Depressão engorda? Ou é o sobrepeso que leva a uma tristeza profunda?
Existe sim, uma ligação entre obesidade e depressão. O excesso de peso aumenta o risco de uma tristeza profunda e patogênica. O desequilíbrio emocional pode ser o primeiro passo para o ganho de peso exagerado. Mas por que isso acontece?
Entenda como essas duas questões estão ligadas.
Por fuga
“A alimentação é vista como afeto pela cultura humana. Nosso primeiro contato com o afeto é por meio da amamentação. Cozinhar para os outros é um sinal de carinho. Quase todo encontro humano acontece ao redor de uma mesa. Nesse sentido, comer pode substituir uma falta de afeto, ser uma tentativa de aplacar a solidão e a baixa autoestima. A comida preenche simbolicamente o vazio emocional”, analisa a psicóloga Cecília Zylberstajn.
Assim, pode se comer por nervosismo, ansiedade e tristeza, especialmente quando não se quer entrar em contato com os próprios sentimentos. A comida ainda promove satisfação e sensação de bem-estar – embora momentâneas. E todo mundo sabe que comer em excesso, geralmente, resulta em sobrecarga na balança.
Por disfunções e fatores culturais
“A obesidade é um fator de piora de qualidade de vida por um grande número de fatores físicos e psíquicos. Não se pode esquecer da pressão exercida pelos padrões de beleza atuais, que não valorizam o sobrepeso”, lembra o psiquiatra Adriano Segal, presidente da Comissão de Especialidades Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (COESAS – SBCBM).
Diante do padrão social disseminado contra a obesidade, pessoas obesas podem apresentar autoestima diminuída, retraimento social e outros eventos negativos gerados pela situação de estresse.
Entenda alguns distúrbios alimentares que têm influência emocional:
- Anorexia nervosa: quadro em que há relevante perda involuntária. O indivíduo deixa de comer, ou come o mínimo possível, por medo de engordar, configurando doença grave que pode levar ao óbito.
- Bulimia nervosa: episódios repetidos de compulsão alimentar intercalados com comportamentos inadequados voltados para a perda de peso, tais como vômitos autoinduzidos, abuso de laxantes e diuréticos, jejuns prolongados e exercícios físicos em excesso.
- Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica: episódios repetidos de compulsão alimentar sem os comportamentos inadequados voltados para a perda de peso.
- Síndrome Alimentar Noturna: ingestão de mais da metade das calorias ingeridas no dia após o anoitecer, princípio de insônia e, para alguns, falta de fome no período da manhã.
RELAÇÃO EM NÚMEROS
- A obesidade aumenta em 55% o risco de depressão em pessoas anteriormente não depressivas;
- A depressão aumenta em 58% o risco de pessoas com peso normal se tornarem obesas;
- Cerca de um em cada quatro casos de obesidade está associado a algum distúrbio de humor ou ansiedade.
Texto: Marcella Pereira e Melissa Marques
Constultorias: Cecília Zylberstajn, psicóloga; Adriano Segal, psiquiatra e presidente da Comissão de Especialidades Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (COESAS – SBCBM)
Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)
Foto: ThinkStock / Getty Images
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