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Alana e Tom Cabral falam sobre a representatividade negra nas telinhas

Crédito: Divulgação/Arquivo Pessoal

Irmãos, jovens e negros. Alana e Tom Cabral hoje estão na lista de novos atores em destaque nas telinhas. Ela, inspirada na força de potentes nomes como Dandara dos Palmares, com apenas 14 anos, conquistou o papel de Zayla, princesa e vilã da primeira fase em “Tempos do Imperador”, da TV Globo.

Já Tom, aos 19 anos, fez sua estreia na carreira artística com o filme “Confissões de uma Garota Excluída”, produção original da Netflix. Na trama, ele vive um jovem tipicamente carioca e que ao longo da história, se apaixona por Zeca, vivido por Marcus Bessa.

Crédito: Divulgação/Arquivo Pessoal

Em entrevista à todateen, os dois falam sobre carreira, o relacionamento familiar e o que significa ser um artista negro no Brasil em 2021. Confira:

Alana, Tom, de onde surgiu essa paixão pela arte?

“A nossa família sempre foi muito artística, tanto para música, quanto para o teatro. Atriz e ator nós somos os primeiros. Mas todo mundo da nossa família sempre teve uma relação forte com a arte, nada tão profissional. Só algumas bandas, dos meus tios, avós. Acabou que refletiu um pouco na gente”, conta Alana.

“Era a única saída para gente, porque é uma coisa que a nossa família gosta muito. Alguém da nossa família tinha que ser artista e acho que a gente escolheu nisso. Não só por eles, mas porque nós gostamos disso e está no sangue”, completa Tom.

E o que a arte representa para vocês?

“Eu faço teatro, canto, danço desde pequenininha e não consigo imaginar a minha vida sem a arte. Eu acho que é uma libertação. Quando estou atuando, fazendo o que eu gosto, eu me sinto muito feliz. E além de gostar, eu me divirto muito”, destaca a atriz.

Para Tom, arte é representatividade, traz paz e refugo, quando a gente não está muito bem, ou não sabe o que fazer. Arte é casa.

Alana, como foi o processo para entrar na maior emissora do país?

Nossa, foi muito doido. Desde os seis anos eu faço testes, jobs. Aos nove, passei no teste da Globo e de lá eu não saio mais. É uma emissora maravilhosa, as pessoas são incríveis. Quando a gente pensa: ‘eu vou entrar na Globo’, a gente não imagina como realmente é, e é totalmente diferente, e foi incrível, uma experiência única, vou guardar para sempre no meu coração. As pessoas super carinhosas, me ajudando, os atores que trabalhavam comigo sabiam que era o meu primeiro trabalho e falavam: ‘Alana, faz isso que é legal, faz aquilo, olha você está indo muito bem’, então assim, o apoio das pessoas é muito incrível.

E a sensação de interpretar a primeira vilã da sua carreira? A recepção do público, da sua família?

Nossa, foi muito gratificante! Eu fiquei muito honrada porque eu acho que assim, todo ator e atriz quer fazer um vilão/vilã, e é algo que a gente gosta muito porque sai da nossa caixinha, sai do nosso normal e me trouxe muita representatividade porque quando a gente fala assim: ‘Alana Cabral, uma atriz negra, o que ela foi na novela?’. Logo se pensa uma escrava? uma filha de empregada? Não, eu fui uma vilã, uma princesa. Foi uma coisa diferente. Acho que foi uma das primeiras novelas que colocou uma menina negra como uma das antagonistas, em um núcleo bom, de verdade. E eu me sinto muito honrada mesmo.

Quais foram as suas inspirações pra interpretar Zayla?

Olha, a Zayla ela é uma personagem inventada. Não é como a Princesa Isabel que eu tive que pesquisar sobre para saber como ela era. Então eu tive que buscar em mulheres que existiram coisas para incluir na personagem. Eu comento muito sobre a força da Zayla. Eu sempre gostei muito de estudar sobre a força das mulheres negras e a Dandara dos Palmares tem uma força maravilhosa e acho que eu tentei trazer um pouquinho da força, da persistência, da esperança. Uma atriz que me representa muito é a Ruth de Souza, ela é maravilhosa, uma deusa. Acho que sem ela as portas não estariam abertas para que a gente conseguisse trilhar.

Tom, e para você, como é fazer a estreia na Netflix? Gigante do streaming!

É muito doido de se pensar. Para gente, quando você pensa e almeja estar no meio artístico você fala: ‘cara, é inalcançável’. E vem de uma maneira que eu fiquei: ‘o que está acontecendo?’, ‘é real?’. E depois que aconteceu, que saiu o filme, eu sai com os meus amigos e 5 pessoas me pediram para tirar foto e eu falei: ‘gente, realmente as pessoas estão assistindo’. A primeira vez que eu me vi na TV, eu chorei. Fiquei sem acreditar. Estou na TV, na Netflix, onde todo mundo conhece. É muito gratificante mesmo.

Esse filme foi minha estreia, mas teatro faço desde pequeno. E assim, começar diretamente na pandemia foi bem difícil. Eu tive que ralar, estudar e literalmente focar naquilo como trabalho. A gente teve que criar relações que não tínhamos porque você não tinha acesso aos outros atores porque era tudo separado. Tinha que ficar longe, tudo era separado, não podia tirar máscara, abraçar, cumprimentar direito e estava assim começando a voltar as gravações. Acho que foi uma das primeiras produções nessa época. Um filme de terror dentro de um filme.

No dia a dia, como é a relação de vocês? Como irmãos mesmo.

“Todo mundo acha que a gente briga muito mas não. A gente sempre teve uma relação muito boa, de verdade. Desde quando eu nasci, ele sempre me trata bem. Hoje a nossa relação está mais forte, acho que porque eu estou crescendo”, brinca Alana.

“Eu não estou querendo que ela cresça e ao mesmo tempo tenho que ensinar algumas coisas para que ela não saia como boba. Nossa relação é de melhor amigo. Nós temos vários papo cabeça. Cumplicidade é a palavra. Eu a defendo com unhas e dentes”, afirma Tom.

E quando o assunto é trabalho? Vocês trocam ideias? Passam roteiro juntos?

“É muito legal ter uma pessoa com o mesmo trabalho e objetivo que você. A gente fez até uma aposta que quem ganhar primeiro o Oscar tem que comprar uma coisa cara para o outro. (risos). Não é uma competição, sabe? É um incentivo mesmo. Mas assim, a gente lê o roteiro um com o outro. A gente trabalha realmente em equipe. Bato o texto com ele”, diz Alana.

“Ela me passa muita segurança. Acho que fazer as cenas com ela ficam bem melhores. Ela tem uma segurança no que está fazendo, além disso ela me passa verdade. Eu consigo escutar e transformar aquela cena. Atuar não é simplesmente colocar um sentimento. Você precisa escutar o que o outro está falando, absorver e jogar o texto. E com ela eu consigo fazer isso”, ressalta Tom.

Estamos no mês da Consciência Negra, como vocês fariam um balanço sobre a presença dos artistas negros no Brasil?

“Eu acho que o artista já é desvalorizado no país. E ser um artista negro é muito difícil. A gente tem que passar pela fase de ‘caraca, ela quer ser artista no Brasil no século XXI’, passar pelo racismo, pelo preconceito, pela luta que a gente traz. E isso é muito difícil! Tem que ser uma pessoa muito forte para conseguir por tudo isso bem e falar: ‘é isso que eu quero”, inicia Alana.

“Acho que tem que ser muito persistente. A linha é muito maior. O artista é muito julgado. ‘vai passar fome, é maluco, é louco’. Eu sinto que a gente escolhe ser feliz, a gente não escolhe uma profissão. O ator tem que gostar muito do que faz. Não é fácil. A gente estuda muito. Cada texto que a gente lê precisa de muita referência, não é só um papel com falas. Tem que saber de história, de tudo que aconteceu. E quando se é negro, a gente batalha pelo racismo em cima de disso. A gente tem muito talento. O negro tem muito talento para tudo e isso vem sendo reconhecido agora, aos poucos”, fala Tom.

“É muito incrível vê pessoas pretas no topo. O Emicida canta: ‘tudo que nóis tem é nóis’, e é realmente isso. A gente tem que se levantar. Quando a gente chega lá a gente precisa abrir as portas para que outras pessoas entrem. A gente quer todo mundo junto. E esse é um sentimento que só quem é negro entende”, encerra Alana.

Para gente encerrar, Alana, se você pudesse deixar uma mensagem para o Tom, o diria? O que ele representa para você?

Olha, você é uma pessoa muito forte, que tem muito talento e é muito inseguro… Aí eu vou chorar. Você é muito inseguro, e isso as vezes te limita a fazer coisas que faz com os pés das costas, sabe? Você é uma pessoa que eu não consigo viver sem… Aí eu vou chorar de novo! Por mais que você ache que não pode, você pode sim. Tudo! Você tem uma calma, uma paciência, você sabe ensinar, você é dirigível. Você nasceu para isso e não desista nunca

E você, Tom, o que diria para ela?

Em primeiro lugar eu queria falar que você é uma inspiração para mim, desde que você nasceu, eu te pedi muito. Pedi muito para Deus mesmo. Eu queria um irmão (risos) você sabe, mas você chegou e vale por mil. Você é muito forte, uma garota que sabe o que quer. Direção, persistente, incrível. Me dá conselho, me dá ombro. Eu simplesmente te amo e você não tem noção.

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