Estamos chegando à última semana de janeiro, quando professores de todo país iniciam o planejamento oficial para o retorno às aulas. Na rede privada, muitos alunos começam suas atividades já nos últimos dias de janeiro, enquanto as escolas públicas e algumas universidades iniciam o semestre em fevereiro. Apesar da vacinação ter iniciado – em meio a tantos obstáculos logísticos, falta de estoque e conflitos políticos – a pandemia está longe de acabar, portanto, estudantes de todo o país terão mais um semestre atípico, dessa vez, em um modelo chamado “híbrido”, em que professores precisarão se dividir entre aulas virtuais e presenciais.
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Apesar de os profissionais que atuam na educação não estarem incluídos na primeira fase de vacinação do governo, a possibilidade de retorno presencial é importante para diversas crianças e adolescentes que dependem da merenda escolar e não possuem acesso à internet para realizar os estudos. Outro fator se encontra na realidade de pais, principalmente mães solo, que não têm a opção de fazer home office em seu trabalho e precisam que as crianças frequentem o colégio pela manhã.
A obrigatoriedade do retorno presencial ainda é uma questão volátil no país. O Secretário da Educação em São Paulo determinou na última segunda-feira (18) que 1/3 das aulas das redes pública e privada devem ser presenciais para os alunos que não façam parte do grupo de risco. Entretanto, o ABC Paulista e Guarujá, no litoral paulistano, por exemplo, são alguns dos casos em que as prefeituras adiaram a volta às aulas presenciais, apesar da decisão estadual. No Rio de Janeiro o número de casos de coronavírus fez com que apenas a rede privada possa promover aulas presenciais, enquanto diversos estados adotarão o modelo híbrido a partir de fevereiro, ou março, como no caso de Alagoas. A dica da todateen é ficar atento às informações divulgadas pela gestão de seu município.
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Mesmo que você, leitor ou leitora, não seja uma pessoa inclusa no grupo de risco da Covid-19, o fato é que este modelo híbrido vai requerer uma série de cuidados para não prejudicar a sua saúde, de seus familiares, professores, funcionários das escolas e todos os cidadãos que possam vir a frequentar as ruas e transporte público com você neste semestre. Além disso, pode ser que seus próximos meses de estudo sejam, mesmo que parcialmente, mais uma vez diante do computador.
Tendo em vista todos esses fatores, a gente conversou com profissionais de saúde e educação para te passar algumas dicas de como fazer de 2021 um ano escolar seguro e produtivo.
aulas presenciais com o máximo de segurança possível
Sair de casa, infelizmente, já é um risco durante a pandemia, mas podemos tornar as chances de contaminação menores quando há um esforço coletivo. “As escolas insistirão no básico e factível: distanciamento com poucos alunos por sala, uso intensivo de limpeza, álcool gel e protetores como máscaras e faceshields. É o que elas podem oferecer. Eles ajudam, mas a proteção não pode ser terceirizada, ela é responsabilidade do indivíduo”, começa Eduardo Finger, clínico geral e imunologista da Care Plus e do Hospital Oswaldo Cruz.
“A única maneira de garantir a própria proteção é você se encarregando dela. Use máscara o tempo todo, e em caso de aglomeração, até uma N95″, afirma o Dr. Finger, fazendo referência a uma máscara respiratória com filtro de partículas que atende ao padrão N95, uma classificação de filtragem de ar do Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos.
“Mantenha distância ativa de no mínimo 1,5 metros de todo mundo, sem exceção. Se a pessoa estiver sem máscara, no mínimo 2 metros. Limpe as superfícies onde trabalha ou estuda com álcool 70%. Não divida materiais, alimentos ou bebidas com ninguém, mas, se o fizer, higienize com álcool 70% antes de utilizar. Instrua-se sobre o modo correto de colocar, tirar, higienizar e guardar máscaras e outros EPIs [equipamento de proteção individual]. Mantenha os ambientes bem ventilados. Não leve suas mãos à face sem antes ter passado álcool 70%”.
Uma coisa muito comum neste retorno escolar será pensar em tomar menos cuidados na presença de amizades queridas, mas, infelizmente, essa atitude pode levar à contaminação. O Dr. Finger avisa: “Nunca assuma que uma pessoa está tomando os mesmos cuidados que você e não tire a máscara na presença de ninguém com que você não coabite. Não assuma nada como inerentemente seguro, sempre se proteja como se estivesse contaminado”.
mais um semestre de ensino a distância
Betina Von Staa é Coordenadora do CensoEAD.BR da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), e entende que mais um semestre diante das telas pode ser cansativo para crianças e adolescentes. A profissional de educação afirma que as escolas podem tornar o semestre mais saudável se o propósito dos alunos for trabalhado, em conjunto com atividades dentro e fora do ambiente online.
“É preciso dedicar tempo para discutir com os alunos por que continuar estudando é importante, identificar as formas que eles gostam mais de aprender e propor estratégias variadas para tornar o trabalho mais leve para os alunos e para o professor. Cabe à escola e aos professores criarem outras abordagens que deixem os alunos mais ativos: jogos, questionários de resposta automática, trabalhos colaborativos e até projetos que possam ser feitos off-line em horário de aula e entregues ao professor depois. Também podem haver momentos de exercícios físicos em todas as aulas, de brincadeiras com os colegas (recreio), entre outras formas de relaxar a mente para que fique mais produtiva”.
Von Staa finaliza frisando a necessidade de rever o modelo tradicional quando se trata de promover um bom semestre online. “Já foi possível aprender também que, mesmo para efeitos burocráticos, há diferentes formas de computar atividades dos alunos, que não precisam estar conectado na aula ao vivo. Com propostas variadas e menos dependência das telas é possível tornar a aprendizagem remota mais produtiva e menos exaustiva”.
Entretanto, a responsabilidade de organização para um bom semestre online não depende só dos professores, você também pode tomar algumas atitudes para tornar as aulas mais leves e produtivas. Melina Cury, coordenadora de psicologia da Care Plus, indica a manutenção de uma rotina de sono e estudos bem definida. “Busque conversar com outros alunos, mesmo que virtualmente, troque ideias e experiências com pessoas que estão enfrentando as mesmas dificuldades que você. Faça pausas, intervalos, pois respeitar os limites do corpo é essencial pra recarregar energias. Se alimente bem, se possível pratique alguma atividade física, como se fosse a hora dos esportes na escola, isso ajuda muito a aliviar o estresse”.
“Durante os estudos é preciso eliminar as distrações, se ficarmos com as redes sociais ligadas ou trocando mensagens pelo celular ou jogando, dificilmente vamos nos concentrar, experimente bloquear as notificações pelo período de aula. Nos momentos em que não estiver em aula ou estudando, aproveite o descanso, relaxe, evite tela de celular ou computador, é importante descansar o cérebro, pois recebemos muitas informações diárias e isso pode levar ao esgotamento”, completa a Dra. Cury.
Além dessas medidas simples para o cotidiano, outra dica da psicóloga é fazer exercícios de atenção plena, os chamados Mindfulness, para diminuir a ansiedade, ou ainda praticar exercícios de respiração. “Sente em uma posição confortável, com os pés no chão e coluna ereta e observe sua respiração, se quiser pode colocar as mãos um pouco acima da barriga, na região das costelas e observe o movimento da respiração, observe o ar entrando e saindo dos pulmões, você pode fazer uma contagem, inspirando em 3 segundos e soltando o ar em 5 segundos. Pode fazer esse exercício várias vezes ao dia, quando se sentir cansado, ou quando perder o foco, eles irão te ajudar a se concentrar melhor e a aliviar as tensões e ansiedade do dia a dia”, finaliza.