O gato conversou com a todateen sobre o filme, a transição do teatro para o cinema e ainda contou tudo que gosta em uma menina! Ghilherme ainda contou que é vegetariano (fofo!) e como foi o seu primeiro beijo
Por Carolina Vieira
O curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, que depois virou o filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, foi o seu primeiro trabalho para o cinema e já lhe rendeu vários prêmios! Parabéns! Foi um salto e tanto, né? Não chegou a assustá-lo um pouquinho?
Com certeza foi um grande salto! Mas eu não diria que fiquei assustado, mas sim impressionado. Foi uma surpresa e tanto! Eu nunca tinha recebido prêmios diretos antes, nem pelo teatro nem pela dança. Com o curta, tive a honra de receber cinco prêmios de Melhor Ator em cinco festivais nacionais diferentes. Sou muito grato a isso!
Como foi a sua transição dos palcos para as telas? Muita coisa muda?
Foi repentina. Eu estava vindo de uma época de crescimento notável na minha carreira como artista. Desde 2007, estava trabalhando com Teatro Musical, em grandes produções e evoluindo. Fui fazer o teste para o curta e de repente estava conhecendo um mundo novo. E bastante coisa muda de uma área para a outra. Acho que o que mais senti de mudança foi o fato de, “uma vez feito, está feito”. Se o diretor ficou satisfeito com a cena (ou insatisfeito, mas decide passar pra próxima mesmo assim), pronto. Não há repetição. Não há segunda chance. Muito diferente do teatro, no qual você pode experimentar tempos diferentes pra cada piada pra cada público, explorar dia a dia a sua cena, brincar de maneiras diferentes (dentro da proposta do espetáculo) com os atores que contracenam com você.
Falando dos musicais em que você fez parte, tem alguma história engraçada ou uma peça que o marcou bastante?
Meu primeiro musical foi A Bela e a Fera – O Musical da Broadway, em 2002 e 2003. Me marcou muito, não só por ser o meu primeiro grande trabalho, mas também porque a minha mãe, Francine Lobo, fazia parte do elenco. Foi interessantíssimo poder, desde criança, tê-la como referência direta no ambiente de trabalho. E, mais que isso, aprender quando mãe é mãe e quando é colega de trabalho. Também era engraçado dizer que aos fins de semana estaria trabalhando com a minha mãe, ao invés do tradicional “estarei acompanhando minha mãe no trabalho dela”.
Aliás, eles devem ser o sonho de todo ator que também curte cantar. Pra você, é esse o caso? PS: sou fã de musicais também!
Sempre gostei muito de musicais. Fossem eles da Broadway ou peças musicais nacionais. Pequenas, médias ou grandes produções. Então, quando comecei nessa área, sabia que estava entrando em algo que já fazia parte das coisas que eu gostava. E gosto muito!
Agora, sobre seu personagem em Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, como foi interpretar um garoto cego? Como se preparou para isso?
Foi bem diferente. Era uma característica que eu nunca havia praticado como ator. Desde a questão de movimento até a parte de cultura do cego, como o Braile, o piso tátil, o caminhar, a forma de se movimentar dentro e fora de casa. Para isso, tive uma aula intensiva de Braile com uma senhora que é deficiente visual, e essa mesma senhora me ensinou como guiar um cego. Essa preparação aconteceu em 2010, para o curta. Para o longa-metragem, houve uma recuperação dessa preparação na qual retomei o estudo do Braile por conta própria, com o auxílio de um folheto com o Alfabeto Braile e a máquina de escrever em Braile usada no filme.
O filme fala de temas como deficiência física e sexualidade na adolescência de forma bem delicada, mas também questões comuns aos adolescentes. Como foi o retorno do público jovem?
O retorno do público jovem foi muito bom. Não posso afirmar, muito menos generalizar a razão de o público jovem ter gostado muito do filme. Os fatores variam muito de pessoa pra pessoa. Muitos se identificaram com as personagens; outros acharam muito boa a forma como o Daniel Ribeiro (diretor) estendeu o filme do curta para o longa. Mas, no geral, a reação do público jovem (não só a do jovem) foi muito boa.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho também trata o tema do primeiro beijo. E o seu primeiro beijo, como foi?
Foi ótimo! Pra mim… Pra ela, já não sei (risos). Foi em um teatro com uma garota um pouco mais velha que eu. Eu tinha 10 anos de idade, ela tinha 12. Lembro que foi muito engraçado porque, além de eu já ser baixinho, pela diferença também de idade, ela era muito mais alta que eu. Então, tive que ficar sobre um degrau para alcançar a boca dela… Coisas da vida.
A amizade entre Leo e Giovana, no filme, é bem bonita. E o entrosamento com o elenco, rolou virarem amigos?
Sim! E isso com certeza fez diferença no filme. Até mesmo em transparecer essa amizade entre as personagens. A Tess é uma pessoa maravilhosa. Divertidíssima, bem humorada e ao mesmo tempo séria no que diz respeito à parte profissional. Adorei ela logo no primeiro teste que fizemos juntos, no qual eu já havia sido escolhido pra fazer o papel de Leonardo no curta. Nesse dia, o Daniel R. me perguntou depois que fizemos a cena, em off, o que eu tinha achado. “É ela. Ela é incrível.” E assim foi.
Você também toca piano e dança balé, além de atuar e cantar. Quanta coisa, hein! De onde veio essa veia artística? E você tem alguma preferência entre alguma das modalidades?
Venho de uma família de artistas. Meu pai é músico, minha mãe é musicista e cantora, minha irmã é atriz, cantora e musicista, meu primo é músico, minha tia é contadora de histórias, atriz e musicista e por aí vai. Cresci no mundo artístico. Quando eu não ia aos ensaios dos meus pais, os ensaios iam lá pra casa. Acho que vem daí. Sempre me senti à vontade no ambiente artístico. Gosto muito de todas as modalidades. Cada uma tem seu momento em mim, nas minhas fases de vida pessoal e profissional.
Você pretende continuar nos cinemas ou palcos? Quais são seus próximos planos?
Pretendo sim. Quero focar no cinema. Gostei muito dessa arte e vou tentar aproveitar o momento pra fazer mais trabalhos relacionados a ela. Entretanto, os palcos jamais deixarão de me seduzir. O nervosismo, o calor das luzes, o frio do ar condicionado… Foi onde comecei. E nunca irei abandoná-los.
Li também que é vegetariano. Por que decidiu por isso? E o seu estilo de vida é mais relax e ligado à natureza também?
Percebi que não concordava com a forma como o “mercado da carne” funciona. A intenção não é alimentar, é lucrar. Enquanto o alimento era a mercadoria, até ia… Mas deixou de ser isso. A prova é a quantidade de alimentos (de origem animal E vegetal) desperdiçados por ano no Brasil e no mundo. A morte virou negócio. A tal ponto que “se alimentar ou não alguém, dane-se. O que importa é que comprem.” E isso foi perdendo tanto o controle que hoje se buscam formas baratas de se conseguir a carne (matar o animal), ao invés de formas mais “humanas”, entende? Decidi não fazer mais parte disso. Hoje sou ovo-lacto-vegetariano. Pretendo me tornar vegano em alguns anos. Veremos. Sou muito ligado à natureza. Desde criança. Animais, plantas, árvores, rios, mares, céu, terra, areia… Tudo isso me encanta. E me atrai muito. E não sou “o diferente” por isso. Essa é a nossa casa. E a dividimos com muitos outros seres. Por que judiar dela? Pra mim não faz sentido.
Agora que você está no mainstream, está mais ligado em cuidar da aparência, do corpo? Ou é desencanado?
Não sou desencanado em relação à minha aparência e corpo, mas não por vaidade. E sim por autoestima. Não me acho um cara bonito. O elogio principal das minhas amigas pra mim sempre foi “fofo”. Nunca fui o “bonito”.
E o que chama sua atenção em uma menina?
O olhar e o sorriso são as coisas que mais me chamam a atenção. Veja bem, a beleza interior é o que faz durar um relacionamento. E pra mim, a primeira tradução dessa beleza interior se dá pelo sorriso e pelo olhar. A garota pode não ser bonita pelos padrões e estereótipos da sociedade, mas ao mostrar (propositalmente ou não) pelo sorriso e pelo olhar o que ela realmente é, se torna linda… O olhar e o sorriso. Se sorrir com o olhar então… Minha nossa! (risos)
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