Em seu romance de estreia, O Refúgio, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, o autor Mick Kitson fala de forma sensível sobre a relação entre duas irmãs, ao abordar temas como abuso sexual e violência doméstica.
Lançada originalmente em 2018, a obra venceu o prêmio na categoria de Melhor Estreia do Ano pelo Saltire Society Literary Awards, importante premiação escocesa, além de ter sido considerada uma das revelações literárias pelo The Observer.
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Narrando a história da jovem Sal e sua irmã mais nova, Mick, em entrevista exclusiva à todateen, contou um pouco mais sobre suas inspirações para a história, além de falar sobre sua carreira e planos futuros.
Confira!
Como sua paixão por literatura e livros começaram?
Eu tive um professor incrível de literatura na escola chamado Richard Andrews, ele me introduziu à poesia moderna e Shakespeare e eu fiz um curso de escrita criativa quando eu tinha uns 16 anos que teve muita influência sobre mim.
Você sempre quis ser escritor? Como foi esse processo?
Bem, demorou bastante tempo. Eu sempre pensei que eu poderia escrever um livro algum dia, mas várias outras coisas entraram no meu caminho. Eu tinha 54 anos quando escrevi “O Refúgio”. Eu escrevi logo depois que meu pai morreu e eu tenho certeza que aquele evento influenciou o modo que eu estava pensando.
De onde veio a inspiração para escrever seu primeiro livro, O Refúgio?
Eu sempre amei história de aventuras, e eu amo “As Aventuras de Huckleberry Finn”, do Mark Twain então eu comecei uma jornada para escrever uma versão que reunisse todas as coisas que eu amo. Coisas como natureza, as regiões selvagens da Escócia e pescaria.
Sal é uma personagem incrível e inspiradora. O que você mais gosta nela?
Eu gosto que ela é tão diferente de mim. Ela é o oposto de mim, ela é corajosa e durona e leal e ela não essa coisa de auto-piedade. Eu não sou nada dessas coisas. Ela é heroica – eu não.
Como foi pra você desenvolver a relação entre Sal e Peppa (irmã mais nova)?
Foi baseada na minha relação com o meu irmão, quando eu era mais novo (eu sou a Peppa). E também tem um monte de coisas que eu espelho das minhas próprias filhas faziam quando eram bem menores. Foi muito divertido de escrever porque as duas meninas tem energias totalmente diferentes.
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Você se inspirou nos anos 1980 e 1990 para construir o ambiente em que se passa a história?
Até certo ponto, mas eu queria ambientar o livro nos dias atuais.
Seu livro fala sobre tópicos bem difíceis, como violência doméstica e abuso sexual. Como foi pra você escrever sobre isso?
Foi interessante imaginar o que uma pessoa passando por essas coisas sente. Eu trabalhei como professor por muitos anos e eu encontrei várias crianças com um passado como o da Sal e que tiveram o mesmo tipo de desapego emocional que ela teve.
Na sua opinião, por que você acha que é importante falar sobre esses temas complexos?
Eu acho que é importante pensar sobre o jeito que agimos como pais, e o livro é realmente sobre paternidade e a relações entre adultos e crianças. Eu acho que minha geração cometeu vários erros na forma que a gente cuidou dos nossos filhos. “O Refúgio” é uma história sobre crianças que sofreram e foram decepcionadas pelo mundo dos adultos.
Qual foi a cena mais difícil pra você escrever?
A cena em que Sal “caça” a mãe dela pela floresta e pensa em atirar nela. Eu tive que fazer com que fosse plausível e tentar transmitir a extensão de toda a motivação de Sal. É também a cena que mais gosto no livro.
Qual seu maior objetivo com essa história? O que você quer passar para os seus leitores?
Acho que só quero que os leitores sintam algo sobre os personagens, quero que eles riam ou chorem quando leem o livro.
Quais são seus planos para o futuro? Você tem mais histórias vindo por aí?
Eu tenho um novo livro saindo no Reino Unido no próximo ano que é um romance sobre o esporte boxe. Eu espero muito que saia no Brasil também. Também estou escrevendo um novo livro no momento.
Quer falar alguma coisa para os seus fãs brasileiros?
É emocionante e maravilhoso para mim ter um romance publicado no Brasil. Parece um país fantástico, vibrante e diversificado e espero muito poder visitá-lo um dia.
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