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Bienal da Quebrada: conheça o projeto que busca levar livros para pessoas de todo o país

Você já reparou que a maioria dos eventos literários são feitos em São Paulo ou no Rio de Janeiro? A Bienal do Livro, a Flipop e a Flip, que são os mais conhecidos, ocorrem nesses lugares com frequência, mas o resto do país acaba não podendo participar tão ativamente desses momentos.

Mateus Santana, publicitário, percebeu isso e resolveu fazer algo para mudar. Ele é o idealizador do projeto “Bienal da Quebrada”, e bateu um papo com a todateen para explicar mais sobre essa ideia que busca democratizar a literatura.

Para ele, o livro é um item de necessidade básica, já que a leitura abre uma porta gigantesca de conhecimento, experiência e aprendizado. Foi através da leitura, inclusive, que ele conta que sentiu vontade de fazer faculdade e entender mais sobre questões sociais.

A gente tem uma realidade que vem desde 1964 até os dias de hoje, em que basicamente, 90% dos livros publicados são de homens brancos de classe média, do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Esse é um dado da pesquisa de Estudos Literários da UNB. Então, consequentemente, os eventos literários vão ter essa mesma lógica. A maioria das pessoas que estão na mesa são homens brancos“, contou Mateus.

E o publicitário explicou que, normalmente, quando os eventos ocorrem, são em regiões centrais da cidade, que dificultam o acesso e ainda causam uma sensação de não pertencimento a quem é da periferia.

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Nesse período de pandemia o nosso trabalho de doação continua. Somamos com algumas iniciativas como @gracebrasil2020, @favelavertical e Brigadas Populares, que estão ajudando ao combate do COVID, doando cestas de alimentos, produtos de higiene, informando e auxiliando em diversos territórios. Nós enxergamos os livros também como item de necessidade básica, acreditamos na potência e que é de muita importância pra entreter e divertir as crianças, jovens e adultos nesse momento complicado. Viemos agradecer a todes que ao longo desse quase um ano de existência da Bienal, tem doado pra gente, pois são com essas doações que hoje conseguimos continuar somando. Agradecemos também às iniciativas que estão fazendo um incrível trabalho nas comunidades, exercendo um papel essencial em meio a ausência do estado. Conheçam esses projetos, somem com eles ou com outros em seu território. A gente torce muito pra que esse momento passe com menos dano o possível (o que é bem difícil com o governo que temos) e que consigamos prosseguir com nossos projetos e ações, temos muitos planos.

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Por esse descontentamento, sempre quis criar uma bienal nas periferias e favelas, mas com a nossa linguagem, onde a maioria dos autores também viessem desses territórios. Então, ano passado eu publiquei no Twitter minha ideia e deu muita repercussão. Aí vi que talvez fosse possível. Eu tinha esse intuito mesmo de ser um evento literário, nos moldes das bienais tradicionais, só que com nossa linguagem“, explicou.

Porém, a ideia original, que era fazer um evento tão grande quanto os tradicionais, teve que ser adiada. Para conseguir isso, é necessário muito dinheiro, além de ter que lidar com diversas questões burocráticas que acabaram dificultando o projeto. Mas isso não significa que Mateus desistiu. Ele resolveu alterar a maneira de ajudar, ainda focando nos livros e na literatura.

Tive a ideia de criar um projeto de arrecadação e doação de livros para outras iniciativas e outras pessoas que tivessem o mesmo foco que a gente, que era democratizar o acesso à leitura e à literatura nas periferias e favelas do país. Esse projeto de arrecadação deu muito certo, hoje a gente já conseguiu arrecadar bem mais de 10 mil livros e o projeto fez um ano no mês passado”, contou ele. “Acredito que a gente tenha feito a diferença, porque doamos livros pra caramba. E já ouvi relatos, por exemplo, de crianças que gostavam de ler mas não tinham nenhum livro“.

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O ano ainda nem acabou, ainda estamos trabalhando. Mas já viemos agradecer por tudo que tem acontecido com a gente. São cinco meses de projeto, ainda um bebê e já são mais de 10 mil livros arrecadados, já são mais de 3 mil livros doados e hoje somos 60 voluntários espalhados pelo país (e ainda sim não alcançamos todos os estados ainda). É gigante demais, é incrível demais pensar que levamos às QUEBRADAS do país, TRÊS MIL LIVROS. São milhares de pessoas com livros na mão. Nós agradecemos muito, MUITO todo mundo que doou livro pra gente, vocês são os maiores responsáveis por essa democratização. Agradecemos aos nossos vários parceiros, aos eventos que tivemos a honra de participar. Agradecemos todos os benfeitores que doam dinheiro ao nosso BENFEITORIA. Agradecemos os veículos de mídia que nos deram a oportunidade e que falaram sobre a gente. Agradecemos todo mundo que acredita no projeto e compartilha, curte, mostra pra alguém o que fazemos. São vocês os responsáveis por isso, são vocês. Nós queríamos marcar cada um e cada uma que nos ajudou, mas e o medo de esquecer alguém? Então espero que você que tenha de alguma forma ajudado a gente, esteja lendo isso e saiba que somos gratos. Que em 2020 a gente siga correndo muito e fazendo bem mais do que fizemos nesses cinco meses. Que sejamos convidados pra mais eventos (CHAMA A GENTE), que lembrem da gente nas ações, que os veículos de mídia continuem falando do nosso corre e que mais pessoas possam ser impactadas pela Bienal da Quebrada. E claro, não podemos esquecer do nosso maior sonho: REALIZAR EVENTOS LITERÁRIOS NAS FAVELAS E PERIFERIAS DO PAÍS.

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mas e o evento, ainda vai rolar?

Mateus conta que seu desejo é que a Bienal aconteça de verdade, em um grande evento. E ele já tem planos: “Quando lancei o projeto, vi muita gente comentando que nunca teve um evento literário na cidade. Então, gente queria quebrar essa lógica do eixo Rio-São Paulo e fazer o evento em outros lugares, até porque seria itinerante. Assim, cada edição aconteceria em um lugar, e o primeiro que tínhamos pensado seria no Nordeste.

e como a gente pode ajudar?

Como ainda não existe um local específico que possa ser a sede da Bienal da Quebrada, Mateus e os parceiros contam com 3 frentes de ajuda: doação de livros, ajuda financeira e o trabalho voluntário. E, apesar de algumas dessas áreas estarem paradas por conta da pandemia, quando tudo voltar ao normal, o projeto vai seguir com força total.

Esse ano a gente já estava com 3 bibliotecas para abrir, mas infelizmente por conta da pandemia tivemos que suspender. Mas isso só demonstra que, além de ter um evento literário, queremos democratizar o acesso à literatura toda, através de varias ações. Queremos ser uma ponte“, finaliza ele.

Nas redes sociais, o projeto ganhou grande visibilidade recentemente, depois de até Felipe Neto ajudar na divulgação;

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