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O livro novo do Rezende está cheio de histórias pessoais. Vem saber!

E a gente disponibiliza um trecho inédito pra você!

Livro novo do Rezende, que está piscando na foto
Foto: Marlos Bakker, arte: Pérola Stein

Rezende é um youtuber de muito (bota muito nisso) sucesso e inscritos. E esse sucesso todo tem se espalhado para novas áreas: boy já lançou três livros com foco em MineCraft, estreou como ator na série Z4, parceria linda entre Disney e SBT. O livro novo do Rezende é um dos lançamentos que você vai amar! O título é Muito prazer, RezendeEvil – Minha vida antes e depois do YouTube, lançado pela Suma das Letras. Ele falou com a gente sobre a experiência e, no fim desse post, tem uma surpresa LINDA: um trecho do livro. Pronta pra devorar?

tt: Qual a diferença de lançar um livro todo autobiográfico? Deu alguma timidez?

Rezende: Costumo falar que esse livro não é uma biografia, porque acredito que não tenho idade para isso. É um livro de histórias, minhas histórias pessoais. São memórias, boas e ruins, até algumas que eu nunca tinha contado para ninguém. Deu um pouquinho de timidez, mas acho que é normal. Gosto de dividir tanta coisa com meus fãs, achei agora era o momento de reunir minhas aventuras num livro.

tt: Você está atuando agora, na série Z4… O que está achando do novo trabalho?

Rezende: Está sendo sensacional. O elenco e a produção são incríveis, me ajudaram muito nesse novo desafio, aprendo demais com eles. Sempre sonhei em participar de série de tevê, exatamente como é a Z4, e sou muito grato pela oportunidade.

tt: Você já tem alguns livros lançados… Qual é a melhor parte de lançar livros?

Rezende: Já tenho outros três livros lançados e todos falavam de Minecraft, que foi onde comecei como youtuber. A melhor parte de lançar livros é poder exercitar minha criatividade e ainda levar mais conteúdo para quem me acompanha.Também fico muito feliz em, de certa forma, incentivar a leitura. Já recebi retorno positivo de pais que disseram que o filho não gosta muito de ler, mas os meus livros ele lê. Isso é muito gratificante. Espero que todo mundo goste desse novo projeto!

A capa do livro novo do Rezende - Foto Marlos Bakker

A capa do livro novo do Rezende – Foto Marlos Bakker

Agora, conforme a gente prometeu no começo do post…

Vem ler um trecho inédito do livro novo do Rezende!

De vez em quando, nas entrevistas ou conversas, principalmente com os pais dos seguidores, me vem a pergunta: como você era na escola? Era bom aluno? Gostava de estudar? Queria fazer faculdade?
No começo, eu ficava sem jeito para responder a essas perguntas. Pareciam um tipo de armadilha, en-tende? Conversei muito com meus pais sobre isso. O conselho sempre foi: fala a verdade.
— Não inventa — meu pai sempre dizia. — Não crie um personagem. Seja o que você é e pronto.
Aliás, a essa altura do livro alguém pode até dizer: nossa, você só fala da mãe, do pai, do irmão.
Opa.
Assumo que falo muito deles, pois nas minhas grandes “aventuras” de infância e de adolescência, felizmente estavam todos do meu lado. Agradeço por isso e tenho o maior orgulho de citá-los nas minhas histórias. Quem acompanha meus vídeos sabe do que sinto por eles e do que eles sentem por mim. Foi sempre assim, desde que me lembro, e continua sendo. Divido
com eles minhas dúvidas, minhas angústias, minhas alegrias. Eu sou um cara de sorte. $
E a escola? Bom, eu e o João também tivemos muita sorte. Para poder fazer faculdade e se manter, meu pai foi professor de ensino médio e cursinho durante mais de vinte anos. Dava aulas de química e biologia. Além disso, sempre foi apaixonado por literatura, história, filosofia… Desde os primeiros anos escolares, estudava comigo antes das provas, e fez isso até o terceiro ano do ensino médio.
E pegava pesado!
Ele ficava preocupado com as organelas da célula e eu com o jogo do dia seguinte. Talvez, por esse apoio e preocupação, nunca fiquei de recuperação ou prova final. Posso dizer também que em relação às notas nunca dei muito trabalho.
Mas quando o assunto era o meu comportamento na escola, hum… digamos que às vezes eu aprontava um pouquinho. De vez em quando, eu era gentilmente convidado a sair da sala, fazer uma visita à supervisão ou levar uma cartinha para casa. Motivos? Ah, mano… tinha umas coisas que eu não aguentava, e aí em vez de ficar quieto, eu abria o bocão, começava uma discus-são e ia parar na coordenação (até rimou!).

Exemplo 1: o professor chegava mal-humorado na sala, e do nada dava uma bronca no Xupeta (amigo meu) que não estava fazendo absolutamente nada naquele momento. O Xupeta tentava argumentar e o professor o colocava para fora da sala. Aí o pateta aqui
entrava na história e resolvia defender o amigo. Conclusão: eu e o Xupeta na coordenação (rimou de novo, juro que não estou fazendo de propósito).

Exemplo 2: Todos os dias tinha gente que esquecia a carteirinha para entrar no colégio (inclusive eu). Mas num belo dia, o Toshio, que nunca esquecia… esqueceu. E o que aconteceu? O porteiro não deixou o Toshio entrar. O porteiro estava certo? Na visão dele e do colé-gio, sim. E na visão do baderneiro aqui? Uma injustiça! Se fosse eu, o Xupeta, o Guilherme ou até a Ana Lui-za… tudo bem! Mas o Toshio?! Pô, o cara nunca fazia nada errado! Resultado da indignação: Toshio e eu na coordenação.

Exemplo 3: Aula de educação física. Aquele esquema de sempre, o professor soltava uma bola e deixava a molecada correndo até dar o tempo da aula. Meu, tem moleque que nem sabe o que é uma bola. Gosta de outra coisa, de outro esporte — ou às vezes nem gosta de esporte. Mas o professor botava o cara pra correr na quadra! Aí vinham “os craques” e começavam a zoar o Guga, que era um menino perna de pau mas muito legal. Davam rolinho, bola no meio das pernas, faziam de bobinho. Aquilo foi me irritando… Na educação física, eu costumava jogar na linha, né… Aí chegou uma hora em que eu dei uma dividida um pouco mais forte com um dos “craques”, o mala se esparramou pelo chão, e eu escutei o apito do professor. Resultado final: Pedro na coordenação.
Eram coisas desse tipo que me aconteciam — eu era vítima das circunstâncias, não exatamente o “problema”.
Ok… Na real, tem uma coisa que “aprontei” e de que me lembro com certo prazer.
Foi o evento que mais tarde ficaria marcado na história como a Revolução do Ketchup.
Sabemos que maionese e ketchup são mais importantes que o lanche em si — porque ele pode até ser uma porcaria, mas tendo maionese e ketchup, tudo fica mais fácil de mandar pra dentro.
E você acredita que num belo dia, lá no meu colégio (que era particular e caro pra caraca), a cantina resolveu que ia começar a cobrar pelos sachês de ketchup?
Meu, quando eu soube da notícia, surtei. Pensei no prejuízo que ia levar. Eu usava vários sachêzinhos por salgado!
Passei um fim de semana inteiro pensando em como resolveria aquela parada. Na verdade, foi fácil. Na segunda-feira mesmo comecei a levar meu próprio ketchup e minha própria maionese.
Fiquei sossegado por alguns dias, apenas usufruindo de meus próprios condimentos.
Mas, cara, aquilo foi me incomodando e crescendo dentro de mim…
No terceiro dia, eis que apareço na escola com uma mochila cheia de sachês de ketchup e maionese. Montei acampamento perto da cantina e colei uma plaquinha de “Maionese e Ketchup grátis” na parede. Assim, comecei a campanha de distribuição de condimentos.
Aquilo era guerra. Uma guerra comercial, eu contra o Império da Cantina. Eu dispunha de duzentos reais para financiar a minha campanha. Por dois dias foram duas filas: uma para comprar o lanche e outra para pegar o ketchup e a maionese na barraca do Pedro Afonso.
Mas por que só dois dias?
Porque, no terceiro dia, o revolucionário aqui foi chamado onde? Onde? Adivinha? Na coordenação? Não, mas também rima: na direção. Cara a cara com o diretor.— E aí, Pedrão. Sempre agitando, não é? — disse o diretor amigavelmente. No fundo, acho que ele estava
endo graça naquela situação. — Até quando vai con-seguir trazer os sachês para distribuir?
E eu, meio tremendo, mas me mantendo o mais tranquilo possível, respondi:
— Tenho meus fornecedores.
O diretor ficou olhando para mim, acho que meio sem saber o que fazer. Me encaminhou para a coorde-nação e ganhei meu presentão: dois dias de suspensão. Putz cara, eu só me metia em fria. Hoje… hoje eu es-tou um pouco pior. Kkkkkk
Cheguei em casa e expliquei para os meus pais. Eles também acharam a coisa toda um tanto injusta, mas nunca foram de ficar indo muito no colégio para justi-ficar as lambanças dos filhos. Cada um era responsável por seus atos. Meu pai, como sempre, falou:
— Vai ficar em casa estudando! Pega a matéria com os colegas. Não pensa que vai ficar só na folga! E não fiquei na folga mesmo. Adiantei três vídeos do meu canal, que ainda era pequenininho e que eu gravava só de noite, quando chegava dos treinos. Mas não falei nada pra ele (até hoje, né?).
Mas e o balanço da guerra?
Dois dias depois voltei ao colégio e fui recebido como herói. O ketchup e a maionese voltaram a ser gratui-tos, mas o reconhecimento durou pouco tempo. Acho que, em uma represália e inesperada virada política, dono da cantina começou a distribuir um ketchup e uma maionese tão ruins, mas tão ruins, que logo o pessoal começou a achar que a culpa de tudo aquilo era minha. Até o Xupeta e o Toshio brigaram comigo — logo eu, que apoiei suas causas!
Bem, não se pode vencer sempre. Afinal, se você quer começar uma revolução, esteja pronto para arder junto com ela!

 

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