Vivendo um momento de liberdade criativa durante os tempos de distanciamento social, Juliano Alvarenga, João Ferreira, Bernardo Cipriano, Túlio Lima e Daniel Crase, decidiram adiar o lançamento do novo álbum para 2020 e aproveitaram para lançar Como Não Se Lembram, um EP escrito e gravado durante a pandemia da Covid-19.
O isolamento trouxe um momento intenso e introspectivo para a Daparte. O EP Como Não Se Lembram externaliza esses sentimentos e representa uma ruptura momentânea daquele momento pré-pandemia, de euforia, festas e shows, para o momento pandêmico de reflexão, compreensão, incertezas e esperança.
“As músicas não falam explicitamente sobre pandemia, elas falam sobre a gente na pandemia, sobre sentimentos de fuga, lugares diferentes, o tempo passando”, conta João Ferreira, vocalista da Daparte.
A música que abre o EP e ganha clipe a partir do meio-dia é Farol, uma mistura de produção moderna e um tom sóbrio e tenso, trazendo a emoção certa com sua letra irônica e sufocante. Num ritmo cíclico, quase mântrico, a história de brigas e promessas mal contadas é ornada pela dúvida desconcertante de todo fim de relacionamento: “Será que ela dá outra chance?” – diz o refrão.
Em um arranjo envolvente e hipnotizante, composto por guitarras cauboiescas, timbres tipicamente indianos e backing vocals que lembram contos de terror, é difícil não se imaginar em um filme ao ouvir esse single, que talvez seja o mais original, empolgante e ousado lançamento da carismática banda mineira.
Juliano Alvarenga fala sobre Farol:
“Experimentamos coisas novas e acho que estar sempre pisando em lugares diferentes, sempre se testando, é muito importante para um artista. A gente acabou fazendo uma música mais sombria, e geralmente fazemos coisas mais alegres. Aproveitamos disso para fazer esse clipe, um dos melhores da banda na minha opinião”.
Já Lá Fora o Tempo Dança traz frases impactantes que narram as resoluções de um pós-término. Com elementos eletrônicos compondo uma bateria sólida, em ritmo dançante e nostálgico, guitarras à la rock nova-iorquino, timbres graves que remetem à era Disco e uma mensagem de superação: “Mais sólido que a solidão” – a canção é, certamente, a mais animada do EP.
A terceira e última faixa, O Eterno em Caraíva, dança por muitas emoções: é agressiva, leve, sutil e escrachada, é o rock com mais pegada da compilação. Em uma roupagem com a autenticidade do rock ’n’ roll, as guitarras distorcidas e a letra desdenhosa mostram um lado mais rebelde da banda em uma mensagem direta à sua geração: “O tédio é um sentimento tão moderno, eu sei”.
Os teclados dão um toque cartunesco e despretensioso ao robusto casamento de baixo e bateria da música, repleta de contrastes e jovialidade, homenageando também um lugar paradisíaco tão querido pela juventude no Brasil: Caraíva.
“A gente fez essa música para um amigo nosso. Usamos da história dele para refletir a nossa vontade de ir para praia, de voltar a viajar, de cantar uma música que fale de momentos legais, de ver o sol e passar a noite acordado na praia. Esse EP teve uma forte influência da pandemia e as músicas, de certa forma, falam um pouco disso”, completa Juliano.
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