pobreza menstrual? Conheça o projeto “Fluxo Sem Tabu”

Você sabe o que é pobreza menstrual? Conheça o projeto "Fluxo Sem Tabu"
Você sabe o que é pobreza menstrual? Conheça o projeto "Fluxo Sem Tabu"

Relativamente recente, o termo pobreza menstrual se popularizou com o intuito de trazer ao debate público os efeitos da falta de saneamento básico, das disparidades de renda e, principalmente, como tudo isso influencia no acesso à saúde e a absorventes no cotidiano da mulher cisgênero (mulher que se identifica com o seu gênero biológico) durante o período menstrual.

Em 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o direito à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. No entanto, em um país como o Brasil, segundo uma pesquisa realizada pela marca Sempre Livre, 19% das mulheres entre 18 e 25 anos não possuem acesso à absorventes durante sua menstruação.

+ Coletor menstrual: qual idade certa para começar a usar?

Além disso, é sempre importante ressaltar que mais de 54 milhões de brasileiros se encontram abaixo da linha da pobreza, segundo o IBGE, ou seja, um quarto da população nacional apresenta renda domiciliar por pessoa inferior a R$ 406 por mês, de acordo com os critérios adotados pelo Banco Mundial.

Neste cenário, em que a pobreza menstrual acomete, majoritariamente, garotas de baixa renda, moradoras de rua e, até mesmo, mulheres que estão em penitenciárias cumprindo pena, o acesso à higiene básica acaba se tornando um luxo, e não um direito. Lembrando que a falta de acesso à saneamento básico interfere diretamente na vida dessas meninas, por exemplo, em suas frequências escolares. Também é necessário ressaltar que alguns homens transexuais menstruam, estando, portanto, vulneráveis da mesma forma.

+ Sagrado feminino: entenda o que é e como aplicá-lo em sua vida

Por isso, justamente por essa urgência a se refletir e falar sobre o tema, a necessidade de cascatear informação se faz extremamente importante, servindo também como forma de conscientização e auxílio. O projeto Fluxo Sem Tabu, criado pela estudante do ensino médio, Luana Escamilla, de 16 anos, é um desses projetos que lutam por melhores condições para as mulheres.

“Eu nunca tinha pensado sobre o assunto ou ao menos escutado alguém falar sobre a pobreza menstrual.”, disse Luana, em entrevista exclusiva à todateen. “Em maio desse ano, eu assisti um documentário chamado ‘Absorvendo o Tabu’, vencedor do Oscar de 2019. Este conta como foi desenvolvida uma máquina de absorventes biodegradáveis e de baixo custo em um vilarejo indiano, onde meninas e mulheres trabalham em busca de independência financeira numa sociedade machista e patriarcal. Nesse sentido, o curta-metragem aborda todo o estigma em torno da menstruação na Índia. Foi assim a primeira vez que “caiu a ficha” de que a menstruação ainda é um mega tabu em pleno século 21.”, falou.

A estudante, logo após assistir ao documentário, começou a pensar e começou a perceber suas próprias inseguranças. “Eu tinha vergonha de levar um absorvente na mão até o banheiro da escola e que não era só eu que tratava a menstruação como um segredo, mas sim todas as mulheres presentes na minha vida. Comecei então a pesquisar muito sobre o assunto (tem pouquíssimos dados sobre esse tema) e entendi que ter um absorvente, infelizmente, era um privilégio.”, contou.

+ Precisamos falar sobre o aborto: uma questão de saúde essencial à liberdade feminina

Com vontade de fazer a diferença, nasceu, dessa forma, o Fluxo Sem Tabu, que já conta com a Casa Hope, ABCD Nossa Casa e Instituto C. como parceiros. “Decidi fazer algo a respeito que pudesse tanto levar informação sobre a menstruação como fornecer absorventes para as camadas mais vulneráveis da sociedade. Fiz tudo sozinha, desde achar instituições parceiras até descobrir como fazer um site e um Instagram de campanha.”, disse.

O projeto, sem fins lucrativos, busca fornece absorventes para as camadas mais vulneráveis da sociedade, quebrando o tabu da menstruação e colocando em debate a pobreza menstrual no Brasil e no mundo. “Nosso objetivo é garantir higiene básica durante o período menstrual e democratizar o acesso ao conhecimento, por isso que também foi criado um site com diversas informações, onde é possível absorver o assunto e doar.”, explica Luana.

Durante o bate-papo, Luana também revelou que recebe vários comentários e mensagens de meninas e mulheres relatando a vergonha de menstruar. “Lembro de um comentário que me marcou. Era de uma mulher que morava com a suas duas irmãs e sua prima quando eram adolescentes. Ela relatou que sua mãe quase nunca tinha dinheiro para comprar pacotes de absorventes e que todas usavam pedaços de tecidos que cortavam de camisetas velhas, afirmando ser muito desconfortável já que sujava muito rápido.”, relembrou.

“É muito importante falarmos sobre a menstruação para quebrarmos esse grande estigma que fomos ensinadas desde pequena. Só assim para ela ser encarada como um fato natural e extremamente normal. Tento encorajar ao máximo as pessoas a contarem suas histórias.”

Para mais informações, acesse www.fluxosemtabu.com.

Mais notícias para você

Saúde

Pequenas variações no ciclo menstrual são naturais, mas se forem muito frequentes podem indicar problemas de saúde

Comportamento

Separamos 5 dicas para aliviar os sintomas da tensão pré-menstrual, a famosa TPM

Comportamento

Dor chatinha durante a menstruação pode ser evitada com alguns cuidados; vem saber tudo

Comportamento

A todateen te explica por que menstruação e exercício físico não precisam ser inimigos

Sair da versão mobile