Depois de ganhar o Grammy de Álbum do Ano pelo seu projeto de estreia, Billie Eilish lançou nesta sexta-feira (30) o tão aguardado sucessor de When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (2019). Novamente composto e produzido ao lado de seu irmão, Finneas O’Connell, Happier Than Ever coroa a nova fase da carreira da artista mostrando todo o talento dessa dupla tão prestigiada no mundo da música.
Com 16 faixas, o público embarca no projeto já conhecendo cinco das canções – my future, Lost Cause, Your Power, NDA e Therefore I Am. Porém, isso não prejudica nem um pouco essa jornada, já que Billie consegue criar mais um álbum que encanta ao explorar os próprios sentimentos com liberdade e de uma forma muito direta nas canções.
Em seu primeiro disco, Eilish já abordou muitas questões importantes, como saúde mental. Mas Happier Than Ever acompanha o amadurecimento da artista e traz ainda mais temáticas relevantes envolvendo seu crescimento. E a escolha dela em compartilhar sua experiência com o público é muito especial, levando em conta que seus fãs são pessoas que, assim como ela, também estão crescendo e aprendendo!
Logo na faixa que abre o álbum, Getting Older, Billie já destaca os desafios de ser uma mulher de 19 anos com a vida pública e que está lidando com consequências que a carreira grandiosa trouxe para sua vida. Apesar de essa ser uma realidade distante, a sinceridade pela qual ela fala sobre suas próprias questões faz com que o público se identifique facilmente com suas mensagens. Com composições arrebatadoras, canções como my future e Everybody Dies continuam com a mesma proposta de refletir sobre a vida.
Outro tema universal que Billie faz questão de tratar ao longo do álbum é o corpo. Not My Responsibility, por exemplo, é uma faixa falada que faz parte de um curta-metragem da artista, o qual foi transmitido durante shows de sua última turnê. Este relato, novamente honesto e necessário, foi colocado na metade do álbum, no que parece ser uma forma bem intencional de lembrar sua transparência ao trazer suas vivências em forma de arte.
Vale lembrar que Billie já havia falado em 2020, durante uma entrevista à GQ , sobre como se sentia “presa” na persona que havia criado. “Às vezes acho que as pessoas não me veem como uma mulher”, relatou a artista na época. Contudo, ainda após mudar o visual para a nova era e ter diferenciado seu estilo em um ensaio para Vogue, seu corpo continuou sendo alvo de críticas.
Então é muito significativo ver como Billie continua disposta a usar sua voz para criticar os padrões da sociedade machista em que vivemos. Um ótimo exemplo de como isso é explorado a partir de diferentes perspectivas no álbum é em Male Fantasy, quando a artista aborda questões como prazer e cultura da pornografia.
A faixa título Happier Than Ever, acompanhada de outras canções como os singles NDA, Lost Cause e Your Power, ainda trazem à tona as diferentes visões de Billie após viver um relacionamento tóxico. Contudo, Halley’s Comet e Billie Bossa Nova mostram como a cantora também está passando por novas experiências.
E teve Bossa Nova mesmo? A artista conseguiu dar seu toque especial no estilo brasileiro e colocar um sorriso no nosso rosto com essa canção. Em entrevista à revista francesa Madame Figaro, Eilish contou ter usado “todo esse mundo musical que existiu antes” dela como referência para as canções do álbum e ainda citou Tom Jobim como inspiração.
Faixas como Oxytocin, I Didn’t Change My Number e GOLDWING também deixam claro como a produção de Finneas foi capaz de aproveitar de toda essa herança musical citada por Billie e ainda sair do óbvio, nos surpreendendo com tantos detalhes – e vocais incríveis da cantora!
Ouça abaixo o álbum completo:
