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Entrevista com Tiago Iorc

Cantor falou sobre carreira e planos em entrevista à tt

Foto: Rafael Kent/Divulgação

Foto: Rafael Kent/Divulgação

 


– Eu conheci seu trabalho faz pouco tempo, mas seu primeiro CD é de 2008. O que mudou de lá pra cá?

Ah, eu continuo tendo a mesma essência, mas, naturalmente, eu mudei, minha vida e as coisas ao meu redor também. A minha percepção sobre as coisas mudou e isso me influenciou. A principal mudança é que meu trabalho de hoje é uma releitura do que eu fazia, do que eu gosto de fazer.

– Sua história passa por vários lugares, como Brasília, Curitiba, Inglaterra, Estados Unidos… O que você trouxe desses lugares para sua música e em qual deles você acredita que tenha se descoberto musicalmente?
Eu acho que foi um encontro de tudo isso, eu morei no sul, fora do Brasil e isso, claro, influenciou muito, porque eu saí de lá muito cedo. Acho que meu som reflete muita coisa, tanto que meu trabalho consegue conversar com de tudo um pouco.

– Pra mim, as suas músicas são ótimas pra ouvir tanto com alguém especial, quanto sozinha. Eu queria saber como você define a sua própria música. Pra mim, ela tem um quê de John Mayer…
Se eu tivesse que me encaixar em algum gênero, tem uma forma que o pessoal lá fora usa pra denominar um tipo de cantor que é o singer-songwriter, ou seja, o cantor-compositor aqui no Brasil. Eu cresci em um ambiente onde se ouvia música fácil da época dos meus pais e eu me identifico muito com isso, com o fato de eu tocar violão, que é meu escudo, é o berço de tudo o que eu faço, né? Então, isso pode se encaixar em determinados gêneros, mas não especificamente um, tem o pop, o rock, mas principalmente a conversa do violão com a minha voz, essa é a identidade do meu trabalho.

– Na hora de compor, você tem algumas referências ou alguém em quem você se inspire?
Acho que no começo da minha carreira isso existia, o próprio John Mayer, como você comentou, era uma inspiração. No meu primeiro disco isso foi mais aparente, porque eu estava começando, descobrindo uma forma de fazer música, até porque eu toquei durante muitos anos em bandas que faziam covers e estava acostumado com isso. Mas quando eu precisei me descobrir como compositor, as minhas nuances começaram a aparecer, porque hoje eu não paro pra ouvir música e me inspirar nelas, eu acabo me inspirando em outras coisas, outros reflexos.

– Pra compor, você tem algum ritual ou é mais espontâneo mesmo?
Acontece de várias formas, mas eu percebo que as músicas que mais ecoam para as pessoas, que comovem ou fizeram mais sucesso com o público, são as que eu menos dediquei tempo racional ou intelectual, de pensar muito no que eu estou fazendo. Simplesmente vem uma melodia ou uma letra, quase como se eu estivesse canalizando alguma coisa no meu inconsciente, algo com o que eu me conecto. Eu também sou muito da melodia, de brincar com o instrumento, e essa é minha principal forma de compor, tocar violão acaba me instigando palavras, lembrando situações. Em raras vezes, eu consigo escrever algo primeiro, aí olha pra aquilo e me inspiro pra musicar.

– Ainda sobre isso, é melhor compor na fossa ou apaixonado?
Acho que qualquer momento, não tem essa coisa muito específica, não. O mais importante é estar conectado com a sensibilidade, com a sensação de se abrir um pouco, esquecer o que é muito cerebral e pensado. Quando as coisas não são regidas por sensações, parece que se abre um pouquinho mais as possibilidades de se entregar e as pessoas que gostam de música, que vão até um show se conectam assim. Uma música apaixonada ou uma melancólica têm formas igualmente bonitas e necessárias, porque tem horas que a gente precisa de coisas mais alegres, mas eu também vejo muita beleza na melancolia, na coisa mais sussurrada e misteriosa.

– Pensando na sua rotina, me conta um pouco como está a sua vida?
Eu vim de uma turnê que terminou no final do ano passado, em dezembro, que foi do meu disco mais recente, o Zeski, e agora eu me dei uns meses de férias pra reabastecer, pra compor e viver essa vida nova, já que eu escolhi voltar pro Rio e reviver essa ambiente em que eu já tinha estado há um tempo. Acho que agora fez mais sentido estar aqui, ficar perto da natureza e da praia que eu gosto muito. A minha rotina agora tá bem em ritmo de férias mesmo! Estou procurando um lugar pra morar, aliás, já encontrei um apartamento, então daqui a pouco vai vir aquela coisa de preparar o meu ninho, minha estrutura.

– Falando no seu último CD, são várias parcerias, uma regravação do Legião Urbana… Como foi o processo de escolha disso tudo?
Ah, ficou bem nítido nisso que tu falou, foi um álbum bem colaborativo, diferente dos outros, que foram bem solitários no sentido de composição. Essa possibilidade de dividir a tarefa de escrever, pensar nas soluções me agradou muito, e isso é muito rico, encontrar parceiros pra fazer e criar é mais gostoso! Quando se encontra parceiros que estão na mesma sintonia que a sua, o resultado fica mais bonito! A produção teve vários estágios: eu iniciei escrevendo e, quando eu percebi, não estava planejado essa coisa de cantar em português, mas as possibilidades surgiram e eu lembrei de alguns amigos que gostariam de desenvolver isso comigo. A própria gravação do disco reuniu mais pessoas do que o normal, diferentes músicos que participaram em diferentes faixas.

– Tem alguma música que você considera mais especial?
Uma que eu gosto muito, foi meio que uma libertação, algo latente pra acontecer, que foi a primeira música que escrevi em português, que é Um Dia Após O Outro. Além de ter esse marco, a música em si é muito o que eu vivo e parece que representa bem a energia que eu gostaria de emanar parar as pessoas, como se fosse a função do meu trabalho, como musicista e ser humano.

– Recentemente você se apresentou na praia de Ipanema (RJ) e deu pra ver que o visual era muito bonito. Dá pra sentir alguma diferença no seu público do Brasil e fora daqui?
Foi lindo! De uma forma geral, tem uma coisa do brasileiro que é bem visível: é o sorriso, a entrega, o abraço, isso fica bem nítido nos shows também. Mas o público que gosta de música, que vai a shows, já tem um pouco essa vontade de dividir alguma coisa, é quase que parecido em alguns lugares, mas com nuances diferentes.

– As suas músicas estiveram na trilha sonora de várias novelas antes de começar a ser cantada pelo público, e hoje a gente vê uma identificação maior com você, até de uma galera mais jovem mesmo, como as nossas leitoras. De certa forma, você já esperava essa identificação?
Não sei, confesso que, talvez, não, mas ao mesmo tempo, sim! O público jovem é o que mais se manifesta, tem mais energia, disposição pra estar em contato com o que está acontecendo no mundo, então isso é muito legal, é uma troca constante. Só que a minha música também conversa com outros públicos diversos, então não penso muito nisso. Acredito que a partir do momento que ela sai daqui, de mim, ela passa a ser de quem ela quiser!

– E a sua relação com as fãs, você é megatietado nas ruas?
Eu acho muito tranquilo, porque eu costumo passar essa tranquilidade nas minhas músicas, nos shows. Eu também sou tranquilo e gosto de ser assim, o que acaba tendo um impacto na forma como as pessoas administram a relação comigo também. Então, eu sinto muito amor e tranquilidade quando os fãs me encontram nas ruas e depois dos shows, porque eu costumo receber todo mundo pra dar um abraço, tirar fotos e dividir aquele momento. Sinto um contato muito humano e verdadeiro!

– Olhando pra 2014, quais são os seus principais planos?
Bom, primeiro eu preciso de uma casa, sou um sem teto, por enquanto! (risos) Depois, quero voltar a trabalhar mesmo, fazer muitos shows, que devem começar em abril, mas como vai ter a Copa, não sei o que vai acontecer nesse intervalo, talvez a gente dê uma pausa pra preparar uma nova turnê que começa em setembro, não sei. Mas as coisas estão sendo organizadas ainda, por isso estou mais focado em curtir as minhas férias e organizar meu cantinho. (risos)

– Você falou sobre a música Um Dia Após O Outro, que fala muito sobre seguir em frente, viver um dia de cada vez. Você também vive a vida desse jeito, qual é a melhor maneira de ser feliz?
Eu vivo demais dessa forma, embora seja bem importante encontrar objetivos, pra que esse um dia após o outro siga o que está de acordo com o que eu acredito, que está orientado com o que me traz plenitude, paz, tranquilidade e amor. É isso que rege as minhas ações, então, eu dou um passo de cada vez e aprende a não viver em cima de expectativas, mas ao mesmo tempo com foco pra que isso vá pra algum lugar. Muitas vezes, isso está no seu presente mesmo! Precisa estar no seu presente pra que você não viva pensando “preciso chegar a algum lugar”, mas sim “eu já tenho esse lugar e quero mantê-lo”.

Entrevista: Carolina Firmino

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