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“Eu acho que existe um lugar de sororidade e respeito que toda mulher conhece”, reflete Gabie Fernandes

Crédito: Divulgação/ Fernanda Queiroz

Atriz, escritora, influenciadora digital e uma das vozes por trás do podcast “Clube do Pé na Bunda”, Gabie Fernandes aproveitou o Dia Internacional das Mulheres, lembrado nesta terça-feira, 8, para conversar com a todateen sobre feminismo e empoderamento.

Crédito: Divulgação/Leticia Allo

Muito além das pautas clichês que cercam o dia, por aqui trouxemos um gancho um pouquinho diferente. Mulheres mais velhas que já eram feministas muito antes de entenderem o significado por trás de uma palavra com tamanha potência. Não é a toa que Gabie coloca sua avó, Dona Valda, como berço de inspiração e estudo. Vem conferir essa relação de afeto, carinho e troca.

Nos últimos anos, movimentos de empoderamento feminino têm ganhado cada vez mais força. Qual foi o primeiro contato com esses movimentos? Como eles afetaram a sua percepção sobre a vida no geral?

Eu nasci numa família que a maioria são mulheres, e isso significa que eu tive contato com o feminismo muito cedo, o feminismo na prática. Eu acho que a partir do momento que eu comecei a trabalhar com Internet, que eu comecei a receber muitos comentários sobre aparência, sobre competitividade feminina, é que eu comecei a entender a importância do feminismo. Então eu percebo que hoje há uma melhora na Internet, justamente porque tem mais pessoas falando sobre o feminismo, mais mulheres falando sobre isso em diferentes pautas como maquiagem, humor, independentemente do assunto conseguem colocar o feminismo. Eu acho que por ter tanta informação, as coisas estão melhorando muito. Mas o que eu posso dizer sobre começar a entender Movimento, ter o contato real por meio da Internet, foi quando eu comecei, porque eu recebi muita crítica, muito hate e o feminismo me abraçou.

Em tempos onde a pauta feminista vem cheia de estigmas e dúvidas, como você acha que a internet pode ser uma via de acesso ao diálogo acessível e honesto?

Eu acho que a Internet vem num lugar de muita democratização, ela vem num lugar de fazer com que aquele conhecimento, que as vezes era muito acadêmico ou de elite, passe pra massa porque a gente consegue fazer de um jeito mais leve. Hoje em dia tem mulheres falando sobre feminismo de diversas maneiras e conteúdos diferentes, então têm muitas maneiras dessa pessoa ver o mesmo conteúdo. Eu acho que a Internet veio realmente pra democratizar o conhecimento, então aquilo que eu sei, eu vou passando aos poucos. Lógico que no meio dessa bagunça tem muita gente se aproveitando dessa democratização pra falar besteira, passar informações erradas e tudo mais. Mas, ao mesmo tempo, tem muita gente usando desse espaço para acessar aquelas pessoas que nunca tiveram acesso a esse tipo de conteúdo.

Para você, qual a importância de mulheres fortes na vida das mais jovens?

Eu acho que nem existe o termo mulher fraca, pra mim o termo “mulher forte” é quase uma redundância, porque todas as mulheres que eu conheço vieram de um lugar de muita luta,muita garra, muito enquadramento, muita justiça e muita ética. A minha vó deu conselhos muito bons e muito fortes desde quando eu era muito pequena e, por conta disso eu não desisti de muitas coisas da minha vida. Minha vó foi a primeira pessoa que me ensinou a me colocar em primeiro lugar, a pensar em mim antes de pensar nos outros e pensar nas coisas que eu quero e como eu quero. E eu acho que isso é muito importante, saber que a gente vive num mundo onde as pessoas tentam fazer com que a gente se diminua para caber nos lugares e a minha vó veio justamente com essa diferença toda —“você tem que ser grande, você tem que ser bom, você tem que se colocar em primeiro lugar, fazer o que quiser fazer” e acho que isso é muito bonito e foi muito importante para o meu crescimento, porque se colocar em primeiro lugar é uma das minhas dificuldades até hoje.

De forma geral, você acha que parte da mídia potencializa um discurso errôneo sobre o feminismo dificultando ainda mais o entendimento sobre a luta?

Acho que sim, que a mídia potencializa, principalmente a mídia por parte da direita. Acho que é muito comum pegarem assuntos que são difícil de discutir, assuntos que são tabus, e colocarem as feministas como grandes vilãs da história dentro desses pontos de vista. Isso não aconteceu nem uma, nem duas, nem três vezes na história, isso acontece de diversas formas, quando o feminismo busca na verdade igualdade. Hoje em dia gente não tem os mesmos salários, a gente não ocupa as mesmas posições que muitos homens ocupam, a gente não têm direto sobre o nosso próprio corpo. Então têm muitas coisas que não são discutidas na grande massa. Mas aí pegam um ou outro assunto que é extremamente polêmico e extremamente tabu para sociedade num todo e colocam as feministas de um lado da história como se fossem grandes bruxas, fazendo um grande maquinário querendo se promover, querendo vantagens ao invés de igualdade.

Qual o maior aprendizado de força que sua avó, no papel de maior inspiração, compartilhou com você?

Quando eu saí da faculdade de engenharia e fui pra faculdade de artes cênicas, eu fui contar pra minha vó com muito medo e receio do que ela iria achar, e ela falou “eu sempre quis ter uma neta artista” e começou a chorar. Aquilo foi uma benção tão grande que eu entendi que todas as minhas decisões partem de um lugar da vida, pensando em abundância, eu nunca vou fazer uma escolha pensando que o outro vai se ferrar ou para chatear o outro. Aí que eu entendi que recebendo aquela benção da minha vó, eu poderia fazer o que eu quisesse. Porque eu faço as coisas em prol da bondade, querendo ser boa. Não é que eu não erro, mas eu faço as coisas querendo ser boa, ser feliz é meu grande objetivo na vida e aquilo me abençoou de uma maneira que eu pensei “caramba, minha vó falou que eu vou ser artista e nas entrelinhas ela falou que está tudo maravilhoso ser artista e que pra ela é uma grande vitória”. Aquilo me aconchegou de uma maneira que eu tomei como uma grande verdade, de que isso daria certo na minha vida e foi muito importante pra mim.

Especialmente em 2022, um ano político, qual a importância do Dia Internacional das Mulheres, especialmente na luta pela equidade de gênero?

Eu acho que mais do que nunca, por ser um ano político, um ano de decisão, é importante a gente pensar em quais pessoas ali estão nos representando, quais pessoas ali falam da mulher no lugar de respeito, no lugar de igualdade, não no lugar de receber flores e mandar chocolate no dia 8 de março. Porque eu não me importo com isso, não é isso que eu quero. Temos que ver quais são as pessoas que estão lutando pelas mulheres ali dentro que querem igualdade de salários, que querem que as mulheres tenham oportunidade de emprego, que as mulheres também estejam nas faculdades, querem que as mulheres sejam cientistas, donas de empresa.

É pensar sobre isso, porque o discurso bonitinho, a poesia e mandar flores no dia 8 é muito fácil, qualquer um pode fazer, mas no mundo político é extremamente importante que a gente veja quem está do lado das mulheres. No mundo onde o homem cis branco consegue todas as oportunidades, é importante que tenha pessoas falando pelas mulheres.

Para gente finalizar, qual mensagem você deixaria para uma mulher hoje?

Olha eu não estou aqui pra dar parabéns ou qualquer coisa do tipo, porque só eu sei o que dói quando alguém fala isso pra gente no Dia das Mulheres, então o que eu desejo pra gente hoje é paciência, além de força. E queria dizer que estamos juntas. Eu acho que existe um lugar de sororidade e respeito que toda mulher conhece, o lugar da outra mulher. Em alguma instância, apesar dos recortes, apesar das diferenças sociais, no íntimo acho que toda mulher sabe um pouco do que a outra está pensando, passando e sentindo e, eu quero muito que a gente continue com essa força, que a gente vá juntas pra um lugar melhor. E eu tenho fé que a gente vai conseguir chegar em um lugar melhor.

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