As tendências dos anos 2000 estão com tudo! Com elas, a moda Y2K fez seu retorno no universo das fashionistas de plantão. “A Y2K ressurge e revive algumas tendências não apenas de moda, mas de estética, da cultura pop, lá dos anos 2022”, explica a stylist Janaina Souza em entrevista à todateen.
Cintura baixa, boina, brilhos e óculos com lentes coloridas, por exemplo, são alguns dos elementos característicos do estilo conhecido como “bug do milênio”, já que muitos acreditavam que na transição de um ano ao outro, aconteceria uma espécie de “paralização” de todos os sistemas.
“As peças são, de fato, mais ajustadas e curtas. Então temos minissaias com fendas, calças skinny e, principalmente, peças de cintura baixa. A ideia é evidenciar o corpo em geral”, acrescenta ela.
Moda Y2K, ciclo dos 20 anos e os novos gatilhos
Agora, se você está questionando sobre esse retorno fazer parte do movimento do ciclo de 20 anos, a resposta é sim. Em resumo, a ideia é que a cada 20 anos, o mundo e a construção social daquele momento incline-se para reviver e retomar algo que foi tendência há duas décadas.
No entanto, estamos em 2022 ou seja, algumas coisas já não são mais tão aceitáveis e maltratar os nossos corpos para se encaixar em uma tendência não faz sentido.
“É complicado pensar no retorno da moda Y2K. Além de despertar gatilhos com relação à nossa autoimagem, principalmente de pessoas mais sensíveis, está conectado a uma era onde eu acredito que não tínhamos um senso crítico tão grande quanto às discussões de autoestima ao que éramos ou não influenciados”, alerta a stylist.
Um alerta ao culto à magreza e as pressões estéticas
Para além das peças e inspirações, a moda Y2K traz alguns fantasmas, incluindo o famoso culto à magreza e toda a pressão em prol dos corpos padronizados.
“Quando vemos uma foto ilustrando da Paris Hilton ilustrando essa tendência, por exemplo, entendemos que nesse período não existia a consciência de que uma mulher tem o poder de escolher expor ou não as partes do corpo que ela se sente confortável”, conta a psiquiatra Malu de Falco, especialista em transtorno alimentares.
Para ela, o alerta vermelho com esse comeback, se faz necessário principalmente no quesito desconforto. “Existem danos físicos que uma calça de cintura baixa pode causar. Há relatos de mulheres que ficaram com marcas, duplas cinturas e que o corpo foi se desenvolvendo dessa forma. Quando pensamos em adolescentes, o cuidado precisa ser duplicado, já que todo transtorno começa com uma restrição e isso pode ser um gatilho para o início de dietas altamente restritivas”, afirma.
Enquanto isso, Janaína também acrescenta que por mais que exista todo um movimento em que é mais saudável a autoaceitação e a forma como realmente somos, existem barreiras em relação à beleza e ao considerado “corpo belo” que precisam ser quebradas.
“Hoje, quem tem esse discurso de aceitação enfrenta alguns problemas por mostrar para as pessoas que elas realmente deveriam se aceitar por uma questão de saúde mental, por exemplo. Não simplesmente por uma questão de beleza”, conta.
“Então, precisamos considerar que a Y2K não é uma tendência democrática. Não é apenas retomar com essas referências que fizeram sucesso nos anos 2000 e tudo bem. Tem que haver um cuidado com o que consumimos, porque ela contrapõe uma construção de aceitação que a gente vem trabalhando”, pontua.
Entre na trend Y2K com o corpinho que você tem – ele é lindo!
Apesar do cuidado e não tomar como referência aquilo que, de fato, NÃO é real, é possível sim entrar na tendência, brincar com os itens e se sentir lindíssima. “Existem outras formas de criar e adotar essa estética”, conta Janaina que ainda traz algumas apostas.
“Por exemplo, pensando em acessórios mais coloridos e divertidos, com carinhas e figurinhas. Quanto aos óculos, aqueles modelos com a lente transparente, com uma inclinação mais amarelada e colorida, mas de lente transparente”, conta sobre os itens.
“Aquele look all-jeans é uma das principais referências dessa estética. Outra opção são conjuntos de veludo. E por fim com monogramas, padronagem registrada em diversas marcas”, acrescenta a stylist.
Por fim, segundo Malu, é preciso ver as possíveis adaptações da tendência que te deixam confortável e isso compreende o entendimento de que o seu corpo é como é, está como está e que você tem o direito de mudar ele, mas de uma maneira consciente que te faça enxergar que o corpo que você tem hoje te fez chegar até aqui.