“Cada um é cada um! Já pensou se todos fôssemos iguais?”, disse Larissa Padula sobre aceitação das diferenças. Fotógrafa, devoradora de livros e portadora de necessidades especiais, a garota de 22 anos de idade contou sobre sua vida de cadeirante.
O que aconteceu?
Tudo começou porque estava sentada na barriga de sua mãe, Erilda Padula, e o médico insistia em parto normal. 12 horas se passaram desde que a bolsa havia rompido, e a pequena Lari acabou ficando sem oxigênio e com uma paralisia cerebral. Logo em seu primeiro banho foi julgada pela enfermeira. “Isso é manha dela, é a posição que ela estava na sua barriga”, respondeu a mulher para Erilda que tinha notado que a filha estava muito dura e se contorcendo. Depois de três meses, foi confirmado: Larissa tinha paralisia e teria uma vida de cadeirante.
As cirurgias começaram na adolescência, quando a fã de Beth Reekles de A Barraca do Beijo, tinha 12 anos. De uma vez só, Larissa operou os dois quadris, virilhas e joelhos. Após 18 dias voltou para operar novamente o joelho e os pés. Sua recuperação foi bem difícil durando cerca de quatro meses na cama. Ela não podia nem sentar nem levantar a cabeça. Já aos 13, a adolescente operou o braço esquerdo, ficando um mês de gesso e mais outros quatro se recuperando. “Uso muletas em casa e em lugares confortáveis e a cadeira para rua e demais locais”, explica como se locomove.
Bullyng e aceitação
Triste, revoltante? Mas para a garota nã0! “Minha infância não podia ter sido melhor! De verdade!”, exclamou. “Todos me amavam e eram bons amigos, sempre fui rodeada por pessoas muito queridas”, conta a fotógrafa. Óbvio, que como todo mundo, durante a adolescência Larissa precisou lidar com bullying, que foi superado com muita coragem. “Até hoje eu sou assim, não tenho medo de enfrentar quem for, principalmente quando eram preconceituosos comigo”, revela a garota que era chamada por alguns apelidos bem desnecessários.
Até os 15 anos, Larissa tinha vergonha de mostrar nas redes sociais sua vida de cadeirante, fazendo fotos apenas do rosto. Até que um dia tomou coragem e decidiu compartilhar um clique de corpo inteiro. O que ela não esperava aconteceu: muitas curtidas, mensagem e até mesmo crushes! “Sou cadeirante e sou fofinha, me neguei, me rejeitei muito. Mas no momento que percebi que quem me ama não se importa com isso, passei a viver feliz comigo mesma”, contou. E acrescentou: “Eu sou feliz como eu sou, e só encontrei a felicidade depois de me aceitar!”.
Outras dificuldades
Apaixonada por basquete, livros e fotografia, Larissa teve que desistir do curso de jornalismo por conta das dificuldades físicas. Por morar em um internato longe dos pais, ela precisou ser independente muito rápido, mas esse não foi o motivo que a fez parar. Mas, sim, a incompreensão de um professor que exigiu trabalhos fora de seu alcance. “Perdi o interesse, porque a deficiência sou eu”.
Positiva e animada, essa é a forma de Lari encarar as coisas. Com uma simples conversa, já é possível perceber seu jeito doce e feliz de ser. Suas palavras são pura inspiração e nos fazem querer saber mais dessa fórmula que a fez ser tão autoconfiante e alto astral. Para as pessoas que têm uma vida de cadeirante, Lari dá uma dica. “Não abaixem a cabeça para ninguém! Não fiquem caladas! Não é porque usamos cadeiras ou algum tipo de aparelho que somos diferentes ou inferiores”, encoraja. E faz um pedido para todas as garotas. “Aceitem-se e sejam felizes! E se mesmo assim algo te incomoda, corra atrás para melhorar, não tem problema você querer ficar mais linda, contanto que seja de você, para você e não por alguém que te criticou ou algo do tipo”.
Ah e se você se identificou ou quer falar com a Larissa é só segui-la nas redes, @_laripadula !