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Sombra e Ossos da Netflix adapta de forma grandiosa os livros de Leigh Bardugo

Sombra e Ossos da Netflix adapta de forma grandiosa os livros de Leigh Bardugo
Sombra e Ossos da Netflix adapta de forma grandiosa os livros de Leigh Bardugo (Divulgação/Netflix)

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AVISO: essa é uma resenha sem spoilers, então pode ficar tranquile! ❤️ Na próxima sexta-feira (23) a Netflix lança mais uma aguardada produção original, a série Sombra e Ossos. Inspirada principalmente no primeiro livro da trilogia inicial do Grishaverse, da autora Leigh Bardugo, a série conta a história de Alina Starkov (Jessie Mei Li), uma jovem cartógrafa que descobre sua rara habilidade de invocar luz do sol, poder capaz de eliminar uma escuridão que divide o reino de Ravka ao meio, a Dobra das Sombras.

A série, que conta com Eric Heisserer como produtor e showrunner e com a própria Bardugo como produtora executiva se afasta do cenário típico da Inglaterra medieval – tão comumente visto em romances de fantasia – e é inspirado na Rússia Imperial. Com efeitos cinematográficos rebuscados e um elenco talentoso, as expectativas estão nas alturas.

+ Elenco de Sombra e Ossos comenta sobre personagens e revela curiosidades sobre as gravações

A todateen teve a oportunidade de conferir todos os oito episódios antecipadamente e traz uma análise adiantada dos principais aspectos da produção, separando alguns pontos importantes para você já saber o que esperar quando for dar o play!

a mescla entre sombra e ossos e six of crows

A série trata, essencialmente, os acontecimentos do primeiro livro da trilogia Grisha, Sombra e Ossos. No entanto, como já pudemos ver pelo trailer, a produção teve a ideia – genial! – de combinar a trilogia com a outra série de Bardugo, a duologia Six of Crows. Esse fato, desde que foi divulgado, causou muita curiosidade entre os fãs, visto que a duologia se passa dois anos após os acontecimentos finais de Ruína e Ascensão, terceiro e último livro da trilogia.

Por conta disso, além dos personagens de Sombra e Ossos, temos o prazer de ver interações valiosas entre os queridinhos integrantes da gangue dos Crows: Kaz Brekker (Freddy Carter), Inej Ghafa (Amita Suman), Jesper Fahey (Kit Young), Nina Zenik (Danielle Galligan) e Matthias Helvar (Calahan Skogman). De forma muito bem costurada, a produção conseguiu – modificando alguns pontos do plot inicial de Six of Crows – interligar ambas as narrativas. Tornando o resultado interessante, mas ainda assim fazendo jus às motivações pessoais, intrigas e singularidades de cada um.

o ritmo da narrativa e os efeitos especiais

Gravada em 2019 em Budapeste, na Hungria, dos cenários dos acampamentos de guerra em Ravka, até as montanhas frias perto da fronteira de Fjerda e o cenário úmido de Ketterdam, nas vielas do Barril: tudo é feito com esplendor. Os poderes dos Grishas também são lindamente desenvolvidos, bem como as cenas com o Cervo de Morozova e o esquife cruzando a Dobra das Sombras em meio aos Volkras.

Os episódios seguem uma média de 49 minutos e, como são apenas oito, em alguns momentos as coisas acontecem um pouco rápido, sem tanto aprofundamento sensorial e interno dos personagens envolvidos. Porém, esse fator não implica em nada na qualidade das atuações e da produção como um todo, principalmente no aspecto diversidade.

Da mesma forma que Bardugo evoluiu nos livros, em especial em Six of Crows e na atual série King of Scars, em que ela descreve e narra as aventuras de personagens explicitamente não-brancos, a produção da Netflix teve, desde o início, a preocupação de criar um universo que não fosse majoritariamente branco. Por isso, diferente dos livros, na série Alina é descendente de Shu Han, o país que corresponde aproximadamente ao Leste Asiático no Grishaverse, trazendo uma força a mais para o arquétipo “da escolhida”, que neste caso dá destaque para uma mulher amarela.

Ainda nesta questão, vale ressaltar a talentosa soldado Grisha, Zoya Nazyalensky (Sujaya Dasgupta), que logo de início na série é apresentada como birracial – algo que nos livros só acontece em King of Scars. Dessa forma, com suas origens mais nítidas na adaptação, com suas raças diretamente envolvidas, o relacionamento entre Zoya e Alina ganha uma camada muito mais complexa do que uma mera rivalidade feminina, uma vez que Zoya tem plena consciência do que significa parecer uma forasteira.

“Embora ela esteja muito ciente de sua identidade, de sua raça e de onde seus pais vieram, ela também vai usar isso como uma forma de machucar Alina, justamente porque ela – também como mulher mestiça – sabe como essas coisas doem. Ela mesma já deve ter ouvido todas essas coisas horríveis antes”, disse Dasgupta, atriz que interpreta Zoya, para o portal Polygon.

Por conta dessas problematizações, temos mais um ponto de reflexão na narrativa, que definitivamente nos mostra que as coisas são mais profundas do que parecem. Do mesmo jeito que observamos a evolução de Zoya nos livros, também temos essa aproximação dela com a Alina, de maneira orgânica e significativa, sem vilanizar ou antagonizar duas mulheres fortes e poderosas.

Um outro adendo relevante é que, mesmo sem Wylan Van Eck na primeira temproada, ainda assim temos na série cenas que retratam de forma responsável a sexualidade de Jesper e, até mesmo, de Nadia Zhabin (Gabrielle Brooks), Grisha Aeros que vive no Pequeno Palácio, trazendo representatividade LGBTQIA+. Lembrando também que tivemos a atriz Danielle Galligan para protagonizar Nina, que é uma mulher que foge da magreza padrão e traz diversidade de corpos para a série.

relacionamentos, atuações e desenvolvimento

A performance dos Crows – Kaz, Inej, Jesper, Nina e Matthias – é bastante notável. Os atores incorporaram com esplendor as características que já tínhamos visto (e amado) nos livros e certamente deixarão o coração dos fãs quentinho em vê-los na televisão em carne e osso. Além disso, outro destaque vai para Ben Barnes, que dá vida ao Darkling (General Kirigan).

Já conhecido por seu papel como Príncipe Caspian em As Crônicas de Nárnia e Logan, na série da HBO, WestWorld, Ben encarna de forma bastante realista as dores e os esquemas do Darkling. Inclusive, as cenas dele com Baghra, vivida pela fabulosa Zoë Wanamaker – conhecida por sua atuação nos filmes de Harry Potter – também demonstram uma dinâmica estupenda. Mas, ressalto que, embora o Darkling apareça e tenha destaque nos momentos decisivos, uma de suas principais cenas de glória acontece apenas no season finale, deixando a gente ~bem~ instigado para assistir a uma segunda temporada.

Além disso, como a série teve Bardugo trabalhando diretamente na produção, além de preservar a essência dos personagens, ela também teve a sensibilidade de aproveitar a oportunidade para reformular cenas que, nos livros, puderam ser interpretadas pelo público como problemáticas – principalmente no que diz respeito à relação entre Darkling e Alina.

E falando em Alina, na série vemos um desenvolvimento bem terno da Conjuradora do Sol com Malyen Oretsev (Archie Renaux). Através de flashbacks, vemos o casal de amigos nos dias de orfanato e podemos entender melhor o amor, o carinho e a lealdade que existe entre eles.

Ainda sobre as mudanças feitas no roteiro para juntar as duas séries de livros em um mesmo contexto, a história da Nina, é uma das que tiveram algumas alterações (mesmo que sutis). Os roteiristas acharam um caminho bastante criativo: conseguiram tratar um pouco do passado de Zenik, acharam uma forma de contar como ela e Matthias se conheceram e, ainda, envolver os dois – mesmo que indiretamente –  no plot principal.

Como a série é relativamente curta e se propõe a abordar um bom punhado de acontecimentos e cenas de ação, alguns aspectos mais íntimos de certos personagens – ainda! – não foram contemplados. Provavelmente pela falta de tempo, alguns dos traumas de Kaz não foram propriamente endereçados, não abordando, por exemplo, os motivos por trás dele estar sempre de luva ou o porquê dele usar a sua clássica bengala que auxilia em sua locomoção. Mas tivemos, sim, uma pequena pincelada introdutória para entender a rusga dele com Pekka Rollins, deixando o telespectador curioso para entender mais sobre.

Uma outra preocupação eram as dúvidas de como a série retrataria Kaz e Inej. Por isso eu digo: Kanej stans, podem ficar tranquiles! A sensibilidade e a complexidade do relacionamento dos dois é mantida, demonstrando a química e o carinho, mas sem exageros. A dinâmica é, inclusive, bastante semelhante às interações que vemos nos livros.

personagens humanos

Assim como a experiência que temos com os livros, a produção é bem mais que apenas uma fantasia bem construída. Mesmo em um universo fictício, vemos problemas da nossa realidade, como preconceito e racismo, sendo abordados de forma consciente, cumprindo seu (primordial!) papel cultural, que é o de trazer questões latentes para o debate público e fomentar discussões.

Dando voz e destaque para os marginalizados, Sombra e Ossos ganha o público com seus personagens humanos e reais, criando uma conexão autêntica e especial. Predominantemente de grupos minoritários, os protagonistas são poderosos e ao mesmo tempo palpáveis. Seja através de seus Santos ou de suas crenças, seja por suas bases de tolerância, amizade e lealdade, cada um, com suas individualidades mágicas, conseguem inspirar intimamente o telespectador – que termina o último episódio já ansiando por uma nova leva.

Sombra e Ossos estreia no dia 23 de abril na Netflix.

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