A segunda temporada de Coisa Mais Linda será lançada no dia 19 de junho, na Netflix. A série, que é nacional e se passa nos anos 60, traz a história de quatro mulheres: Malu (Maria Casadevall); Adélia (Patrícia Dejesus); Ivone (Larissa Nunes) e Thereza (Mel Lisboa). Cada uma delas, do seu jeito, busca independência em um momento que o machismo reina.
A todateen conversou com o elenco sobre o que podemos esperar dessa nova temporada e descobrimos que o debate sobre racismo e sororidade vem ainda mais forte dessa vez. Além disso, nesse momento da série, os dramas pessoais são levados mais em consideração do que as amizades, mas isso não significa que as mulheres vão se abandonar. Muito pelo contrário. Ficou curiosa? Vem entender!
Sobre o que é ser mulher nos anos 60
Como “Coisa Mais Linda” se passa em outro tempo, a gente repara que algumas coisas que hoje são super normais, como mulheres trabalhando fora de casa, naquela época eram um tabu. Nesta temporada, Thereza começa a trabalhar em uma rádio e isso traz algumas mudanças em sua vida.
Mel Lisboa contou que esses conflitos gerados serão ótimos para fazer o telespectador pensar sobre a situação. “Cada personagem da série se ajuda, mas cada uma tem suas questões próprias também. A da Thereza é a de ver a mulher no ambiente de trabalho onde, muitas vezes, todos os colegas são homens. Então, a gente pensa em como a mulher teve, e ainda tem, que brigar para poder ser respeitada. E o quanto ela tem que, todos os dias, provar que é capaz ou é melhor para poder ser respeitada”.
A atriz também ressaltou a importância de esse trabalho ser em uma rádio: “A Thereza se vê tendo que enfrentar um novo desafio, um ambiente novo de trabalho, um outro meio de comunicação, onde a mulher não tem voz. Essa coisa de ela estar numa rádio, podendo dar sua opinião na década de 60, eu creio que seja bem ficcional“.
📷: Netflix pic.twitter.com/9ymS92xAaV
— todateengaleria (@todateengaleria) June 10, 2020
O empoderamento e a sororidade
Outro dos temas recorrentes na série é o empoderamento que, à sua maneira, cada mulher mostra ter. Obviamente, nessa segunda temporada, esse assunto se intensificou. Maria Casadevall contou, inclusive, que para ela, o conceito de “empoderamento” é muito mais visto diante de um coletivo.
“Se teve um fator que eu acredito que fez a Malu seguir esses instintos de emancipação e autonomia que ela tem, foi o encontro com essas outras mulheres. Isso acaba trazendo força e coragem para a personagem seguir a trajetória em direção à própria natureza”, contou a atriz.
📷: Netflix pic.twitter.com/9ZMKCgHqYT
— todateengaleria (@todateengaleria) June 10, 2020
E Larissa Nunes, que ganhou um papel de destaque nesta temporada, reforça: “Nesse momento, a série traz alguns lugares mais interessantes sobre a questão da sororidade, como o fato de que essas mulheres podem divergir uma das outras e vir de origens diferentes”, conta ela. A atriz ainda traz a narrativa da história para o presente. “A gente tá falando de violência doméstica e feminícidio, ainda mais no contexto da quarentena, quando esses índices aumentaram drasticamente. Pra mim (a sororidade) sempre foi uma luta constante, então eu gosto muito da possibilidade desses temas terem um grande alcance através da série.”
O racismo
É claro que, seguindo o padrão da primeira temporada e lembrando que o momento histórico da série é antigo, o racismo não poderia deixar de ser abordado. Dessa vez, a personagem Ivone, da família de Adélia, ganha um destaque maior, chegando até a cantar no bar.
Segundo a própria Larissa, que dá vida à essa personagem, a temporada vai trazer uma “atualização dos temas do racismo e do privilégio”. Para ela, Ivone é um retrato da juventude negra dos anos 60 e entende muito bem seu lugar na sociedade.
“Uma das frases da Ivone que me toca muito é quando ela diz que não tem nem mesmo chance de errar. Acho que a trajetória da mulher negra é exatamente sobre isso. A gente, quando consegue uma oportunidade, precisa muito segurá-la, não pode errar de maneira nenhuma.”
E Pathy, que interpreta Adélia, confirma isso. É inegável que durante o mês de junho nós vimos movimentos como “Black Lives Matter” tomarem uma grande força, além de protestos ao redor do mundo contra o racismo. E isso, obviamente, tem muito a ver com a série.
“A gente tá vivendo um momento que, de inédito, só tem essa pseudo abertura de um possível diálogo. Eu digo isso porque eu não estou tão crente de que as coisas vão mudar tão fácil assim. Acho que o racismo é estrutural e precisa muito mais que um movimento de internet ou uma hashtag para que as coisas mudem de verdade”, desabafou ela.
“É muito importante a representatividade porque se você não se enxerga, você não existe. Eu cheguei a questionar minha capacidade porque eu não via pessoas próximas a mim da mesma raça, não tinha com quem dividir essas questões, e isso é muito opressor. Você ser a única a estar num determinado lugar é muito opressor, porque raramente vai ter alguém que consiga entender sua angústia naquela situação. Eu estou muito feliz com a Adélia porque, além da Ivone, ela traz um núcleo negro com ela, que não são secundários.
📷: Netflix pic.twitter.com/P16qzzzhYx
— todateengaleria (@todateengaleria) June 10, 2020
O trailer
Ficou ansiosa para assistir logo “Coisa Mais Linda”, né? A gente entende! Mas enquanto dia 19 não chega, confira o trailer: