Adriel é um garoto de 12 anos que tem uma conta no Instagram para falar sobre os livros que leu. Até quarta-feira (27), ele tinha 240 seguidores, acumulados em 3 anos usando essa rede, mas tudo mudou depois desse dia , quando uma pessoa mandou as seguintes mensagens para ele: “Porco gordo. Eu achava que Preto era pra ta cavando mina nao lendo. Para de se trouxa e volta para a sua realidade seu merda. Voce foi criado para ser preto e pobre”.
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A todateen conversou com a mãe do garoto, Daise, para entender melhor a história. Segundo ela, assim que recebeu as mensagens, Adriel mostrou para a mãe: “A gente não entendeu nem o porquê de o rapaz fazer isso. Meu filho já tinha a conta do Instagram há 3 anos. O intuito dele foi sempre ler. O homem não era seguidor dele. Eu até falei: ’Não dá bola porque ele nem merece nosso apoio’”, contou ela. As mensagens foram recebidas de forma privada, por direct, no Instagram, mas o menino printou e respondeu nos stories.
E o que começou com uma atitude completamente sem noção acabou resultando em uma boa coisa na vida de Adriel. Até o momento desta matéria, publicada na sexta-feira (29), seu perfil no Instagram tem 378 mil seguidores, além de ter recebido apoio de diversas figuras públicas e editoras de livros.
“Ele tá eufórico! Nós estamos tentando dar conta. Eu e a prima tentamos ajudar ele a responder o pessoal com todo o carinho, todo o apoio que estamos recebendo. Mas dá um pouco de trabalho. Pra quem nunca teve uma rede social tão ativa assim… Agora são desconhecidos que querem o conhecer e incentivá-lo a não parar com esse trabalho“, conta a mãe, com orgulho.
Os livros
Daise revelou que toda essa paixão por livros começou quando Adriel era bem novinho. “Desde pequeno ele já recebia livros de contos. Toda vez que era aniversário dele a madrinha dava um”, explicou ela. “Ele começou a ler com 5 anos e a gente incentivava. Eu comprava livros no sebo, ele pegava no lixo. O que importava é que ele se ele gostasse do livro, ele lia”, brincou Daise.
A ideia de criar uma rede social para falar sobre isso veio da prima, que já tinha uma conta com esse intuito. Adriel gostou e decidiu fazer também. “Como ele é filho único, ele fica muito tempo só em casa. Então, ele tinha que colocar para fora. Ele gostou, porque ali ele podia contar o que vivia no livro“, conta a mãe, se referindo à vontade do menino de escrever sobre o que leu.
Agora, com o aumento de seguidores da noite para o dia, a preocupação é em como se comunicar com esse novo público. “A gente tá monitorando, porque se tornou uma rede social muito visitada, principalmente porque agora o conteúdo que ele for passar vai se expandir para crianças, adultos, todo mundo. É complicado“, disse Daise.
E, sobre as mensagens recebidas, Daise contou o que responderia para o agressor, agora que tudo isso aconteceu: “Quando ele viu a mensagem, achou um absurdo e queria brigar. Ficou muito zangado e triste. Eu falei: ‘Meu filho não dê atenção porque esse tipo de gente é pobre de espírito”. Foi a melhor resposta que ele deu. Eu sempre digo a ele que ele tem que ter orgulho de onde ele veio, de quem ele é e da cor dele. Então não tem porque ficar triste e se sentir inferior a ninguém.“
