Quer você goste ou não, a indústria pornográfica existe e fatura bilhões de reais anualmente. É através dela, aliás, que muitas pessoas têm o primeiro contato com sua sexualidade e descobrem possíveis fetiches. No entanto, basta pesquisar rapidamente sobre o assunto para entender que o mundo do pornô não é tão bom quanto parece, e pode trazer consequências complicadas.
A psicóloga e sexóloga Jussania Oliveira (do Instagram @jussaniapsicosex) explicou que, inicialmente, é natural a curiosidade pelos filmes pornôs. As pessoas, principalmente as mais jovens, sentem necessidade de ver imagens e cenas com conteúdo sexual, além de quererem encontrar respostas para dúvidas que, muitas vezes, não têm coragem de tirar com pessoas mais informadas.
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mas por que pornô faz tanto sucesso?
Sites famosos voltados para conteúdo pornográfico possuem uma média de 4,5 bilhões de visitas mensais. O sucesso que esse tipo de material faz tem uma explicação:
“Os filmes pornôs trazem uma ideia de sexualidade, muitas vezes errada e distorcida, mas que têm imagens muito provocantes, com cenas que chamam muita atenção. Eles mostram variações e práticas sexuais muito diferentes, que despertam o interesse de várias pessoas. Não que necessariamente as pessoas vão realizar tudo aquilo que veem, mas as fantasias com certeza são muito mais incentivadas com os filmes”, explica Jussania.
e tem consequências?
Sim! A sexóloga comenta que, por mostrar o sexo de uma forma irreal, o pornô pode afetar a maneira com que as pessoas encaram as relações, além de, literalmente, causar um vício.
“Estamos tendo um número cada vez maior de pessoas viciadas em pornografia e masturbação. Então, quando aquilo que deveria ser usado apenas esporadicamente passa a ser o único estímulo sexual da pessoa, ela acaba ficando dependente“, destaca Jussania.
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Sobre os relacionamentos, ela explica que na pornografia há todo tipo de variação e fantasia sexual, porém na vida real, em um relacionamento comum, provavelmente não vai se realizar tudo que é visto. Isso também vai de encontro com o que é apresentado nos filmes, que passam uma imagem de que tudo é perfeitamente praticável. É importante lembrar que, em relações de verdade, as pessoas têm suas limitações e dificuldade.
Além disso, Jussania também fala sobre a imagem distorcida que os filmes passam.
“A gente tem muito jovem com inseguranças em relação ao tamanho do pênis, porque normalmente os atores pornô têm um órgão com tamanho acima da média. Sem contar que eles assistem aquelas performances de uma ou duas horas e se sentem incapazes por não conseguir atingir aquilo. As cenas não são reais, mas a mensagem passada é que aquilo é o ideal, o normal“.
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Por isso, é preciso ter o discernimento de saber que nada daquilo que se assiste é real.
“O jovem tenta viver uma vida sexual imitando aquilo e isso certamente vai frustrá-lo. Ele vai achar que ele é o problema, que ele não é capaz. Os filmes são uma produção. Eles têm edição, mostram corpos perfeitos, com performances perfeitas. Ali ninguém brocha, todo mundo chega ao orgasmo e nada disso é real“.
mas se não for pelo pornô, como se estimular?
Muita gente não consegue abandonar o vício nos filmes pornôs porque acha que não haverá outros meios de conseguir estímulos sexuais, porém isso não é verdade.
“A pornografia não deve ser o único estímulo, porque acaba limitando a pessoa de ver outras práticas“, alerta Jussania. A dica que ela dá, principalmente para as mulheres que não gostam de assistir aos filmes, são contos eróticos e podcasts.
Contudo, vale lembrar que lembranças, conversas e a própria imaginação também podem ser utilizadas nesses momentos.
