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Entrevista com Sarah Blakley, autora de A Garota da Capa Vermelha

Sarah Blakley

Contamos aqui que a Sarah Blakley, autora de A Garota da Capa Vermelha, estaria na Bienal do Livro de São Paulo para uma sessão de autógrafos e uma mesa redonda com o tema “Vampiros e Lobisomens”.

É claro que nós não perdemos a oportunidade e fomos conversar com a autora!  Confira o nosso bate-papo:

Sarah Blakley

tt: Existe algum autor que te inspirou a escrever livros de fantasia?

Sarah: “Sim, tem uma autora chamada Ursula K. Le Guin, que tem uma história incrível chamada ‘Os que se afastam de Omelas’, que conta a história de uma criança mantida em cativeiro por uma cidade inteira e que tem uma vida terrível. Esse conto me interessou pela ideia da mentalidade de massa, de uma cidade inteira se unindo contra uma pessoa. A ideia de que, ao caçar uma pessoa, você pode se tornar pior do que ela, que tem a ver com o personagem que Gary Oldman interpreta no filme (Padre Solomon).”

tt: Então você escreveu mais uma história sobre o ser humano, e não tanto de fantasia?

Sarah: “Exatamente! E eu acho que há um jeito de se escrever fantasia… eu também dou aulas de Escrita Criativa e de Escrita de Ficção na Universidade de Oregon. Eu experimento muitas coisas de sci-fi e fantasia, mas o principal é que o texto não pode ser muito diferente da realidade. Os personagens têm que ser fortes, as pessoas têm que acreditar neles, tudo o que você descreve tem que fazer sentido. Por exemplo, se você descreve um pistache, você não pode simplesmente falar ‘pistache’, mas o leitor também tem que sentir como é a casca do pistache, a textura dele por dentro… A realidade tem que estar lá para que você acredite no que é mágico.”

tt: Você tem pretensão de fazer versões de outros contos de fada também?

Sarah: “Eu tenho muitos planos, mas as pessoas sempre voltam para os mesmos temas. Por exemplo, a onda dos vampiros. Você pensa: ‘não é possível que haja mais uma história ou série de TV ou filme de vampiros’ e surge mais uma. Então existe essa fascinação que, de alguma forma, nos atinge de uma forma intensa…”

tt: Então para agora, você não está trabalhando em nenhuma adaptação?

Sarah: “Para agora eu não estou trabalhando em uma adaptação de conto de fadas, mas eu retorno bastante a eles, quando eu escrevo, já que são histórias universais.”

A Garota da Capa Vermelhatt: Por que você escolheu recontar a história da Chapeuzinho Vermelho?

Sarah: “Foi porque minha amiga Catherine Hardwicke, que é a diretora do filme, me procurou e disse que seu amigo Leonardo DiCaprio, produtor do filme, queria fazer Chapeuzinho Vermelho. Então Catherine e o roteirista David Johnson criaram esse mundo e Catherine me disse: ‘Você já ganhou esse prêmio na universidade, por que você não tenta criar um romance a partir disso?’. E foi assim que surgiu a ideia.”

tt: Então foi um desafio para você?

Sarah: “Foi mais como uma tarefa. É bom para quem pratica a escrita criativa, porque quando você tem um mundo de possibilidades, isso também é meio limitador de certa forma. Quando você tem um papel em branco em sua frente e você pensa que pode fazer tudo, é meio aterrorizante.”

tt: Qual é o seu personagem de conto de fadas favorito?

Sarah: “A Chapeuzinho Vermelho! Eu me sinto muito próxima dela agora.”

tt: Mas quando você era pequena, você tinha alguma admiração especial por algum personagem de conto de fadas?

Sarah: “Você sempre gosta mais de quem parece com você! Provavelmente eu me convenci de que eu parecia a Bela Adormecida, que tinha um cabelo superlongo, ela tem aquele vestido rosa e um azul…”

tt: Então você gostava mais dela pelo apelo visual do que pela mensagem da história?

Sarah: “Sim, a mensagem, essa é uma boa pergunta! Ela tem uma mensagem de mudança, porque ela deixa o trono de lado. É algo que tem tudo a ver com a adolescência… você não é uma coisa nem outra… acho que ela é bom símbolo dessa transformação que acontece na adolescência.”

tt: Você sempre gostou de vampiros, lobisomens e outras criaturas fictícias?

Sarah: “Digamos que sempre gostei de animais. Sou vegetariana e na minha biografia que está no livro eu coloquei que gosto mais de lobos do que gosto de pessoas. Porque eles são tidos como perigosos e eu pensei: ‘isso não é muito legal com os lobos’. O livro retrata os lobos como criaturas más. Algo me atrai, a afeição natural dos animais, eu acho.”

tt: Quando você escreveu “A Garota da Capa Vermelha”, já tinha a intenção de atingir o público teen?

Sarah: “O livro foi escrito para a Editora Little Brown [a mesma que publicou livros de J. K. Rowling e Stephenie Meyer], então eu sabia que era para leitoras jovens, mas de qualquer forma eu não gostaria de deixá-lo mais sexual ou violento do que está no livro.”

Sarah Blakleytt: E como tem sido a resposta dos leitores quando você vem a lugares como o Brasil?

Sarah: “Tem sido incrível! As pessoas dizem que se emocionam com os personagens, eu adoro quando as pessoas dizem ‘estou apaixonada pelo Peter!’, ‘estou apaixonada pelo Henry’! É uma coisa maravilhosa você conseguir criar um personagem pelo qual as pessoas ficam apaixonadas, ou com as quais elas se identificam de alguma forma…”

tt: Você tira inspiração desse contato que tem tido com diferentes culturas de todo o mundo?

Sarah: “Primeiramente, eu acho que só de receber informações de culturas diferentes faz sua mente trabalhar de outra forma. Alguns autores dizem que ir a festivais e ter essa interação não interfere no processo de escrita, que é basicamente sentar em sua mesa e escrever, mas para mim é uma inspiração ver quantos leitores existem. As pessoas dizem que ninguém lê mais, que os e-books são a morte da indústria editorial, e isso não é verdade! As pessoas estão lendo mais do que nunca. Dizem que crianças não leem, elas só querem jogar videogames e brincarem em seus iPads, mas não, elas estão usando seus iPads para lerem também. Tem sido incrível, acho que é um renascimento para a leitura.”

tt: Que livro você indicaria para nossas leitoras adolescentes?

Sarah: “Existe uma autora de Los Angeles, Francesca Lia Block, que escreve uma série de livros chamada ‘The Dangerous Angels’. O primeiro livro chama-se ‘Weetzie Bat’, que é o nome do personagem principal. Dá pra ler em duas horas, deite em uma banheira e leia! (risos) No livro você consegue experimentar a atmosfera de Los Angeles.”

tt: Qual a sua principal dica para quem sonha em ser escritora?

Sarah: “Sente em sua mesa. Se você perguntar sobre viajar, eu diria que é válido, todas essas informações colorem o jeito como você as coisas, são diferentes válvulas que mudam o jeito que você enxerga o mundo. Mas qualquer pessoa que tenha passado da infância tem o suficiente para escrever, ela poderia passar sua carreira escrevendo sobre isso. Mas simplesmente sente em sua mesa. Sabe, peça para seus pais te trancarem em seu quarto por duas horas (risos). A melhor coisa pra mim é ter uma agenda rígida. É um conselho chato, mas é a verdade. Você tem que viver as experiências, mas depois, sente em sua mesa.”

Confira o recado exclusivo que a autora mandou para seus fãs brasileiros:

 

Ela não é uma fofa? 🙂

Nós adoramos a entrevista e já estamos loucas para ler os livros e autores que a Sarah citou! E vocês, girls? Curtiram?

Texto: Melissa Ladeia Marques
Entrevista: Julia Dantas
Foto e vídeo: Janaína Ferraz / Todateen

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