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Um guia sobre o Bullying

Brincadeira Sem Graça

Os apelidos, as fofocas e as zoeiras do colégio têm limite, sabia?

Brincadeira Sem Graça

Brincadeira sem graça

Você e sua turma já devem ter rido escondido do corte de cabelo bizarro de um colega do colégio. E há grandes chances de alguém ter feito algum comentário sobre a cor do seu esmalte ou qualquer outro detalhe. Zoar alguém e ser zoada na escola acontece e é normal desde que não cause mágoas. Mas, se essa “brincadeira” tem cara de perseguição, ela perde a graça na hora e ganha outro nome: bullying.

Covardes Disfarçados

Covardes disfarçados de corajosos

O bullying (valentão, em inglês) são as provocações que rolam no colégio, desde apelidos que ofendem, fofocas do mal, isolamentos ou até agressões físicas mesmo. Isso costuma ser feito por aquele pessoal cheio de si, que se acha acima do bem e do mal. “São alunos impulsivos, que sentem prazer em causar sofrimentos às suas vítimas”, diz Sônia Pereira, autora do livro Bullying e Suas Implicações no Ambiente Escolar. O motivo pra essa implicância que deixa a gente tão pra baixo? Só o fato de você ser diferente e não estar em um padrão que esse povo doido considera “aceitável”. “Ser a mais magra ou a gordinha, aquela com algum detalhe mais marcante na aparência… Enfim, algo que a destaque do grupo. Até tirar notas acima da média da turma pode ser motivo”, explicam Mário Felizardo e Jane Pancinha, coordenadores do Programa Diga Não ao Bullying. Ser tímida e não ter coragem de revidar as provocações também podem fazer você virar um alvo de bullying, já que não é seu estilo brigar, revidar ou até mesmo pedir ajuda. Viu só como esses valentões são, no fundo, no fundo, covardes?

Aconteceu com ela!

A Juliana* contou que já passou por uma situação superdesagradável:

“Na minha escola existem algumas pessoas que não respeitam as diferenças. Eu e minhas amigas já sofremos Bullying. A situação ficou fora do controle quando, na saída, um “colega” me empurrou. Foi tão forte que eu caí no meio da rua, de cara no chão e quebrei dois dentes!”

De Menina é Pior!

De menina é pior

Quando os meninos fazem algum tipo de bullying, eles são mais diretos. “Colocam apelido, agridem e excluem a vítima do grupo”, explica Aramis Antonio Lopes Neto, pediatra e coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Adolescentes. Já quando é a garota que resolve “implicar” com outra da turma, a coisa fica pior. “As meninas colocam apelidos e fazem fofoca sobre a vítima, mas não a excluem da turma”, diz o pediatra. Por isso, é tão difícil identificar o bullying entre garotas. “As vítimas sofrem silenciosamente e têm medo de denunciar suas agressoras por conta do que possa acontecer depois”, completa Sônia.

Sem Medo de Falar!

Sem medo de por a boca no mundo

Se seus colegas de escola andam deixando você numa situação chata, tem que deixar a vergonha de lado e pedir ajuda. “Conte a seus pais (vale até mostrar esta matéria) e busque ajuda com um professor com quem se identifique mais”, aconselham Mário e Jane. Só não vale deixar o amor-próprio lá no subsolo e acreditar que merece ser zoada. O bullying pode até prejudicar sua vida adulta se não for encarado pra valer. “Quem fica com a autoestima baixa vai sempre achar que é uma pessoa ruim ou está sendo humilhada, tanto na vida profissional ou afetiva”, diz Aramis. E lembre-se: ser diferente dos outros só faz você ser especial, mais ainda!

A Laís* falou sobre como conseguiu vencer o Bullying:

“Aos 10 anos passei a sofrer bullying. A pessoa (que praticava) era uma menina muito influente. Ela me zoava e fazia com que todos fizessem o mesmo.
Sempre fui muito insegura e, por vergonha, sofri bullying por 2 anos em silêncio: Eu não conversava com ninguém, minhas notas foram caindo…cheguei ao fundo do poço.
Ate que um dia eu resolvi que ninguém iria me impedir de curtir minha vida. Ergui a cabeça e encarei todos de frente.
Segui minha vida, sem ligar para o que pensavam. E essa foi a melhor decisão da minha vida!!”

S.O.S. BULLYING

Algumas atitudes podem fazer você se livrar dessa chateação, que ver só?

Faça alguma atividade de que goste e a deixe super pra cima. “Pode ser algo com música, um esporte, qualquer coisa que a faça acreditar mais em si mesma. Assim, você minimiza o que acha ser defeito”, diz Aramis.

• Vale a pena se distanciar de quem agride você. “Aproxime-se de quem não tem essa postura agressiva. O lado bom é que os agressores são minoria!”, completa o pediatra.

• Se você é testemunha de bullying, ofereça sua ajuda, vá com sua amiga conversar com os professores. Solidariedade é tudo nessa hora.

Converse abertamente no colégio e fale sobre a situação que a faz sofrer. É importante que eles tenham regras claras sobre isso. Afinal de contas, escola não é só um lugar para aprender matemática e cia. Isso porque é lá que você (e quem faz o bullying) aprende a viver em sociedade, ok?

 

Texto e entrevistas: Mariana Scherma e Melissa Ladeia Marques
Foto: ThinkStock / Gett Images
Consultorias: Aramis Lopes Neto, médico pediatra; Sônia Pereira, pedagoga; Mário Felizardo, oficial de proteção da Infância e da Juventude do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul e Jane Pancinha, professora.
* Os nomes foram trocados para preservar a identidade das meninas. 

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