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Racismo e algoritmos: a realidade preconceituosa por trás da lógica da timeline

Racismo e algoritmos: a realidade preconceituosa por trás da lógica da timeline
Racismo e algoritmos: a realidade preconceituosa por trás da lógica da timeline

O ano de 2020 ficará marcado não só por uma pandemia avassaladora, mas também por colocar, com potência, o racismo contemporâneo no debate público.

A movimentação reforçada pelo “Black Lives Matters” chegou ao Brasil, e apesar de ainda não vivermos uma realidade de respeito em todas as instâncias, recentemente o “Vidas Negras Importam tem levantado outro ponto fundamental a ser questionado: o preconceito exercido pelas tecnologias, presentes em plataformas de videochamada, bancos de imagem, redes sociais e mais.

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Neste 20 de novembro, data conhecida pelo feriado da Consciência Negra devido à morte de Zumbi, líder do histórico Quilombo dos Palmares, a todateen gostaria de causar uma reflexão sobre a necessidade de romper com as estruturas racistas em todos os espaços possíveis, incluindo o virtual.

Mais do que um lugar onde se propaga ódio, a internet muitas vezes acaba reforçando estereótipos preconceituosos por meio de tecnologias que não preveem a diversidade.

Recentemente, iniciativas independentes obtiveram sucesso ao criar bancos de imagem que fossem além do padrão branco que ainda exerce soberania em nossa sociedade, mas se você digitar, por exemplo, “cabelo bonito” no banco de imagens de plataformas de pesquisa comuns, verá que a maioria do resultado obtido ainda é de mulheres brancas, enquanto “cabelo feio” traz um resultado majoritário de fotos de mulheres negras.

E não para por aí: oTwitter registrou reclamações de pessoas negras que, ao tentar usar um filtro durante uma videochamada, não tiveram seu rosto reconhecido, mesmo seguindo todas as orientações sobre ajustes de luz. O usuário Colin foi o primeiro a relatar o problema de um colega da Universidade:

“Um membro do corpo docente perguntou como impedir que Zoom removesse sua cabeça quando ele usa um plano de fundo virtual. Sugerimos o plano de fundo normal, boa iluminação, etc., mas não funcionou. Eu estava em uma reunião com ele hoje quando percebi porque isso estava acontecendo”.

Para completar esse cenário, influenciadores negros fizeram posts nos últimos meses em suas redes sociais que evidenciaram uma realidade: o Instagram, Twitter, TikTok e outras redes sociais possuem um algoritmo que privilegia a entrega de publicações de produtores de conteúdo brancos.

Na rede de até 280 caracteres, o usuário Tony Arcieri viralizou ao fazer um teste: qual das fotos a plataforma coloca em destaque, a do senador Mitch McConnell ou Barack Obama? Após muitas tentativas, a foto do ex-presidente dos Estados Unidos só foi publicada após a modificação das cores por meio de uma edição dos negativos.

Cláudia Capra é coordenadora de experiência do consumidor na LAR.app e já atuou em diversas empresas que marcam presença na esfera virtual. Para ela, a tecnologia é sua aliada no gerenciamento de projetos, pessoas e análise de dados para tomada de decisões mais assertivas, entretanto, reconhece que existe em muitas plataformas uma lógica de desenvolvimento de algoritmos que evidencia o pensamento de quem o criou.

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Entretanto, Capra vê a transformação se tornando cada vez mais próxima: “Com o avanço das discussões de diversidade e oportunidades oferecidas, cria-se espaço para que possamos ter voz ativa para mudar este cenário”.

Para a profissional da área de ciência da computação, é necessário investir em criadores de conteúdo com representatividade.

“É preciso consumir e produzir conteúdos de diversidade, apoiando cada vez mais esta causa e reforçando a importância de mudarmos este cenário para que possamos viver em uma sociedade mais igualitária”.

Ricardo Silvestre (@ricardosilvestre_) é CEO e fundador da Black Influence (@blackinfluence_), agência especializada em creators e influenciadores pretos ou periféricos que atua no desenvolvimento de projetos, consultorias, campanhas publicitárias e parcerias estratégicas para ajudar as marcas a se comunicarem de forma correta e assertiva, através de pessoas e plataformas com poder de influência dentro da comunidade.

O trabalho de Silvestre é essencial para uma transformação efetiva: “Quanto mais pessoas pretas estiverem criando conteúdos nas redes sociais, mais chances temos de driblar a lógica dos algoritmos racista”.

Mas o especialista em comunicação reforça que parte dessa mudança vem também de quem recebe o conteúdo produzido.

“Seguir influenciadores pretos é, sim, uma forma de driblar o comportamento racista destes algoritmos. Porém, além de seguir estes influenciadores, é preciso haver, um consumo relevante dos conteúdos que eles produzem. Compartilhar e fazer com que outras pessoas acessem esse conteúdo é fundamental”.

E você, já reparou nas publicações que são sugeridas ao longo da timeline? Para mudar essa realidade, faça a diferença adicionando mais diversidade à lista de quem segue.

Além do perfil da @blackinfluence_, Silvestre indica alguns dos creators que trabalham em sua agência: “Rodrigo França (@rodrigofranca), Bielo Pereira (@hellobielo), Roger Cipó (@rogercipo), Preta Araújo (@pretaraujo) e Nina Silva (@ninasilvaperfil) são alguns dos profissionais que indico. Claro que existem outros milhares de nomes incríveis que valem muito a pena conhecer e acompanhar”.

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