Com 2019 acabando, bate aquela vontade de relembrar tudo que rolou e mentalizar o que ainda precisa ser conquistado no ano que vem aí. Esse foi, particularmente, um período cheio de discursos arrasadores e empoderados. Muitas desconstruções de pensamentos e atitudes machistas ainda precisam ser feitas, mas podemos nos orgulhar do que aconteceu nos últimos 12 meses.
Que tal relembrar algumas das garotas que fizeram de 2019 um ano melhor?
A menina sueca de 16 anos foi a ativista responsável por expressar o que muita gente já sabe, mas se recusa a admitir: os governos em todo o mundo não estão tomando atitudes efetivas para reduzir os impactos na natureza, e o aquecimento global está gerando consequências cada vez mais graves. Em seu discurso na Cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas), Greta criticou mais especificamente o Comitê dos Direitos da Criança, e pediu que os países criem medidas para proteger as crianças dos efeitos da crise climática.
A garota se tornou ativista em agosto de 2018, mas sua ligação com as questões ambientais é algo mais antigo. Aos 11 anos, Greta entrou em depressão profunda quando percebeu a gravidade da situação ambiental no mundo. A menina vem protestando intensamente pela causa e dá constantemente declarações duras contra os governos.
Greta foi diagnosticada com Síndrome de Asperger, um espectro do transtorno autista que leva a pessoa a apresentar dificuldades de interação e comunicação. Para ela, a doença não é algo a ser encarado de uma maneira necessariamente ruim, mas sim como uma característica que lhe faz especial. “Me faz ser diferente, e isso é até uma dádiva. Posso enxergar além do óbvio”, disse à BBC.
O próprio ícone da geração Z, Maisa Silva está diante das câmeras desde os três anos, e desde então tem sido uma influência positiva para garotas de todo o país. Com um programa para chamar de seu e uma carreira estabelecida em uma emissora de televisão, Maisa também arranja tempo para estabelecer um contato próximo com seus seguidores nas redes sociais, especialmente no Twitter.
Além de protagonizar memes e tweets cômicos, a garota abala a sociedade cheia de padrões com suas declarações sinceras. Maisa se considera feminista e é consciente de seus privilégios. “Não esqueço de onde vim, de uma família simples e cheia de mulheres batalhadoras. Sou grata por poder ter tido tanto acesso, por ter aprendido sobre o feminismo e por ter voz para falar disso para as garotas que gostam de mim”, disse a apresentadora.
A atriz é bem mais do que uma estrela Disney, e a cada ano isso fica ainda mais claro. Um ícone fashion para várias garotas, a estrela é dona de looks empoderados e um cabelo que expressa não só seu orgulho pelas origens, mas também carinho pela causa negra. Além de suas declarações sobre feminismo, a atriz luta contra o racismo e utiliza o Instagram como plataforma da manifestação de sua opinião.
No Oscar de 2015, Zendaya foi criticada por utilizar dreadlocks no tapete vermelho, e respondeu: “Já existe um preconceito enorme quanto ao cabelo crespo na sociedade […] Eu ter escolhido usar dreads nos cabelos no tapete vermelho do Oscar foi para mostrá-los de uma maneira positiva, lembrar as negras e negros e as pessoas com cabelo crespo que o nosso cabelo é bom sim”.
Entre seus papéis que chamaram a atenção da crítica em 2019, está o de Michelle na nova versão de Homem-Aranha. A interpretação de Zendaya demonstrou que uma garota nos filmes de herói não precisa ser interpretado por uma atriz que preenche todas as lacunas dos padrões da sociedade, e de forma alguma deve representar o estereótipo da menina que espera ser salva. Zendaya vai dominar o mundo, e estamos amando isso!
Hunter Schafer
A atriz e modelo participou de uma das séries que marcaram 2019, Euphoria, produção da HBO com um elenco de peso (Zendaya era a protagonista, por exemplo). A menina é transsexual, assim como sua personagem
“Precisamos de mais papéis onde pessoas trans não estão lidando apenas com serem trans; elas são trans enquanto lidam com outros problemas. Nós somos muito mais complexos do que nossa identidade”, declarou a atriz.
Por mais que Hunter não se considerasse preparada para o ativismo da causa no início das gravações, sua interpretação influenciou jovens e todo o mundo que lidam com questões parecidas com as suas, e se identificaram com a personagem de alguma forma. Eis o poder da representatividade!
Nem mocinha ou namorada: heroína. Brie Larson estreou em 2019 com seu filme solo da personagem Capitã Marvel, que já tinha salvado o mundo em Vingadores: Ultimato. O novo longa deixou ainda mais claro que sua personagem não precisa ser salva – na verdade, ela é detentora dos poderes mais fortes do que qualquer membro dos Vingadores poderia ter.
É claro que não podemos fechar os olhos, Brie possui características físicas que representam diversos estereótipos da garota padrão. Talvez, seja exatamente esse o fator que faz de sua personagem ainda mais especial – apesar de sua aparência ser aquela que a sociedade machista considera ideal, a personagem de Brie não representa de forma alguma o tipo de comportamento esperado pelos estereótipos.
Afinal de contas, as garotas devem ter o poder de ser quem desejarem, e a Capitã Marvel é a prova disso.
Lizzo
“Sim, eu tenho problemas com homens, esse é meu lado humano. Prontinho, aí eu resolvo, esse é meu lado deusa”. Até pouco tempo, Lizzo não era conhecida por muita gente, mas depois do sucesso de seus hits neste ano, a cantora está alcançando um público cada vez maior.
Mulher, negra e gorda são algumas das características que diferenciam a rapper do cenário musical dominado pelos padrões. Orgulhosa de quem é, a cantora norte-americana (que toca flauta como ninguém) está brilhando com suas canções empoderadas e marcando presença em premiações.
“Meu movimento é sobre inclusão. Se eu vou lutar contra ser marginalizada por conta disso, lutarei por todos aqueles que também são. Danem-se as caixas”, disse a cantora.
Vencedora na categoria de Artista Revelação no AMAs 2019, Billie causou em 2019 com seu álbum dark When We Fall A Sleep. Aos 18 anos, a garota conquistou o topo das paradas, realizou apresentações de arrepiar e produziu um hit com participação de Justin Bieber.
Seu estilo gótico (e neon) também está influenciando o mundo da moda, e virou até tema de fantasia criativa de Halloween. A cantora já fez várias colaborações com marcas de roupa para lançar peças exclusivas com seu nome. Estamos ansiosas para ver o que mais Billie vai conquistar!
Oficialmente a cantora da década, Taylor Swift é bem mais do que uma garota que escreve músicas sobre seus antigos relacionamentos – os últimos anos de Tay foram marcados por uma transformação do alcance do feminismo e disseminação de discursos empoderados. E assim como o mundo, Taylor também se transformou.
O amor nunca deixou de ser o tema central de suas músicas – e é exatamente isso que a torna tão importante para seus fãs. Mas, a garota com ar de princesa e que se restringia a falar sobre desilusões amorosas, mudou.
Cortou o cabelo, comprou briga com produtores que tinham os direitos de seus antigos hits, fez clipes girl power anunciando o fim da era de estereótipos, assim como outro apoiando a comunidade LGBTQI+. Taylor mudou o posicionamento e vestiu suas botas para receber, ao som de várias músicas de sua autoria consagradas pelo pop, o prêmio de Artista da Década no AMAs 2019.
Além de ser um símbolo de empoderamento feminino, RiRi tem revolucionado não só na música, mas no mercado. Em 2019, vimos o auge da Rihanna empreendedora. Ela já tinha conquistado os holofotes com sua marca de maquiagem, empenhada em dar ao público negro produtos que fossem não só eficientes, mas também com variações de tom de pele mais escuras do que as padronizadas pela concorrência até então.
Se você pensou que RiRi pararia por aí, se enganou. A cantora brilhou com uma linha de lingerie empenhada em produzir roupas – e publicidade – inclusiva. Essa foi a prova de que a beleza não está concentrada apenas no padrão, disseminado por marcas e desfiles, como o Victoria’s Secret Fashion Show, em que a variação de corpos e etnias não era de forma alguma plural.
Maju Coutinho
Falando em representatividade, é importante mencionar o poder da jornalista e apresentadora que não só foi a primeira negra a assumir a bancada do Jornal Nacional, como também a ganhar o comando de um programa de grande audiência.
No finalzinho de 2019, circulou pelas redes um vídeo de uma garotinha emocionada por se sentir representada na televisão. O choque pelo fato de ser essa a primeira vez que uma mulher negra ganha tanto espaço na comunicação brasileira é intrigante, mas a emoção do momento é digna de ser relembrada.
Fica, portanto, o desejo de que essa evolução seja incorporada cada vez mais, e que 2020 seja um ano ainda mais empoderado!
Depois de um casamento que chocou todos os padrões e expectativas com Príncipe Harry, em 2018, a agora Duquesa de Sussex consolidou em 2019 o poder que representa.
Dona de discursos empoderados, comportamento longe de ser um clássico na realeza, Meghan Markle, mulher negra com corpo fora do padrão de extrema magreza, tornou-se a princesa de uma nova era.
Mesmo recebendo duras críticas todos os dias, a duquesa foi considerada o ícone fashion do ano. Não é a toa: as peças que usou em suas aparições públicas eram em sua maioria básicas e de marcas ligadas ao ativismo ecológico – e esgotaram em questão de minutos.
Ícone de beleza por muito tempo, a mulher que nunca teve problema em falar sobre sua sexualidade (tornando-se até mesmo fetiche para a sociedade machista brasileira) quebrou a internet ao surgir com um corpo que não representava mais o padrão de magreza.
Para completar a polêmica, a atriz começou a falar mais sobre a sua depressão e compulsão alimentar – sem nunca mencionar a intenção de perder peso. Cleo engordou e continua sendo bonita, e sabe disso, cabe a sociedade deixar de lado seus preconceitos.
Marta Silva
O ano de 2019 foi o ano em que o mundo começou a dar mais atenção para o esporte feminino- finalmente! Com Copa do Mundo feminina rolando, muita gente que até então só acompanhava os resultados dos jogos masculinos parou tudo para torcer por nossas garotas.
Marta, como Maior Artilheira da História da Seleção Brasileira (masculina e feminina) e seis vezes considerada pela FIFA a melhor jogadora de futebol feminino do mundo, ficou sob os holofotes midiáticos, chamando a atenção para diversas questões que precisam ser debatidas no país.
Não se trata apenas da falta de interesse pelo esporte feminino por parte do público. Mesmo sendo mais premiada do que qualquer outro homem na história do esporte nacional, por ser mulher, Marta não recebeu propostas compatíveis as dos homens que trabalham no mesmo esporte que ela. A desigualdade salarial entre os gêneros acontece em todos os setores do mercado.