Quem estiver em busca do novo álbum do Skank pode ter uma certeza: vai encontrar muitas parcerias de peso. Essa é uma das apostas da banda que estava há seis anos sem lançar álbum novo. A tt conversou com o Henrique Portugal, tecladista da banda.
Por Carolina Firmino
tt: Foram seis anos desde o último álbum com músicas inéditas. Você, como um dos fundadores da banda, sente que mudou alguma coisa?
Henrique: Ah, dependendo da idade que você tem, seis anos é uma diferença danada. Mas no nosso caso, que já temos muito tempo de carreira, achamos que esses seis anos até passaram rápido. A gente lançou um álbum ao vivo, outro com as músicas de fita demo, de bem antes de a gente começar, teve o Rock in Rio Ao Vivo, também… Foi legal, pra quem já lançou tantos álbuns, foi bom esse intervalo para decidir a melhor hora de lançar outro.
tt: Do Mesmo Jeito foi composta em parceria com o Lucas, da Fresno, que inclusive tem se destacado no meio musical com várias parcerias legais. Como foi esse processo de composição? Vocês já se conheciam antes ou acabou rolando um convite e tudo mais?
Henrique: O Lucas é um cara muito bacana, um artista plural, compositor, cantor, apresentador. Isso acabou acontecendo de um encontro, inclusive no Rock in Rio do ano passado, em que a gente já estava começando a pensar no álbum. Foi assim que surgiu, assim como as outras parcerias, com o B-Negão, com o Emicida, com o Nando…
tt: Agora, com o Nando, a parceria já é mais antiga. Como foi esse reencontro?
Henrique: Ah, a parceria aumentou, né? Foram três músicas nesse álbum, mas realmente começou faz tempo, em Uma Partida de Futebol. Mas esse disco no geral a gente demorou meses, compondo e trabalhando no estúdio. Por exemplo, o B-Negão e o Emicida são antigos, já trabalharam com a gente. O Emicida, inclusive, tocou com a gente no Rock in Rio e o B-Negão é da mesma geração que o Skank.
tt: Eu adorei “Tudo Isso”, que é uma parceria do Samuel com o Emicida. Pelo jeito vocês têm visitado cantores e compositores de outros ritmos. Você acha que na música ainda rola algum tipo de preconceito ou tudo está muito mais aberto?
Henrique: Essa história com o Emicida é algo que está rolando muito na música. Os jovens, de maneira geral, estão muito mais abertos hoje, enquanto há alguns anos, normalmente, as pessoas não misturavam muitos ritmos no seu tocador de música, independente de qual aparelho fosse. Agora não, todo mundo escuta tudo! E o mais legal dessa nossa parceria é que da outra vez tínhamos a melodia pronta para ele colocar a letra em cima. Dessa vez, foi o contrário, a gente falou: “Emicida, você manda a letra e a gente vai tentar tornar mais melódicas as suas palavras”.
tt: A turnê desse CD já está rolando?
Henrique: A gente já está tocando as músicas desse CD, sim. Ela Me Deixou e a música com o Lucas, principalmente. Mas o legal, pra essa turma que é muito antenada em redes sociais, é a brincadeira do Vine com o Twitter, em que a letra de Ela Me Deixou foi toda fragmentada em várias hashtags e as pessoas podem fazer uma versão personalizada do clipe da música.
tt: Saindo do estúdio para o palco, o que muda?
Henrique: Com o passar do tempo, acabamos descobrindo que as duas coisas são legais. Não adianta ter só um show maravilhoso e ter pressa de voltar pra estrada, quando for fazer um disco. Porque o que fica da história são os álbuns, mas também não adianta ficar só dentro do estúdio, o artista precisa se divulgar. É bom descobrir o que é legal do estúdio e o que é legal do ao vivo. Mas tentamos fazer esse álbum o mais “vazio” possível, sem muita tecnologia e músicas cheias, agora estamos levando isso para a estrada.
tt: E tem alguma diferença no relacionamento entre vocês hoje? Com a intimidade e tudo mais?
Henrique: Na verdade, às vezes é o contrário. Além da intimidade, todo mundo fica um pouquinho mais ranzinza. Tem alguns dias que são mais fáceis de tocar ao vivo, outros mais difíceis. Mas especialmente neste disco, acho que é mais fácil.
tt: Existe alguma música de que você goste mais nesse disco?
Henrique: Eu adoro Esquecimento. É uma música que fala de relacionamento, quase um folk, contou com uma gravação de cordas, que eu tive a oportunidade de ver. A gente gravou em Londres, foi sensacional o resultado.
tt: Agora uma que tenha marcado você?
Henrique: Desse disco mesmo, a última música do álbum me marcou bastante, Tudo Isso.
tt: Uma curiosidade: vocês falam bastante sobre o mar na música de vocês. Isso é coisa de mineiro que só vê a praia de vez em quando?
Henrique: Ah, a grama do vizinho é muito mais verde, né? É a sedução pelo inexistente. O mar pra gente tem um significado mais forte, essa história do infinito. A gente tem montanha, que delimita espaço. E o mar pra gente é muito sedutor, a gente só vê o mar em feriado e nas férias.
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