Rebecca AG, de 9 anos, criou seu canal como meio de lidar com o bullying que sofria e para se sentir menos sozinha. Após superar a situação, a garota viu que poderia atingir muita gente com seu canal e lançou a campanha #RecaccaAjudaVocê, que busca auxiliar crianças que estejam passando por alguma por algo parecido com o que ela vivenciou. Se liga no bate-papo com a fofa!
tt: Antes de se mudar e entrar na escola nova, você já tinha sofrido bullying?
Não. Antes eu morava na Noruega, onde eu nasci. Eu tinha muitos amigos diferentes lá, eles tinham cabelos com moicano, as meninas usavam calça jeans com saia por cima, e ninguém falava nada do cabelo ou da roupa de ninguém. Depois, eu morei também por um curto período no Rio de janeiro e também nunca falaram do meu cabelo.
tt: Quando foi que você percebeu que estava passando por isso e que tinha que fazer alguma coisa?
Logo que eu entrei na escola. Durante o recreio, eu me sentava na mesa e as meninas da minha turma levantavam, ficavam cochichando de mim e me olhando. Elas ficavam rindo e eu até tentava ser amiga delas, mas não conseguia. Aconteceu também com uma delas, eu via que ela queria ser legal comigo, mas as meninas não deixavam, parecia que ela tinha que obedecer as outras.
tt: Pra quem você pediu ajuda?
Não pedi ajuda pra ninguém, mas eu chegava triste em casa e a minha mãe começou a me perguntar o porquê disso até eu contar o que faziam comigo. Aos poucos, eu comecei a pedir para a minha mãe pra não ir para a escola. Mas a minha mãe conversou comigo e me explicou que se continuasse, ela me tiraria da escola. Ela foi à escola para conversar com a direção duas vezes. Depois que a coordenadora falou para mim que as meninas nunca fariam isso, a minha mãe mandou um whatsapp para o dono da escola e me tirou da escola.
tt: De onde surgiu a ideia de criar a hashtag? Você já tinha o canal antes disso?
A hashtag #rebeccaajudavoce surgiu depois que eu falei do bullying em uma entrevista. Eu já queria ajudar as crianças e tive essa ideia. O meu canal existia desde 2016. Comecei para ter com quem falar porque eu me sentia sozinha. Eu estava em um lugar muito diferente de onde eu vim, diferente em tudo. Aqui em Brasília já é difícil ter amigos porque aqui não tem rua (risos), a escola é o lugar no qual fazemos mais amigos e eu não tinha feito nenhum. Comecei o canal apresentando as minhas bonecas. Hoje em dia, eu tenho oito bonecas American Girl (por isso Rebecca AG, “AG” de American Girl), fui me apegando cada vez mais a elas (risos). Brinco até hoje!
tt: Quando percebeu que poderia ajudar outras pessoas com a sua experiência?
Quando o meu canal começou a ter inscritos, pensei que muita gente, principalmente crianças, iria escutar o que eu tenho pra dizer. Quando eu completei 1.000 inscritos, eu chorei e pensei: “imagina ter mil pessoas que eu não conheço e que escutam o que eu falo”. Agora que os meus inscritos aumentaram, comecei a gravar a série #rebeccaajudavoce e quero ajudar muitas crianças em vários assuntos. Já falei sobre bullying e vou falar agora sobre o jogo baleia azul (que vem matando adolescentes no mundo todo com games que incentivam o suicídio). Também quero falar sobre preconceito de pais separados e outros assuntos que as crianças me peçam para falar.
E para conhecer um pouquinho mais sobre a campanha, basta conferir o vídeo da girl!
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