Não é de hoje que o plágio é uma questão séria no âmbito da educação, e existem diversas ferramentas para identificar se um conteúdo acadêmico foi plagiado, ou contém trechos que configuram plágio. No entanto, com o avanço da inteligência artificial (IA), recursos como o ChatGPT aumentam o risco de alguns estudantes recorrerem ao plágio em seus trabalhos.
Mas será que utilizar o ChatGPT e outras ferramentas de IA significa, necessariamente, estar plagiando, ou existem formas conscientes de usar esses recursos a favor dos estudos e do aprendizado efetivo? O professor Michel Arthaud, sócio e docente de química da Plataforma do Ferretto, destaca que as tecnologias devem ser utilizadas como “aliadas” para melhorar o entendimento e otimizar os estudos, e não para transformar o trabalho acadêmico em “copia e cola”.
“A IA tem o potencial de personalizar o aprendizado em uma escala jamais vista. Com base no desempenho do aluno, conseguimos adaptar o ritmo, os conteúdos e até a forma de apresentação do material. Mas é preciso cautela: ainda estamos aprendendo a equilibrar o uso da tecnologia com a presença e o olhar humano que continuam sendo insubstituíveis. A IA tem que ser um assistente, e jamais pensar ou ‘estudar’ por nós”, afirma Arthaud.
Pensando nisso, o professor listou dicas para utilizar a plataforma, e recursos de IA em geral, de forma inteligente:
1. Use para revisar e esclarecer, não para entregar “conteúdo pronto”
Um ótimo uso da IA é pedir para ela explicar um conceito que você não entendeu bem na aula. Por exemplo: explique a diferença entre ligação iônica e covalente como se eu tivesse 12 anos. “Isso ajuda o aluno a enxergar o conteúdo de outra forma e absorver melhor”, ensina Michel.
2. Peça ajuda para estruturar seu pensamento
Se você está “travado” ao escrever uma redação ou fazer uma análise crítica, a IA pode ajudar com sugestões de estrutura ou perguntas provocativas. “É diferente de pedir para a ferramenta escrever o texto inteiro. Você ainda está fazendo o esforço mental de montar o raciocínio, mas com apoio. O ideal é o aluno, a partir do pensamento crítico, trabalhar com seus próprios argumentos”, ressalta o professor.
3. Transforme o ChatGPT em um simulador de debates
Outra prática interessante é pedir para o ChatGPT fazer o papel de alguém que discorda da sua tese, como um oponente num debate. “Isso obriga o estudante a pensar contra-argumentos e fortalece o pensamento crítico”, sugere Arthaud.
4. Utilize para revisar e otimizar seu texto final
Após escrever um trabalho ou resposta, o aluno pode pedir sugestões de melhoria, revisão gramatical ou indicar se o texto está claro e coerente. “Essa etapa é importante para desenvolver o olhar crítico sobre o que você produziu”, afirma o professor.
Usando a IA a favor do raciocínio e do aprendizado
A inteligência artificial pode enriquecer o processo educacional, desde que seja usada com ética, consciência e intencionalidade. Para Michel, a tecnologia deve ampliar as possibilidades de ensino, e não substituir o esforço intelectual dos alunos.
“Quando o estudante deixa a IA pensar por ele, está perdendo a chance de desenvolver habilidades essenciais como análise, síntese e argumentação. O ideal é usá-la como uma ferramenta que provoca reflexão, e não que entrega tudo pronto”, finaliza o docente.
