“Young Royals” é uma série original Netflix, produzida na Suécia e lançada na plataforma no início de julho de 2021. A trama gira em torno do príncipe Wilhelm (Edvin Ryding), que é enviado para um internato depois de se meter em alguns problemas. Na nova escola, ele se sente desconfortável e seu alívio dentro desse ambiente vem quando ele conhece Simon (Omar Rudberg), um estudante gentil e carismático de uma mãe imigrante.
Não só na Netflix, mas também em outros serviços de streaming, temos uma superabundância de séries e filmes de romance voltado para um público adolescente. Dessa forma, pela grande quantidade de produções no catálogo, é sempre um gênero complicado de se destacar entre tantos.
Porém, para a surpresa de muita gente, Young Royals fez um ~enorme~ barulho no Brasil e no mundo, principalmente por representar de maneira sensível, responsável e muito real a vida de protagonistas LGBTQIA+.
Abaixo, a todateen preparou para você cinco motivos para dar uma chance à série.
Confira!
A série foge do circuito mainstream
O cinema – e outras produções audiovisuais -, assim como diversas formas de arte, possui um enorme e importante papel de incitar a empatia. Além de conhecermos outras técnicas de filmagem, roteiro e edição, assistir coisas de outros países é super importante para conhecermos outras realidades se não as clássicas: Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Young Royals é uma série sueca que contempla um elenco bem diverso, tendo até mesmo um de seus protagonistas principais, Omar Rudberg – que vive Simon na trama -, sueco nascido na Venezuela.
O elenco é adolescente – e eles realmente se parecem e agem como adolescentes!
Já cansamos de assistir séries em que os protagonistas – supostamente adolescentes – têm mais de 30 anos de idade que os personagens que eles interpretam. Além dos roteiros, às vezes, serem muito mais maduros que como jovens de fato são, por vezes o elenco é todo perfeito: isto é, não têm problemas comuns da adolescência, como… acne!
Esse tipo de coisa reforça um terrível padrão irreal de beleza para os espectadores que são o público-alvo, como também faz com que outros jovens que assistam aquilo se sintam completamente deslocados e inadequados.
Os protagonistas de Young Royals, Edvin Ryding e Omar Rudberg, têm 18 e 22 anos respectivamente. Com rostos manchados de espinhas e quase nada de maquiagem , justamente para destacar ainda mais outras manchas superficiais nos atores, o elenco todo se encaixa na narrativa e traz autenticidade à narrativa – algo que geralmente não alcançamos quando falamos de romance adolescente.
Segundo críticos especializados, os cineastas europeus apostam muito mais em realismo, diferentemente dos diretores americanos. Seja qual for o raciocínio por trás, o elenco da série realmente é uma dose de amor-próprio para quem assiste.
A história se reinventa e foge do plot redundante de “coming-out” (sair do armário)
Logo de cara, preciso dizer que as histórias que abordam a jornada de pessoas da comunidade LGBTQIA+ se assumindo – quando feitas corretamente! – são, obviamente, de extrema importância – principalmente no audiovisual, já que, como citado anteriormente, a arte é uma das formas mais lindas de fazer o outro entender e sentir empatia.
No entanto, um impasse que por vezes encontramos é quando a produção foca inteiramente no processo de “coming-out”, isto é, na saída do armário – como se todos os outros aspectos da vida dos jovens queers se focasse apenas nisso, deixando outras dinâmicas na vida dos adolescentes LGBT esquecidas. Em Young Royals, isso passa longe.
Na série, quando se trata de explicar para o telespectador a sexualidade dos personagens, isso é feito através de falas diretas – como quando Simon menciona abertamente para seu pai que ele é gay – e outros recursos de câmeras e expressões faciais dos atores para entendermos logo de cara que, por exemplo, Wilhelm está apaixonado por Simon.
Temos a camada de negação interna por parte de Wilhelm que ainda está se descobrindo e que tem todo o estigma de ser gay dentro de uma família real em uma posição de sucessão. Mas a energia jovem e o amor que eles sentem é tão puro que não há a necessidade tornar o “se assumir” como um plot principal – a descoberta deles é absolutamente linda.
O envolvimento sexual e romântico entre os protagonistas não é fetichizado
Certamente sabemos que a paixão entre Wilhelm e Simon se estende, sim, ao contato físico – até porque eles são jovens. Mas as pequenas coisas, os pequenos momentos de amor e respeito, como selinhos rápidos, mãos dadas e olhares carinhosos são muito mais significativos que conteúdo sexual explícito.
Além disso, é preciso apontar que uma boa parte de séries que se propõem a serem diversas ao trazer protagonistas gays ou bissexuais acabam retratando-os de uma forma fetichizada, sendo – na maioria das vezes – algo bem carnal e, quase sempre, caindo no estereótipo super nocivo da “promiscuidade”. Felizmente, em Young Royals esse amor adolescente é retratado de uma forma super responsável.
Os personagens secundários são desenvolvidos e diversos
Temos três coadjuvantes principais que dão a dose certa de fofura, drama e até mesmo, raiva: August (Malte Gårdinger), Sara (Frida Argento) e Felice (Nikita Uggla). Ótimos atores, todos eles são papéis importantes para entendermos ainda mais sobre quem são os protagonistas – esse círculo social bem desenvolvido é algo que às vezes fica faltando em algumas produções.
Além disso, Young Royals entendeu realmente o que “ser diverso” significa. Isto é, insere pessoas com diversidade sem cair nos estereótipos frequentes. Por exemplo, na série, Felice – uma garota negra e mid-size – é a que ocupa o lugar de “garota influente e poderosa” do internado, sendo desejada e cobiçada. A irmã de Simon, Sara, tem Síndrome de Asperger e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). E adivinha? Mais uma vez, não é nada estereotipado.
Todos os episódios de Young Royals está disponível na Netflix.