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É normal sentir medo? Fobias sociais que podem aparecer no pós-isolamento e o que fazer para evitá-las

É normal sentir medo? Fobias sociais que podem aparecer no pós isolamento e o que fazer para evitá-las
É normal sentir medo? Fobias sociais que podem aparecer no pós isolamento e o que fazer para evitá-las

Quando você leu a notícia de que o coronavírus havia chego no Brasil e que o país precisaria entrar em quarentena para conter o contágio do vírus, certamente não imaginou que um ano depois as coisas não teriam melhorado. O ano de 2020 foi conturbado em diversos aspectos e se tem uma coisa que desejamos na virada para 2021 é que tudo ficasse para trás. No entanto, os números são mais altos do que nunca e só no último mês foram mais 100 mil casos confirmados.

O sentimento de esperança que veio com a vacina parece ter sido substituído pelo medo mais uma vez. Sem uma perspectiva de quando poderemos, finalmente, sair de casa, pode ser torturante lidar com as ansiedades entre quatro paredes. É normal sentir-se assim, diante ao cenário em que vivemos, mas é importante ficar atento que depois de tanto tempo em isolamento, você pode chegar a desenvolver uma fobia social, que te atrapalhará num futuro pós pandemia.

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Para te ajudar a ficar atento e saber distinguir esses sentimentos e quando você precisa de ajuda para lidar com eles, a todateen conversou com a psicóloga Karin Kenzler, que explicou mais sobre o medo presente neste período, fobias sociais as quais precisamos ficar atentos e deu dicas de como tentar driblar os pensamentos negativos.

é normal sentir medo, mas…

É muito comum a gente se sentir angustiado, triste ou preocupado, até mesmo confuso ou com raiva com essa situação que estamos vivendo, porém é preciso dosar o quanto esses sentimentos afetam a vida“, explica Karin. A especialista afirma que o medo na pandemia pode evoluir para o desenvolvimento de um distúrbio que afetará a vida da pessoa quando o isolamento acabar:

O confinamento gera grande sofrimento para a maioria das pessoas, mas existem pessoas que se sentem muito confortáveis na quarentena e podem se sentir muito incomodadas quando ela terminar.  Se estressar ao sair de casa, ao entrar em contato com outras pessoas e perder o controle do que acontece ao seu redor, pode ser uma reação normal em tempos de pandemia, mas quando isso se torna tão intenso a ponto da pessoa não ansiar uma retomada da vida normal, pode sinalizar algum tipo de distúrbio.”

Karin explica mais sobre os principais deles: transtorno do pânico, síndrome da cabana, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e agorafobia.

Transtorno do pânico: é um tipo de transtorno de ansiedade, caracterizado por crises inesperadas de medo, insegurança e desespero, aparentemente sem qualquer risco real. Essas crises provocam sintomas físicos e psicológicos.

As crises de pânico são acompanhadas de sintomas físicos intensos, como tremores, sudorese, sensação de sufocamento ou falta de ar, dor no peito e medo de perder o controle ou enlouquecer e morrer. A pessoa fica impossibilitada de manter suas atividades normais e tem uma preocupação constante de sofrer um ataque de pânico.

Síndrome da cabananão é considerada uma doença, pois se trata de um fenômeno natural do nosso corpo que não está acostumado a mudanças bruscas na rotina ou no comportamento. Essa síndrome se manifesta quando a pessoa precisa se adaptar a uma nova realidade de forma rápida e, geralmente, sem que ela tenha total controle da situação, obrigando o indivíduo a sair de sua zona de conforto.

Durante a pandemia, é como se o nosso cérebro tivesse se acostumado a uma nova rotina e aprendesse que estar em casa é a única possibilidade de segurança e proteção diante do coronavírus, causando alterações nas emoções e no modo de agir.

Para diferenciar entre uma síndrome da cabana ou uma patologia mesmo, em alguns casos somente com uma avaliação médica ou com um profissional da área, para diagnosticar.

TOC: O transtorno obsessivo compulsivo esta relacionado com a necessidade de controle do nosso ambiente. Neste caso, a preocupação da pessoa é maior com o fim da quarentena e a retomada da vida menos controlável fora de casa; no confinamento sem interação com outras pessoas, com regras e horários definidos e facilidade para limpar cada canto de casa, é fácil manter cada coisa em seu lugar.

A obsessão pela higiene para evitar o contágio será uma das patologias que poderão crescer no curto prazo. O medo de contrair a doença e de querer fazer muitos testes,  como medir constantemente a temperatura, podem vir a ser sintomas deste distúrbio.

Agorafobia: é o medo de ter crises de ansiedade, com sintomas parecidos aos de um ataque de pânico, mas em locais públicos ou em lugares em que o atendimento médico seja dificultado, como em túneis e elevadores. A pandemia pode propiciar o surgimento deste transtorno em pessoas que já apresentam normalmente um perfil ansioso, por ser um período de muitas mudanças causadoras de stress e situações difíceis como a perda do emprego, a incerteza sobre o futuro, o medo do contágio pessoal ou de familiares e da morte.

Os principais sintomas são o medo de sair de casa, esperar na fila, usar transporte público e frequentar espaços públicos, exatamente os que nos rodeiam atualmente.

o que podemos fazer para evitar que isso aconteça?

A ansiedade, a vontade de se afastar de lugares onde há muitas pessoas e a preocupação por ir a algum lugar onde possa haver uma multidão são sintomas dos transtornos ligados à fobia social. Entre seus fatores de risco estão as experiências negativas, como a atual, em que sair às ruas pode nos fazer achar que a massa, inevitavelmente, nos contagiará com a covid-19.

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Seguem algumas atitudes que previnem o excesso de ansiedade:

  •   A rotina é muito importante para organizar a sua mente ao longo do período de isolamento social. Criar horários de trabalho, intervalos, refeições e também ter momentos de lazer e descanso.
  •   Exercícios físicos são uma ótima maneira de combater o estresse, a ansiedade e a depressão. Além disso, também melhoram a autoestima, a qualidade do sono e a concentração.
  •   O excesso de informação que recebemos em tempo real sobre a pandemia é um grande fator causador de ansiedade e angústia. Para se manter bem informado, assistir a dois noticiários diários de fontes confiáveis, bastam.
  •   Limitar e definir horários para entrar nas redes sociais, também evita o excesso de informação e o tempo online que aumentou muito na quarentena, e que também pode ser causador de estresse e ansiedade.
  •   Ao se sentir muito estressado, com medo excessivo e ansioso, procure se desconectar um pouco da realidade. Isso quer dizer mergulhar em novas histórias, capazes de acalmarem a sua mente por alguns instantes.
  •   Ler e assistir a filmes e séries ajuda a relaxar à medida que te transportam para outros mundos e vivências; uma forma de “viajar” em tempos de quarentena.
  •   Atividades como pintar, dançar, tocar, escrever… são formas de expressar o que você pensa e sente e podem te ajudar a eliminar a angústia e o medo. Além disso, você ocupa seu tempo e não fica apenas sentado em frente à televisão ouvindo as notícias.
  •   Exercícios de respiração, com técnicas simples, podem ser adotados no seu dia a dia para ajudar a lidar com a ansiedade.
  •   Se você não sabe como lidar com a ansiedade e sente que precisa de auxílio psicológico para trabalhar todas as suas questões, não hesite em procurar um profissional.

como não confundir o medo com algo mais sério?

Mesmo com os riscos de ter algum desses distúrbios, não se apavore! Não é como se você esteja ou vá estar automaticamente com algum deles só porque está em casa há mais de um ano. A psicóloga explica que é importante distinguir o problema real de uma paranoia.

É importante fazer a diferenciação: entre sofrer em função de uma situação difícil e real, como a quarentena, e uma patologia. Nesses dias de tanta mudança e incerteza sentir medo e ter preocupações, são reações absolutamente normais, sem que isso necessariamente signifique que tenhamos um problema mental.

Para não entrar na paranoia de patologizar tudo, é importante manter viva a rede de contatos com amigos e familiares por telefone e sites de comunicação durante o período em que durarem as recomendações de distanciamento físico, pois falar sobre os medos com os outros ajuda a diminuir o estresse, permite ver como os outros estão lidando com a situação e emoções, além de impedir que se isolem no pensamento e percam a real dimensão das coisas“, aconselha a especialista.

como saber quando pedir ajuda?

É normal preocupar-se durante o período de uma pandemia e a maioria das pessoas conseguem lidar sozinhas com isso. Porém, outras experimentam desequilíbrios mentais e emocionais mais prolongados, difíceis de segurar sem auxílio de outras. “Sofrer silenciosamente não é a melhor alternativa, e não é necessário esperar para que os medos fiquem fora de controle para buscar ajuda. Pelo contrário, em se tratando de saúde mental, o quanto antes tratar as emoções, melhor“, diz Karin.

Durante a quarentena, a terapia online é uma ótima opção. O acolhimento feito pelo terapeuta é o mesmo, como no presencial. Para quem não pode pagar pelas sessões, mas tem questões emocionais para tratar, há inúmeros grupos de psicólogos e psicanalistas oferecendo ajuda emocional para que as pessoas passem por esse período de maneira mais equilibrada“. Em alguns casos a combinação de medicamentos com acompanhamento psicoterápico se faz necessária.

Não hesite em procurar ajuda, caso perceba que a angústia está muito difícil de suportar sozinho. Converse com parentes e amigos, e se precisar busque auxílio profissional com psicólogos, psiquiatras e médicos, que estão disponibilizando seus serviços para ajudar quem está precisando“, finaliza a especialista.

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