Quem nunca usou a internet para flertar, que atire a primeira pedra! Entre DMs de Instagram e aplicativos de encontro, o ambiente virtual proporciona inúmeros cenários ideais para começar um papo que pode, no futuro, resultar em alguma coisa mais interessante.
O tempo para formular uma resposta, a facilidade de estar no conforto do seu lar de pijama, a vantagem de poder tirar print da conversa e mandar para as amigas… todos esses são pontos positivos de um flerte virtual.
Contudo, e se esses benefícios pudessem ser atrelados também ao término de alguma relação?
Embora, hoje em dia, quase tudo possa ser feito via internet (e aqui, eu digo tudo mesmo: de pagar contas até sexo virtual), ainda há quem considere terminar um relacionamento pelo celular algo desprezível. Quem defende isso, normalmente, fala sobre falta de consideração e desrespeito com tudo o que o casal viveu.
Porém, e se a pessoa que está terminando não consegue fazer isso pessoalmente? Seja por falta de coragem, seja por medo ou algum outro motivo pessoal.
O fato é que estamos em 2021, no meio de uma pandemia, lidando com milhões de coisas ao mesmo tempo. No meio disso tudo, ainda surge o termo “responsabilidade afetiva”, para relembrar as pessoas da importância de sempre jogar limpo e deixar claro os sentimentos pelo outro. Ora, se é assim, por que o término pelo telefone é tão julgado?
A pessoa ainda vai estar sendo sincera, ainda pode ligar e conversar sobre o assunto. Ela só escolheu tomar a decisão de uma forma que fosse melhor para ela, em um ambiente seguro e no momento mais propício. É uma atitude egoísta? Talvez.
Mas já que passamos metade do nosso tempo com o celular na mão e podemos fazer quase tudo com ele, terminar via mensagem não parece ser tão problemático.
Em meu primeiro fim de relacionamento, por exemplo — e que me perdoem os críticos, mas foi feito pelo celular —, eu mandei a mensagem e entrei em uma forte crise de ansiedade. Tomei dois banhos seguidos, deitei na cama e fiquei chorando por sei lá quanto tempo. Não quis comer, não quis levantar e só consegui me acalmar depois de uma maratona de Friends (uma das mais deprimentes que já fiz, diga-se de passagem).
Será mesmo que seria melhor eu ter vivenciado tudo isso em um shopping lotado? Ou na casa dele, para voltar depois dentro de um carro de aplicativo, com um desconhecido, me desfazendo de tanto chorar?
Eu entendo, é claro, que o choque para ele deve ter sido muito grande e que eu devo ter passado uma imagem de covarde e desrespeitosa, mas naquele momento, a prioridade era eu mesma. Sem vergonha de admitir. Eu estava disposta a conversar sobre o assunto, a telefonar, a explicar meus motivos, mas sair de casa para passar mal em público e ainda arriscar perder a coragem e continuar em um relacionamento sem querer? Não dava.
Então, sim, talvez quem termine por telefone seja egoísta, medroso e todos os outros nomes que você quiser atribuir. Mas em uma época em que a internet possibilita quase tudo, acabar uma relação de forma virtual visando o mínimo de exposição possível não me parece a pior coisa do mundo.
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