Desde que anunciou ao mundo ser um homem transgênero, em dezembro de 2020, Elliot Page vem compartilhando com os fãs e seguidores, detalhes de sua rotina e a jornada de autodescoberta.
Em nova entrevista com a ‘Esquire’, o astro de ‘The Umbrella Academy’ revelou um dos momentos mais desafiadores até agora: a divulgação de ‘Juno’, em 2007. Na época, o ator estrelou o drama romântico que acompanha a história da adolescente Juno MacGuff, que engravida do melhor amigo e, mesmo decidindo levar a gravidez até o final, o entrega para adoção.
Na sequência, escolhe um roqueiro e sua esposa para serem os novos pais adotivos da criança. O longa foi um dos principais projetos para expandir a fama de Page em Hollywook. No entanto, a divulgação, segundo ele, foi um pesadelo.
“Quando ‘Juno’ estava no alto de sua popularidade, durante a temporada de premiações, eu fui colocado no armário, e me vestiram com salto alto e todo um look”, disse, relembrando o dia em que promoveu o filme no Festival de Toronto. “Eu não estava bem e não sabia como falar sobre isso com ninguém”, confessou.
A Fox Searchlight, estúdio responsável por bancar a produção, insistiu que Elliot usasse peças femininas, especialmente durante as premiações. “Eu disse que queria usar um terno [para o Festival de Toronto], e a Fox Searchlight basicamente disse: ‘Não, você tem que usar vestido’. Então me levaram apressados a uma daquelas lojas luxuosas da Rua Bloor, em Toronto”, recordou-se.
“Eles me fizeram usar um vestido e foi isso. E aí, durante toda a promoção de ‘Juno’, todas as fotos da imprensa, Michel Cera (colega de elenco) estava de moletom e tênis”, lamentou.
“Não importa se você é cis ou trans. Muitas mulheres se vestem como eu me visto. Não tem nada a ver com isso”, lembrou ele que afirmou ter passado por momentos desafiadores e seus conflitos internos o levaram para o fundo do poço. “Quando ‘Juno’ estava explodindo, isso soa estranho para as pessoas, e entendo que as pessoas não entendem. [Elles pensam] ‘Ah, foda-se, você é famoso, tem dinheiro e teve que usar um vestido, que peninha”, pontuou.
“Eu não, ‘não entendo’ essa reação. Mas isso está misturado com: ‘eu gostaria que as pessoas entendessem que essa merda literalmente quase me matou”, completou.