Nesta sexta-feira (28) chega ao Disney+ e cinemas o filme “Cruella”, contando a origem da vilã conhecida pelo roubo de 101 dálmatas, estrelado por Emma Stone, a qual trabalha neste projeto com o diretor de “Eu, Tonya”, Craig Gillespie. A atriz de “La La Land” conta ainda com a benção da “Cruella original”, afinal Glenn Close está presente na produção executiva, bem como uma referência óbvia ao universo fashion tóxico retratado nos filmes, feito da roteirista Aline Brosh McKenna, que trabalhou na mesma função em “O Diabo Veste Prada”.
A proposta da Disney é fugir do remake clássico e trazer a história da vilã fashionista para o primeiro plano, por isso a ambientação temporal tão bem definida: Estella assume a identidade cruel em meio à Londres de 1970, quando o movimento punk rock ganhava protagonismo, quebrando vínculos com a estética simétrica dos anos 1960 e enaltecimento da guerra mundial que havia acabado há 20 anos, com muitos mortos e pouco sentimento de vitória.
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moda
Os trabalhos anteriores da roteirista e diretor desta versão de Cruella já são conhecidos pelo destaque das roupas na construção de suas narrativas, porém, quem está por trás da elaboração do styling De Vil é Jenny Beavan, que já recebeu dez indicações ao Oscar pelo trabalho com figurinos. A designer conseguiu estatuetas pelo drama de época “A Room With View” e a ação futurística “Mad Max: Fury Road”.
Neste filme, Beavan retrata um período de tempo específico, mas desta vez o desafio é transmitir a personalidade de uma vilã fashion, que usa o preto e branco como marca registrada sem passar do ponto na hora de ser “caricata”.
trilha sonora
Como já mencionamos, a era punk e referências fashion devem ser a alma deste filme, mas nada seria impactante se a trilha sonora não estivesse alinhada com estes elementos. Portanto, a Disney acerta ao escolher o hit de Nancy Sinatra “These Boots Are Made for Walkin’” como música principal na divulgação, visto que o período de sucesso da canção (1966) bate com a ambientação histórica. Entretanto, vale mencionar que se trata de uma escolha óbvia, “Emily Em Paris”, por exemplo, usou a mesma estratégia ao colocar a versão em francês do hit em sua trilha.
O restante das músicas segue o mesmo tom, com sucessos da década de 1970, muitos com o toque rock que marca a essência de De Vil, incluindo Queen, Nina Simone e The Clash. A novidade é a canção original do filme, “Call Me Cruella”, interpretado por Florence + The Machine.
batalha das Emmas
Stone divide o papel de vilã com outra Emma no filme, Thompson, que interpreta a Baronesa von Hellman. A atriz, conhecida pelo papel de Nanny McPhee e Sybil Trelawney (na saga “Harry Potter”), mostra que é versátil ao interpretar uma versão de época de Miranda Priestly. Diferente do desenho, neste filme a propriedade dos 101 dálmatas não é uma família feliz amante de caninos, mas a baronesa que simboliza o ambiente tóxico da moda. Nossa dúvida é: como esse embate de Emmas será capaz de transformar Estella em Cruella?
Jasper e Horácio
Vale mencionar que Estella não estará sozinha em seus planos, já que, assim como no desenho animado da Walt Disney, o roubo dos 101 dálmatas foi realizado pelos capangas de De Vil. A diferença central prometida em críticas do filme publicadas nesta quarta-feira (26) é de que os personagens sejam retratados com maior profundidade, assumindo o protagonismo em certos momentos. Alguns artigos chegam a mencionar a relação de Cruella com Jasper e Horácio como a concretização do sentimento de família que a orfã Estella nunca teve – e, até mesmo, a possibilidade de um romance. Será?
crueldade animal?
A maior dúvida, entretanto, é de um elemento que não foi mencionado – até agora – em críticas, trailers ou teasers: como exatamente será a relação dos dálmatas com Cruella? Na história inicial temos a vilã como uma espécie de metáfora para a crueldade animal praticada por diversas marcas de moda e beleza, as quais usam ingredientes extraídos com desrespeito à vida animal, fazem testes em bichinhos e terminam o ciclo poluindo o ambiente.
Entretanto, nesta versão há a sensação de que o roubo dos dálmatas não possui mais relação com essa reflexão, sendo apenas uma estratégia para irritar outra figura tóxica da moda, a baronesa. Sendo assim, será que teremos uma complexidade com os dálmatas também ou eles estão mesmo em segundo plano?
identidade
Quando Glenn Close vestiu a peruca preta e branca, Cruella era uma vilã caricata de um filme infantil que gerava vontade de proteger os animais, por meio da proximidade que criamos em relação aos dálmatas. Agora, com Emma Stone assumindo o papel, o roteiro aparentemente promete mostrar uma série de mágoas vividas desde a infância de Estella, as quais vão moldando uma vilã que quer superar a baronesa.
Com uma nova identidade, ela assume o código de vestimenta black and white da ex chefe até no cabelo e rouba seus cachorrinhos. Porém, será que os traumas de Estella explicam mesmo o nascimento de Cruella ou vamos acabar nos deparando com um fraco remake repleto de caricaturas que tentou ser profundo?
Aguardamos a estreia do filme para responder tantas perguntas!