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Karen Jonz, a skatista brasileira que compete com garotos

Extra on-line: conheça Karen Jonz, a skatista que compete com garotos!

Se você ainda não conhece Karen Jonz, a gente te dá vários motivos para virar fã da garota. Primeiro e mais importante: ela foi a primeira skatista brasileira a ganhar um campeonato mundial e, aqui no Brasil, só compete com garotos. Como se não fosse pouco, Karen ainda cria roupas para sua marca própria, a Monstra Maçã. Além disso, a loira arranja tempo para tocar com sua banda Violeta Ping Pong e, às vezes, posar de modelo. Uau! Pra entender o que se passa na cabeça da loirinha, dá uma olhada na entrevista que deu para a todateen!

tt: Como você começou a se interessar pelo skate? Quantos anos tinha e onde praticava?
Karen: “Acho legal desde pequena. Meus ídolos eram o Sérgio Malandro, Gang do Lixo e o Bart Simpson, sempre fui uma criança diferente (risos). Eu morava em Santos e surfava, aí como já morava em Santo André há algum tempo fui tendo cada vez menos oportunidade de ir à praia. Quando tinha uns 16 anos comprei um skate e comecei a andar. Sozinha mesmo, na rua, no quintal de casa. Até que fui conhecendo pessoas e me apaixonando cada vez mais por tudo. As manobras, o clima das sessões, os lugares, as pessoas, as viagens. E nunca mais consegui parar.”

tt: Como foi que você se tornou profissional?
Karen: “Isso é meio indefinido. Comecei a competir lá fora (ela mora entre o Brasil e San Diego, Estados Unidos) e quando voltei pro Brasil quis entrar em um campeonato masculino Pro. O cara da confederação disse que se eu corresse não poderia mais entrar nos champs amadores (masculinos). Eu concordei e nunca mais voltei pro amador. Abri mão de certas coisas pra dar um passo maior. Foi uma escolha difícil, mas não me arrependo. Às vezes a gente tem que se ferrar um pouco por um propósito maior mesmo.”

tt: Você é a única garota a competir em campeonatos masculinos, tanto no Brasil quanto no exterior. Já sentiu preconceito por conta disso? Como os homens costumam tratar você quando está nessas competições?
Karen: “Nunca sofri preconceito dentro de uma competição masculina. Sempre muito respeito. Os meninos me incentivam muito! Não tem um que não me deseja boa sorte e vibra com os acertos. Nos campeonatos, minha torcida é inacreditável! Gritam quase tanto quanto gritam pro Bob (risos). Na China teve um menino que começou a falar mal das skatistas, que não estavam andando nada e eu estava do lado. Aí virei pra ele e falei ‘eeeei, estou ouvindo’! E ele virou pra mim e disse, ‘shut up, you are not a girl and you don’t skate like a girl’ (‘fica quieta, você não é uma garota e não anda de skate como uma’). Acho que foi o maior elogio que já ouvi (risos).”

tt: Já houve algum skatista que não se conformou de perder pra uma mulher?
Karen: “Os profissionais fazem bolão pra ver quem vai ficar depois de mim (risos). Mas levam na brincadeira, skate não é tão competitivo quanto outros esportes (só que acho que no fundo, no fundo, tem uns que morrem de medo do resultado).”

tt: Fala sobre sua vitória no X Games 2008 (este é o maior campeonato mundial de esportes radicais!)
Karen: “Depois que ganhei um campeonato mundial, começou a rolar uma certa cobrança e ficou um pouco chato. Me senti muito na responsabilidade de ganhar outra vez, acabei ficando tão nervosa que travei nos X games 2007. Mas aí em 2008 trabalhei muito a cabeça e com muito esforço consegui ganhar meu primeiro X games. Foi emocionante, todas as fotos do podium eu to com cara de choro, mas segurei ao máximo (risos). X games é tipo Olimpíadas para os esportes radicais, é o campeonato mais difícil! Ganhar foi tipo: ‘UFA! Missão cumprida!’”

6 – Você também tem uma marca de roupas, certo? Como surgiu a ideia de criar a Monstra Maçã? Você cria os produtos da Monstra?
Karen: “A Monstra surgiu pela necessidade que eu sentia de certos produtos. Eu não conseguia achar exatamente o que eu queria. Minha mãe tem uma loja de lingerie e pijamas e eu sempre achava defeito em tudo, queria mudar detalhes e estampas das coisas… Além disso ando de skate e minha calcinha sempre aparece, então pensei que precisava fazer algo que fosse tudo bem em aparecer, um meio termo entre peças infantis e adultas – que é o que eu sou, uma pessoa Peter Pan. Aí todo mundo reparava no meu dom de criticar as peças e disse que eu devia fazer minhas próprias. Concordei plenamente! Sou eu quem crio e tenho um designer que arruma tudo do jeito certo para mandar para a produção e outras pessoas na equipe também. Não ia conseguir fazer tudo sozinha!”

tt: Você está morando no Brasil ou no exterior atualmente? Quais países já conheceu por conta do skate? E quais mais curtiu?
Karen: “Passei 2009 quase todo em San Diego e esse ano quero ficar mais no Brasil. Tenho um apartamento lá então vou e volto o tempo todo. Quando estou aqui fico com saudades dos meus amigos de lá e vice versa. É bem difícil conseguir conciliar todas as viagens e a vida pessoal. Já conheci Peru, México, França, Alemanha, República Tcheca, China, Canadá… Nossa, foram muitos lugares! Cada um foi ótimo de um jeito diferente. Só que às vezes acontece de nem dar tempo de passear na cidade pela correria do evento. Normalmente eu estico uns dias depois que acabam as competições pra não desperdiçar a viagem. Mas não são todos os skatistas que fazem isso não! Gostei muito de Amsterdan, na Holanda. A cena de arte é muito forte, é relativamente pequeno… dá pra andar a cidade toda de bike. Muitas festas, gente bonita e interessante e o lugar é lindo, os canais, passeios de barco.”

9 – Você já chegou a se machucar por conta do esporte? Se sim, como foi?
Karen: “Sim, algumas vezes, mas nada muito grave. Abri o queixo recentemente e bati a cabeça, apaguei e ganhei uma cicatriz no queixo, mas que está bem fraquinha agora. Torções, pontos e ossos trincados. Mas pequenos roxos e cortinhos diariamente. A parte boa é que desenvolvi uma alta tolerância à dor (risos). O amor ao esporte é maior, tapa de amor não dói.”


Texto: Julia Dantas
Entrevista: Liliane de Lucena

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