texto por Isabelle Costa (@avalancheliteraria)
Minhas coisas estão envelhecendo. Meu tênis favorito agora tem quatro anos. Minha mochila, nove. Aquela que ganhei pra usar na escola e odiava por causa do rosa choque que a tingia de cima a baixo — a única cor disponível na Le Postiche um dia antes do ano letivo começar.
Ainda tenho, também, a roupa que usei na primeira vez que vi o mar de perto. Era fevereiro de 2015, e eu não sabia que ele — ondas ciano-celeste; royal quando é noite e a gente vê o que quer ver — era meu.
Na época da escola eu tinha um adesivo onde se lia “as melhores coisas da vida não são coisas” — o que me estranha hoje, do futuro, já que tudo de mais antigo e inanimado que tenho ainda dura, e as pessoas, eu não sei onde elas estão.
O tempo me encara de perto — já disse isso antes. Meu rosto não muda: ainda é o mesmo de quando comprei a mochila, e de quando matei uma aula pra ver o que tinha de tão especial em Copacabana. O tempo me encara e outro dia aprendi que a melhor garantia de não ser enganado é ter um contrato; um papel que fala de coisas, e é feito por pessoas, que podem fazer o contrário do que disseram se o nome delas não estiver ali, registrado.
Minhas coisas estão envelhecendo, e eu to cansada: de explicar o que sinto, e de ver afetos se desfazendo porque não cabem em um contrato assinado.
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