Nesta terça-feira (3), o The Intercept divulgou momentos da audiência de Mari Ferrer. A mulher, de 23 anos, acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado em uma festa em 2018.
O crime teria acontecido quando ela tinha 21 anos e trabalhava como promotora de eventos. No dia em questão, ela estaria trabalhando no beach club Café de la Musique, em Jurerê Internacional, em Florianópolis. O local é conhecido por ser frequentado por pessoas da alta sociedade, com ingressos variando de R$ 100 e R$ 1,5 mil.
Em 2019, ela tornou o caso público através das redes sociais como forma de pressão para que a justiça fosse feita e conseguiu juntar muitas pessoas a seu favor, que lutaram junto com ela para que Aranha pagasse pelo que fez. No entanto, em 2020, as coisas pioraram para o lado da influencer. Seu perfil no Instagram, que tinha mais de 850 mil seguidores, foi suspenso, e a justificativa era que a conta foi derrubada “devido a um processo judicial”. De acordo com Mari, a ação teria sido um pedido feito por Aranha na justiça.
Agora, como mostra o vídeo publicado, vemos que a “inocência” de Aranha é comprovada através do chamado “estupro culposo“, quando não há a intenção de estuprar. Segundo o promotor, o empresário não sabia que a jovem não estava em condições de dar seu consentimento, logo, ele não teve a intenção de cometer o crime. Sendo assim, por não haver na lei o que se chama de “estupro culposo”, e como não se é possível condenar alguém por um crime que não existe, Aranha foi absolvido.
A jovem influencer Mariana Ferrer afirma ter sido estuprada numa festa. A justiça entendeu que o réu, um empresário rico, ‘não teve intenção’ de estuprá-la. Vídeo inédito mostra defesa do acusado humilhando a jovem. https://t.co/Yvu2aidwuv pic.twitter.com/aYw9sMnF8Y
— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) November 3, 2020
Durante a audiência, vemos o quão desrespeitosamente Mari é tratada. Cláudio Gastão, advogado do empresário, mostra fotos dela (que não têm nada a ver com o caso) e fala: “Tu vive disso? Esse é teu criadouro, né, Mariana, a verdade é essa, né? É teu ganha pão a desgraça dos outros? Manipular essa história de virgem?”.
A garota chora e responde: “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”
Nas redes sociais, o tema ganhou uma proporção gigantesca e as pessoas estão questionando o quão séria é a justiça no Brasil e o quanto de dinheiro alguém precisa ter para não pagar pelos seus crimes.
Estupro culposo: quando não há intenção de prender estuprador rico e poderoso.
— Cartoleiros (@cartoleiros) November 3, 2020
Se voce não tem dinheiro = ESTUPRO
Se você tem dinheiro: ESTUPRO CULPOSO
estupro culposo não existe, no Brasil a justiça é seletiva. Triste demais #justicapormariferrer
— Deprê Universitária (@universitariaOF) November 3, 2020
ESTUPRO CULPOSO!!!!
Não existe luta contra machismo se não lutarmos contra o que o capitalismo faz na “democracia” a tráfico de influência sempre vai favorecer essa estrutura!!!!
Não EXISTE ESTUPRO CULPOSO!!!— GABZ (@ehagabz) November 3, 2020