O machismo e a (não) liberdade feminina por trás do hate à vida amorosa de Luísa Sonza

Em setembro, depois de muita especulação, Luísa Sonza assumiu seu relacionamento com o cantor Vitão. Os dois, que levantaram boatos de um possível namoro desde junho, durante a divulgação do single Flores, sofreram diversos ataques.

O clipe da música se tornou o com mais dislikes do Youtube Brasil, totalizando mais de 5 milhões. Já a foto de Luísa anunciando o relacionamento foi a mais comentada do ano no Instagram no país, mas boa parte das mensagens deixadas não eram desejando felicidade. A questão é que de todas as críticas, poucas foram relacionadas ao trabalho dos cantores.

O que chocou os internautas, na verdade, foi Luísa ter se divorciado de Whindersson Nunes e se envolvido com outra pessoa em seguida. A ideia de que uma mulher jovem e dona da própria carreira ter superado um relacionamento em pouco tempo não foi bem aceita por muitos. Tal fato, no entanto, não ocorreu com Whindersson, que está há meses curtindo e comentando fotos de outras mulheres, além de diversas vezes em que deixou claro que “o pai tá on”.

E essa discrepância de tratamento não é de agora. Desde abril, quando os dois anunciaram a separação, tanto o humorista quando Luísa vem falando discretamente sobre o assunto. Ele já usou o tema para fazer vídeos, enquanto ela aproveitou o momento para divulgar sua música com Vitão. Ela foi criticada por “ganhar fama” em cima disso. Ele não.

Na verdade, desde o começo do relacionamento com Whind, ela foi chamada de interesseira. Aparentemente, por mais que as pessoas o defendam com unhas e dentes e achem completamente injusto o casamento ter acabado, elas também não pareciam conseguir acreditar que uma “moça como ela” estava se envolvendo de verdade com ele. Enquanto o casal ainda estava junto, inúmeros eram os comentários de que ele era “feio demais” para ela, e que ela com certeza estava atrás do dinheiro.

Irônico, não?

Agora, devidamente separada e bancando suas próprias despesas, Luísa é ainda mais criticada por coisas que ela mesma diz serem inventadas. Em um recente desabafo no Instagram, ela comentou:

“Eu sei da minha verdade e eu não acho que eu tenho que dar satisfação, nem me justificar sobre coisas que eu nunca fiz e nem faria com um ser humano. Não deem atenção para essas pessoas. Elas nunca deram atenção para mim. Nunca quiseram escutar meu lado ou o que eu tenho para dizer”.

E Luísa está certa. Em toda essa discussão, o tribunal da internet pareceu se esquecer que ela deu uma pausa na própria carreira para ajudar o ex-marido quando ele estava em crise de depressão. E que o próprio Whindersson usava o tema do casamento até em seus stand ups para ter engajamento.

Mas isso, mais uma vez, não parece ser importante.

O que, de fato, é essencial para os internautas é que Luísa foi “roubada” do humorista. Vitão ganhou o título de talarico e até uma petição falando para “Arthur Aguiar vingar Whindersson” foi feita. Porque a questão, nesse momento, não são os desejos ou a liberdade da Luísa. É o fato que um homem “perdeu” sua mulher publicamente para outro.

E enquanto toda essa discussão sobre um casal – que aparentemente está muito feliz e saudável – acontecia, o país totalizava mais de 130 mil mortos por Covid-19 e o Pantanal pegava fogo. Mas sobre isso ninguém comentou. Uma mulher exercendo sua liberdade foi mais chocante do que vidas se perdendo.