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Opinião: homens e mulheres erram, mas a punição ainda é maior para elas

Opinião: Homens e mulheres erram, mas a punição ainda é maior para elas
Opinião: Homens e mulheres erram, mas a punição ainda é maior para elas

Na última terça-feira (14), mais uma eliminação aconteceu no BBB21. Disputando o paredão com Arthur e Fiuk – que já mostraram alguns comportamentos abusivos dentro do reality – Thaís foi a escolhida pelo público e eliminada com 82,29% dos votos. Já prevendo o que ia acontecer, antes de tirar a cirurgiã-dentista da casa, a edição do programa apresentou um VT exaltando as cinco mulheres restantes.

Tiago Leifert chegou a ressaltar o fato de que o Big Brother Brasil deu o prêmio de R$ 1,5 milhão para mulheres nas últimas cinco edições, um marco interessante para o programa. Em 2020, as participantes estavam totalmente conscientes e vigilantes em relação ao comportamento machista dos homens da casa e, confrontando suas atitudes, fizeram o público comprar a ideia de tirar um a um. No entanto, em 2021, onde tanto as sisters quanto os brothers erraram, a balança se mostra injusta e pende mais para um lado.

Carla Diaz foi o primeiro alvo que me incomodou. Em um paredão com Fiuk e Rodolffo, a atriz levou a pior. Uma das maiores justificativas pelo ocorrido foi quando ela voltou do paredão falso e foi correndo para os braços de Arthur, que claramente não a tratava bem. A culpa era dela? Mesmo tendo acesso à câmeras no quarto secreto, ela não viu o affair falar mal dela uma vez sequer.

Quantas vezes passamos por situações parecidas com as de Carla, em que não percebemos que a relação não é saudável? Além disso, durante uma festa poucos dias antes da eliminação, o instrutor de crossfit (que segue na casa) ainda forçou beijos na atriz, me fazendo lembrar de uma situação que vivi há poucos anos e não soube como reagir, a qual ainda nutro um sentimento de culpa. Ela também não percebeu, “errou” em continuar com o boy e saiu do programa antes do que ele.

Carla Diaz e Arthur no BBB21

Reprodução/Globo

Sarah também foi ao paredão com Rodolffo e acabou levando a pior. Esse é um caso mais emblemático, visto que a consultora de marketing debochou abertamente da pandemia durante sua estadia no reality. O erro foi grave e feriu pessoas vítimas de um vírus que já matou quase 400 mil brasileiros no período de um ano. Não consigo ignorar, mas não consigo aceitar também os erros de seu adversário, que em mais um paredão, pareciam ter sido minimizados com a justificativa de que ele “podia esperar e sair no próximo”. Sarah apresentou rejeição e foi punida com 76,76% dos votos.

Rodolffo, por sua vez, só saiu (sem rejeição) quando foi com Caio e Arthur e não me espantaria ver ele ficando na casa se fosse ao paredão com Viih Tube ou Pocah, as quais apenas a forma de jogar não é bem vista aqui fora. O cantor sertanejo já havia mostrado comportamentos apontados pelo público como homofóbicos, como a vez que criticou o vestido de Fiuk, dizendo que nas baladas de Goiânia aquilo seria cômico e nada bem visto. Na hora de votar, isso pareceu ter diminuído.

Por fim, temos a última eliminada, Thaís.  Além de comportamentos misóginos, Fiuk e Arthur foram e ainda são vistos como “bobos” e “apenas moleques” pelas situações muitas vezes, mas é claro que a sister teria um peso maior nisso. Certas atitudes dos participantes homens, consideradas como as de “um menino aprendendo”, serviram para diminuir seus erros, enquanto a cirurgiã-dentista era taxada como “burra” e “imatura demais” na internet. Thaís foi vista como infantil, e ao contrário do tratamento para o núcleo masculino, foi ridicularizada.

Thais e Fiuk no BBB21

Reprodução/Globo

Além disso, o público já apontou que as atitudes “passivas agressivas” de Fiuk com Juliette eram uma forma de abuso, como as brigas em que ele teve sobre o cuscuz e o bolo, onde distorceu toda a situação para fazer com que a paraibana duvidasse do que ela fala ou sabe – um caso claro de abuso psicológico na sua forma mais discreta possível. Mesmo com alguns debates na internet, isso ainda não foi colocado em cheque em nenhum paredão e ele também continua na disputa, pois claro, elas primeiro!

No BBB21, todas essas atitudes masculinas sempre são justificadas com “ele precisa aprender” ou “mas o coração dele é bom” ou até um “ele é imaturo ainda”, mesmo se o participante tiver mais de 30 anos nas costas. A punição de mulheres é prioritária e esses mesmos pensamentos não são aplicados a elas. Pelo contrário, surgem sempre comentários como “mas mulher é mais madura” – mesmo quando bem mais novas – ou “sabia das consequências”. Quantas vezes você já ouviu um “meninas devem sempre que se comportar”? Bom, é por esse lado.

Thaís foi vista como infantil, e ao contrário do tratamento para o núcleo masculino, foi ridicularizada.

O julgamento vem de todos os lados. A tal da sororidade (união e apoio entre mulheres) mencionada por Manu Gavassi na edição passada, também não é colocada em voga em muitos momentos. Sarah foi um exemplo claro de mulher que preferiu duvidar da amiga do que de homens que a colocaram no paredão na primeira oportunidade que tiveram. Além disso, justificava atitude dos participantes como: “É um menino que faz as coisas sem pensar“. Fora de um reality em TV aberta, isso é mais recorrente do que parece e tais comportamentos só servem para minimizar e isentar homens de uma punição.

Eu sou daquelas que analisando os erros de homens e mulheres, me posiciono em tirar os homens, ou pelo menos busco não colocar um peso maior nas atitudes de mulheres, como vejo diariamente na internet. Não é novidade para ninguém que a figura feminina é mais julgada e será muito mais fácil para o público lidar e “perdoar” as atitudes homofóbicas e racistas de Rodolffo, do que o negacionismo de Sarah com a pandemia, por exemplo. É claro que os dois erraram absurdamente. Mas é preciso enxergar que a figura feminina é sempre punida com mais urgência.

Thaís também teve outros fatores para ser eliminada, mas mesmo assim, será mais julgada por erros infantis do que Fiuk, e Arthur ainda irá minimizar os erros com Carla usando a justificativa de que é só um menino aprendendo e que tem dificuldades em não parecer agressivo às vezes, como alguns comportamentos que já teve com Juliette. Arthur, você não precisa de mais chances para se redimir e conquistar o público na TV brasileira, você precisa, de no mínimo, uma terapia. Homens e mulheres erram, mas a punição ainda é maior para elas. A análise é feita com acontecimentos de dentro do programa, mas está longe de ficar apenas entre as paredes do confinamento.

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