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Divas Pop latinas: de JLo e Shakira à Anitta e Selena Gomez – entenda a indústria por trás do ritmo do momento

Divas Pop latinas: de JLo e Shakira à Anitta e Selena Gomez - entenda a indústria por trás do ritmo do momento
Divas Pop latinas: de JLo e Shakira à Anitta e Selena Gomez - entenda a indústria por trás do ritmo do momento

O universo das “divas” na música começou com a admiração por cantoras de ópera, seguidas pela popularização do jazz em 1930 e a consagração de nomes como Ella Fitzgerald e Billie Holiday. Com o passar do tempo, cada ritmo e década ganhava sua diva, Aretha Franklin, por exemplo, balançou 1960 com seu R&B e Stevie Nicks marcou a história por meio de uma pegada rock em 1970.

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Entretanto, foi no final da década de 80 que o termo diva ganhou um impulso extra, por conta dos cenários, clipes e figurinos usados por Madonna, em uma época de grande concorrência dentro do Pop, que também contava com a presença de Tina Turner, Michael Jackson e o nascimento da MTV. Desde então, o estilo musical se tornou um espetáculo à parte e se expandiu por todo o globo, abrindo portas para que outras culturas se mesclassem ao ritmo contagiante, como a latina.

Em 1999, Jennifer Lopez estourou com  “If You Had My Love”, e apesar das raízes do Porto Rico, “Jenny from the Block” se popularizou cantando em inglês, para só depois lançar um álbum em espanhol. Já Shakira, nascida na Colômbia, fez sucesso no mesmo período cantando em sua língua, mas só teve uma carreira de fato internacional nos anos 2000, quando começou a mesclar seu estilo com singles em inglês. Protagonistas do show do intervalo no Super Bowl 2020, as cantoras formam o que muitas pessoas chamam de primeira “explosão latina” na música Pop.

Cabrera é um produtor musical famoso por conectar artistas brasileiros e internacionais. Anitta, Claudia Leitte, Simone & Simaria são algumas das cantoras que já trabalharam com ele. Para o profissional uruguaio, o sucesso das divas latinas requer um trabalho intenso e muito foco. “Elas foram atrás, criaram seus próprios personagens e se diferenciam por serem únicas. Apesar de seguir um gênero que pode ser replicado, a energia e a sensualidade é uma entrega diferente para a arte”, afirma Cabrera.

“Também acho que a essência latina é incontestável, mas vejo que muitos desses produtos passam por uma ‘americanização’ para conseguirem ter maior abertura no mercado internacional e isso acaba tornando-os muito parecidos uns com os outros”, completa Vic Ragazzi, jornalista pós-graduada em Negócios da Música e diretora da Ragazzi Comunicação, agência especializada em assessoria de imprensa para artistas e projetos musicais, que também atua na consultoria de artistas independentes.

Essa americanização também colocou sob os holofotes a norte americana Rebbeca Marie Gomez, mais conhecida como Becky G, cantora com influências do hip hop e raízes mexicanas. Desde o seu sucesso em 2011, muita coisa mudou e outras estrelas que mesclam o inglês e espanhol chegaram com tudo na cultura Pop. Camila Cabello deixou o “Fifth Harmony” para trazer mais de Cuba em suas músicas, assim como a cantora da Colômbia famosa pelo trap e reggaeton, Karol G

Em 2018, “Elite” fez os assinantes de Netflix reforçarem ainda mais o carinho pelas culturas da América Latina e Espanha, com destaque para Danna Paola, atriz e cantora em telenovelas desde a infância. Aproveitando a expansão do alcance de seu sucesso, a artista lançou dois álbuns com muitos versos em inglês e colaborações internacionais.

Uma estratégia bem semelhante foi utilizada por Anitta, que após muitos trabalhos de grande sucesso nacional, lançou feats com Maluma, Cardi B, Snoop Dogg, Tyga, Rita Ora, Iggy Azalea e muito mais. “Enxergo nelas algo que a Shakira, por ter ascendido em outra geração, não teve: a influência das redes sociais. Danna Paola é um furacão não só na música, mas como atriz, ou seja, sua influência transita entre seus trabalhos. Com a Anitta, a mesma coisa, ela não é só cantora, ela tem um background que a auxilia nas estratégias de sua música. Acho que essa nova onda latina é uma onda de geração conectada e multitarefas”, afirma Ragazzi.

“Dá para sentir a falta da originalidade que o mercado tem. Ser diferente, trazer o inesperado, como a Shakira fez na sua época, como Rosália está fazendo atualmente com a música espanhola (Flamenco), a Anitta poderia fazer o mesmo com ritmos brasileiros, ela teria na mão muita matéria prima para isso”, diz o produtor Cabrera, em crítica à certa padronização que a cultura norte-americana pode trazer para o Pop latino.

Entre tantas cantoras nascidas na América Latina mesclando o inglês para expandir o alcance de sua música, o mundo recebe nesta sexta-feira (12) uma diva pop nascida no Texas fazendo exatamente o contrário. Com “Revelación”, Selena Gomez entrega seu primeiro compilado de canções em espanhol, um resgate da cultura de sua família, que é do México.

“Selena cresceu com uma originalidade singular, mas mesmo tendo origens latinas ela não tem a cultura latina nas veias, não cresceu nesse ambiente, ela pensa em inglês, vive uma vida de artista americana e isso dificulta bastante a transmissão dessa ‘verdade’ artística latina. Acredito que quando um artista se perde, ele deve voltar às origens, ir de encontro com o caminho que deu certo anteriormente. Nesse projeto, pode ser que ela tenha tentado homenagear as origens da sua família – e também deve ter considerado que o mercado latino se expandiu muito e seria importante ela estar lá – mas independente desses fatores para ter sucesso no mercado, eu não teria tomado essa decisão para ela, procuraria a fusão do mercado latino com o dela, e não a transformação total”, pontua Cabrera.

Para Yasmin Dunley, responsável pelo portal de conteúdo independente Tá no Jukebox, o fato é que a cultura latina tem se expandido por conta da identificação que cria com as pessoas, portanto, é um mercado em ascensão dentro do âmbito musical. “Acho que hoje em dia as pessoas buscam mais diversidade. Claro, ainda existe um longo caminho pela frente, mas assim como pudemos observar as mulheres tendo um bom espaço principalmente a partir de 2020, também estivemos observando o boom do K-pop, por exemplo, e por que não a música com influência latina, certo? Também acho que existe um movimento mais forte de ter orgulho das pessoas que nos representam, então, consequentemente, os latinos e latinas vão ajudar a impulsionar esse novo mercado!”.

Dunley pontua, entretanto, a importância de uma repaginação do significado por trás de uma diva Pop latina. “As pessoas tem no imaginário a figura da ‘latina caliente’, e isso é muito triste. Com uma música mais praiana ou algo do tipo, acho que vale a pena investir em vídeos que dialoguem com a estética, mas, espero que essa nova geração mude isso. Somos um povo muito diverso e de forma alguma nos resumimos a um imaginário sexista”.

Cabrera também frisa a importância de que os artistas deixem de pensar na “onda latina” e tragam para a música uma produção mais original e verdadeira, fatores que enxerga no trabalho da cantora espanhola Rosalía.

“Sou uruguaio, moro no Brasil há 19 anos, e nesse tempo vejo os artistas brasileiros querendo ganhar seu espaço virando um Latino ou gringo, falando, fazendo música, se vestindo como eles, sendo que o Brasil tem muito para exportar. Imagina eu, uruguaio, colocando chapéu, botas e fivela de sertanejo e cantando ‘Boate Azul’, fica estranho, né? Então o que fiz que deu certo foi colocar minha verdade musical misturada com esse mercado, e funcionou, o Brasil tem muita coisa incrível exportável, só necessitamos artistas com garra, talento, sabendo fazer a fusão de culturas, ritmos e idioma de um jeito que o mundo entenda e consuma”, finaliza o produtor musical.

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