AVISO: esta é uma review sem spoilers, por isso pode ficar tranquila, mana! ♥
A pressão sobre a nova série da Netflix, Bridgerton, é altíssima. Não apenas por ser mais um título da plataforma renomada, mas também porque teve a enorme responsabilidade de adaptar para as telinhas os amados romances de época homônimos da autora Julia Quinn. Com produção de Shonda Rhimes, da Shondaland, com Chris Van Dusen como showrunner e com um elenco extremamente talentoso, as expectativas estão, sim, nas alturas – e não é para menos.
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A todateen teve a oportunidade de conferir todos os oito episódios e traz uma análise adiantada dos principais aspectos da produção, separando alguns pontos para você já saber o que esperar no dia 25 de dezembro quando for dar o play!
sinopse e enredo
Filmada em Londres e em Bath, Somerset, na Inglaterra, e contemplando os acontecimentos do primeiro livro, O Duque e Eu, publicado pela Editora Arqueiro no Brasil, a primeira temporada da série é focada em Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor), filha mais velha da poderosa família Bridgerton, que debuta na alta sociedade londrina na esperança de conseguir um bom casamento, isso, claro, sem perder a esperança de encontrar o verdadeiro amor. Mas, durante o período regencial, esse sonho parece um tanto quanto complicado. Ainda mais quando o seu irmão mais velho Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), o Visconde Bridgerton, começa a descartar todos os pretendentes, principalmente o atraente ~e libertino~ Duque de Hastings, Simon Basset (Regé-Jean Page).
De maneira primorosa, a série, mesmo dando conta de dar o devido protagonismo para Daphne e Simon, a produção dá início ao arco de praticamente todos – com exceção de Francesca (Ruby Stokes), Gregory (Will Tilston) e Hyacinth (Florence Hunt), pela tenra idade – os integrantes da família. Valendo ressaltar que a narração da inesquecível Julie Andrews, que dá vida à Lady Whistledown, traz aquele toque de graciosidade com seus comentários mordazes, levando toda a elite londrina a um verdadeiro frenesi.
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Através de uma backstory interessantíssima e inusitada, começamos a entender de onde vem as inseguranças e o medo de se apaixonar de Anthony. Vemos um Benedict (Luke Thompson) já com a faísca de sua paixão por arte e pintura. Um Colin brincalhão que, após alguns acontecimentos ~bastante~ surpreendentes, se interessará ainda mais em viajar para o exterior e retornar com seus aclamados escritos. E, é claro, uma Eloise (Claudia Jessie) absolutamente disruptiva, indignada e – assim como nos livros – uma verdadeira força da natureza, no que diz respeito à questionar o status quo e entender o papel da mulher no século XIX.
Até os mais novos, que não aparecem tanto, já apresentam características essenciais para suas próprias narrativas: vemos uma Francesca mais afastada e reservada, enquanto temos cenas de aquecer o coração com Gregory e Hyacinth, que já aproveita para mostrar toda a sua irreverência.
personagens “novos”
É preciso ter em mente que a proposta da série é ser uma adaptação, não necessariamente servir como uma cópia fiel de todas as cenas e acontecimentos narrados na série de livros. Ao realizar algumas alterações no roteiro, o seriado apenas se torna ainda mais envolvente e requintado, já que procura explicar e desenvolver melhor algumas questões – por exemplo o passado de alguns personagens, como citei anteriormente – além de também trazer aspectos inéditos cruciais que servirão como clímax para a season finale, lacunas para serem preenchidas em uma possível segunda temporada e muito mais.
Para isso, a série criou alguns personagens e reinventou outros. Isto é, trouxe figuras que não apresentaram muita influência nas obras, mas que são personagens participativamente ativos nesta 1ª temporada. Alguns desses nomes que já conhecíamos nos livros e que terão um considerável tempo de tela na série são: Siena Rosso (Sabrina Bartlett), a linda e talentosa cantora de ópera que cultiva um caso secreto com o Visconde Bridgerton; Lorde Featherington (Ben Miller) o pai das irmãs Featherington, incluindo nossa adorada Penelope (Nicola Coughlan); e Marina Thompson (Ruby Barker), que aparece no quinto livro como a falecida esposa do Sir Phillip Crane (Chris Fulton).
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Além desses, também teremos uma linha narrativa completamente nova e surpreendente com a participação de dois personagens inéditos, Will Mondrich (Martins Imhangbe), amigo próximo do Duque de Hastings e um talentoso boxeador que busca escalar a estrita hierarquia social de Londres, e a Rainha Charlotte (Golda Rosheuvel), que é também nacionalmente conhecida como a excêntrica Rainha Carlota. Ambos serão catalisadores importantes para a série, servindo para dar início a vários acontecimentos emocionantes.
representatividade & discussões importantes
Digno de uma produção à la Shondaland, além de contarmos com um elenco extremamente diverso em todas as suas instâncias, temos falas e cenas ácidas que visam desmascarar problemas sociais, racismos e preconceitos de gênero e de orientação sexual. Lady Danbury, vivida por Adjoa Andoh – em uma performance de tirar o chapéu – é, provavelmente, ao lado da própria Rainha Charlotte, uma das responsáveis por mais trazer reflexões que, embora casem perfeitamente à narrativa do seriado, caem como uma luva na nossa realidade atual.
Com discursos feministas e empoderadores, Eloise é também uma personagem exuberante. Críticas extremamente importantes são lançadas de todos os lados em suas falas, questionando o lugar da mulher – política e intelectualmente – em um mundo dominado por homens. Até mesmo Daphne, que é mais resignada com as normas da época e suas aspirações pessoais, se apresenta, ao longo dos episódios, como uma mulher madura e vigorosa em suas interações com Marina, por exemplo.
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A sub trama de Benedict e os personagens que são trazidos junto a ela, mesmo servindo para engatilhar o arco artístico do personagem, também serve para refletirmos sobre as imposições da época no que diz respeito à orientação sexual e dificuldades sofridas por toda a parcela LGBTQIA+ desde sempre.
No mais, é impossível deixar de comentar sobre Penelope. Mesmo não tendo todos os holofotes sobre si, ela tem, sim, seu momento de glória na série que, assim como nos livros, faz jus àquela pessoa espirituosa e estimulante – certamente teremos mais dela por aí caso próximas temporadas sejam confirmadas.
Em toda sua totalidade, a série é primorosa. Com o fim de The Crown, que cativou diversos telespectadores e se transformou em um dos grandes e aclamados sucessos da gigante do streaming, Bridgerton vem com força total para se estabelecer e – de maneira triunfante! – tomar o seu lugar.
Com uma produção e profissionais de peso, na frente e fora das câmeras, o seriado certamente consagrará o elenco principal por suas caprichadas atuações. Materializando assim, todos os iluminados cenários, roupas, abelhas e glicíneas, para todes os bookstans e amantes dos livros.
Fechando com chave de ouro, o último episódio nos traz grandes emoções, fazendo-nos crer (e torcer!) que uma segunda temporada chegue por aí. Além disso, através de alguns aspectos que já podemos ver, entendemos que pode ser bastante palpável para a narrativa futura se utilizar do recurso de saltos temporais, buscando englobar todas as histórias dos irmãos e irmãs. O que serve para nos deixar apenas mais animados, pensando em todo o belo trabalho que poderá ser feito pelas equipes técnicas da série (que já mostraram todo seu esplendor) para envelhecer os personagens.
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Com tantas interações, intrigas e tramoias, nossa atenção é fisgada desde o primeiro minuto por todos aqueles que estão ali, seja pelas cutucadas impagáveis de Lady Danbury, pelas conversas cativantes de Eloise e Benedict ou por toda a química de nossos protagonistas, Daphne e Simon, não sobra tempo para especular sobre Kate Sheffield ou Sophie Beckett – Viscondessa Brigderton que rouba o coração do Anthony, e a “Cinderela” perdida de Benedict, respectivamente – nesta temporada (nas próximas, é bem provável que o surto venha!).
Bridgerton não é somente um retrato divertido da nobreza britânica, mas também um espelho de personagens complexos junto de histórias igualmente humanas. Para aqueles que se deliciaram com os nove livros, que choraram, sofreram e se emocionaram com cada um dos finais felizes, certamente vão se deliciar até a última cena.