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Precisamos falar sobre Friends: da misoginia à gordofobia, o que aprendemos 26 anos depois

Precisamos falar sobre Friends: da misoginia à gordofobia, o que aprendemos 26 anos depois
Precisamos falar sobre Friends: da misoginia à gordofobia, o que aprendemos 26 anos depois

Friends é uma das séries mais amadas de todos os tempos. Completando 26 anos desde que o primeiro episódio foi ao ar, em 1994, o sitcom ainda tem uma enorme influência por parte do público.

“Friends fez o sucesso que fez por causa da construção de cada um de seus personagens principais. Todos eles tinham falhas de personalidade, mas como grupo, era unido e consistente”, afirma Paulo Gustavo Pereira, jornalista especializado em séries de TV.

Além disso, Paulo ainda explica que o sitcom foi revolucionário, já que quando algum dos personagens possuíam algum problema moral sério, todos tentavam ajudar – mesmo indo contra suas próprias personalidades.

“Para uma comédia de costumes isso era algo muito raro, mas muito comum em séries dramáticas de tribunais, médicos e policiais”, explica.

Com referências a clássicos como Miami Vice (série de televisão americana famosa na década de 1980) e participação de astros como Gary Oldmann e Reese Witherspoon, Friends veio preencher uma lacuna importante deixada por Seinfeld – transmitida pela primeira vez em 1989.

“Não são séries iguais enquanto estrutura, mas seus personagens sempre tiveram um pé na desarmonia, com problemas de integração social que beiravam a neurose mental. Em Friends, essa questão é amenizada como se fossem americanos típicos de classe média, que descobrem a amizade como forma de entender a sociedade do final do século passado”, analisa o jornalista.

No entanto, é natural que a percepção de alguns aspectos – antes considerados como meras piadas – mude com o tempo. Com um público moderno e mais engajado, algumas formas de comédia são vistas como gordofóbicas, racistas e preconceituosas em geral. Por isso, mesmo amando Friends, é super necessário entender que, por ter sido feito em outra época, existem pontos que para os moldes atuais, envelheceram mal.

gordofobia

Um dos pontos mais problemáticos é a representação do passado de Monica Geller como gorda: a personagem, vivida por Courteney Cox, era constantemente motivo de piada entre os amigos por conta de seu peso. A “Monica gorda” foi uma versão que serviu para perpetuar o estereótipo de pessoas com sobrepeso no audiovisual, vistos sempre como os engraçados e piadistas – mas principalmente aqueles que são incapazes de estar em um relacionamento amoroso.

amamentação

O seriado também retrata a relação dos homens com a amamentação de uma forma bastante infantil. No episódio em que Carol Willick (Jane Sibbett), primeira esposa de Ross Geller (David Schwimmer), está amamentando o seu bebê, Chandler Bing (Matthew Perry) e Joey Tribbiani (Matt LeBlanc) são totalmente desrespeitosos e ficam com nojo do leite materno.

assédio

Chandler e Joey – adorados pelos fãs da série -, objetificam corpos femininos em diversos momentos, além de fazerem comentários inconvenientes e bastante desrespeitosos às mulheres. Ao refletirmos sobre algumas das piadas proferidas, percebemos como certos apontamentos deles reforçam o machismo e a misoginia.

transfobia

A história de Helena Handbasket (Kathleen Turner, atriz cis), o pai de Chandler que se assumiu trans, é tratada de forma super preconceituosa – principalmente quando se diz respeito à reação dos personagens, que sempre fazem piadas sobre o assunto. Um dos episódios em que mais podemos ver isso é no casamento de Monica e Chandler, quando todo o resto dos amigos fica zombando da aparência de Helena.

Confira o antes e depois do elenco de Friends!

A própria criadora da série, Marta Kauffman, já afirmou, em entrevista ao jornal USA Today, que se não se orgulha da forma como as coisas foram conduzidas. “Acho que na época não tínhamos muito conhecimento sobre pessoas trans, e não tenho certeza se usamos os termos apropriados. Esse é o meu maior arrependimento”, contou.

misoginia e machismo

Ross – não só pela história do “estávamos dando um tempo” – é um dos personagens mais controversos em Friends. É possível analisar diversos comportamentos problemáticos quando falamos da relação dele com o filho, Ben. Quando o garoto começa a se interessar por brinquedos visto como “femininos”, como bonecas, vemos machismo e homofobia presentes nas falas do pai – que com medo do filho “virar gay”, incentiva o menino a brincar com brinquedos mais “masculinos”.

Outro problema frequente endossado pela série, são os estereótipos de gênero. Ross, quando descobre que a babá do filho é um homem, logo deduz que o profissional só pode ser gay, já que a tarefa de cuidar de uma criança, para ele, é totalmente ligada à feminilidade.

masculinidade tóxica (e frágil)

Uma outra piada super frequente em Friends, é o fato de Chandler estar constantemente preocupado com a imagem que está mostrando para as pessoas – além de sempre tentar enfatizar sua masculinidade na frente dos amigos.

+ Teste: quem é você em Friends?

São por essas e outras que é necessário sempre analisar e refletir sobre os conteúdos que consumimos. Mesmo em uma série histórica como essa, a época, os valores e as ideologias dos profissionais envolvidos na produção sempre irão transparecer através de um discurso. Por isso, é possível que consigamos apreciá-las, sempre tendo consciência de que algumas coisas não fazem mais sentido (ainda bem).

Aproveitando o mood séries, que tal relembrar 10 personagens poderosas da TV e Netflix? Dá o play, mana!

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